Dinâmicas de aculturação e acesso ao emprego em uma ONG brasileira voltada para a integração social de refugiados haitianos
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Resumo
Desde o terremoto de 2010, mais de cem mil haitianos migraram para o Brasil. A questão do acesso ao emprego e da integração cultural de refugiados recebeu intensa atenção da sociedade civil entre os anos de 2016 e 2018, período de crise econômica e taxas de desemprego de dois dígitos no Brasil. Este artigo tem como objetivo entender como os processos de acesso ao emprego e integração social foram combinados nas atividades de uma ONG que trabalha com refugiados haitianos. Investiga também como essas atividades foram ajustadas diante de mudanças nas condições econômicas no país anfitrião. Adotamos a abordagem teórica de Berry (Berry, 1997) e exploramos em profundidade as atividades organizadas pela ONG: seminários interculturais, rodas de conversa, cursos de português, seminários para empregadores, entrevistas de emprego mediadas e visitas às empresas empregadoras. Realizamos entrevistas em profundidade com administradores, observação não participante das atividades e análise documental. Os dados foram tratados por meio da análise de conteúdo (Bardin, 2008), permitindo capturar como as atividades foram implementadas, seus objetivos e os valores organizacionais que as sustentavam. Este estudo expande a literatura sobre integração de refugiados, apresentando os processos de acesso ao emprego e aculturação como fenômenos inseparáveis, que se precedem ou se seguem de acordo com a condição socioeconômica do país anfitrião e o perfil da onda migratória. Ao adotar a perspectiva dos administradores da ONG, também oferece uma contribuição prática para legisladores e empreendedores sociais que desejam estruturar programas regulares, coesos e coerentes para refugiados.
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