Sobre o poder em Foucault e o controle em Skinner

Autores/as

  • Celso Pereira de Sá

Resumen

O artigo explora a possibilidade de que, apesar de seu manifesto distanciamento conceitual, teórico e metodológico, as idéias básicas de Foucault e de Skinner venham a se interpenetrar, e mesmo convergir, pelo menos em alguns aspectos. Evidencia-se, em primeiro lugar, que ambos os autores empenham-se em invalidar epistemologicamente a constituição de uma psicologia humana autônoma; e, em seguida, que seus respectivos posicionamentos quanto a essa questão podem ser interpretados como englobáveis um pelo outro, alternativamente. Uma diferença enfatizada nessa discussão comparativa envolve o conceito skinneriano de controle e o conceito foucaultianode poder: o primeiro é desenvolvido segundo uma perspectiva naturalista unitária e genérica; o segundo a partir de uma perspectiva histórica pluralista e fragmentária. Não obstante conclui-se pela existência de diversas afinidades específicas entre as obras de Foucault e de Skinner; a noção de que os saberes ou comportamentos verbais não são autônomos, e sim encontram-se determinados por relações de poder ou operações de controle; a rejeição do método hipotético-dedutivo, em proveito da pesquisa científica indutiva; a subordinação das dimensões institucionais política e econômica da vida humana a formulações mais básicas e relacionais (isto é, não-substantivas) de poder ou controle.

Publicado

1983-04-02

Número

Sección

Epistemologia Pesquisa e Diagnóstico em Psicologia