A crise de identidade da Psicologia Social

Autores

  • Aroldo Rodrigues

Resumo

O presente artigo focaliza a crise de identidade que vem dominando a psicologia social nos últimos 10 anos, e tem corno finalidade apresentar as origens e o porquê desta crise, caracterizando-a nos seus matizes atuais e esboçando possíveis soluções para a mesma. Depois de breve referência a aspectos metodológicos e epistemológicos, evidencia-se a crise de identidade da psicologia social, ora considerada como tecnologia social, ora corno urna atividade centrada em problemas sociais concretos, ora como filosofia social impregnada de ideologia e ora corno ciência básica. São analisadas as conseqüências desta crise, e a posição do autor é a de que a psicologia social deve identificar-se como uma ciência básica do estudo do comportamento interpessoal tal como influenciado pela percepção do outro e dos demais fatores situacionais motivadores deste comportamento. O artigo termina salientando a necessidade de uma solução urgente para a crise de identidade da psicologia social. Desde que se iniciou o movimento de exigência de relevância social para a atividade do psicólogo especialista em psicologia social, esta disciplina se encontra em crise. A tranqüilidade e a clara identidade da psicologia social como ciência fundamentalmente básica - prevalente nas décadas de 40, 50 e em grande parte da década de 60 - cederam lugar ao torvelinho de questionamentos dos últimos 10 anos fazendo com que a disciplina mergulhasse em uma crise bastante profunda e que se configura, cada vez mais nitidamente, como uma crise de identidade. Há, entretanto, os que consideram a psicologia social uma ciência básica, e aqueles que a vêem como uma ciência aplicada; outros ainda como uma tecnologia, alguns como uma ideologia e poucos como uma filosofia social, além dos que a consideram uma combinação de duas ou de três das características citadas. Neste trabalho dar-se-á enfoque apenas à crise de identidade da psicologia social. Convém salientar, todavia, que esta disciplina atravessa outros tipos de crise, tais como a crise de sua cientificidade, a crise de paradigma (14, 4, 8, 12, 13) e a crise da adequação do método experimental (9,5,6). Estas crises, porém, apresentam muitos aspectos positivos, uma vez que obrigam os psicólogos sociais a se questionarem e, da busca de solução aos problemas levantados, derivam muitos benefícios para a psicologia social. A crise de identidade suscitada pela exigência de relevância e clara pregação de engajamento político, todavia, tem mais aspectos negativos que positivos, porque gera um estado caótico na disciplina e não um salutar debate sobre aspectos específicos de um setor identificado do saber.

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Publicado

1978-03-12

Edição

Seção

Artigos Originais