Autismo nas organizações: percepções e ações para inclusão do ponto de vista de gestores
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Resumo
Nosso artigo tem como objetivo identificar quais são as percepções e ações para inclusão, do ponto de vista de gestores, de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas organizações que empregam esses profissionais no Brasil. O número de pessoas diagnosticadas com autismo nos Estados Unidos tem aumentado, conforme dados do Centers com base na transposição dos dados, o Brasil teria um número próximo a 4,48 milhões de autistas (Paiva, 2021) em 2021. A maioria das organizações brasileiras não oferece condições mínimas para a inclusão desses profissionais (Leopoldino, 2018), e o tema ainda é escasso na literatura acadêmica internacional e nacional, especialmente de forma empírica. Para este estudo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com seis executivos de empresas nacionais e estrangeiras que contratam profissionais com TEA. Por meio da análise temática, foram identificadas as percepções dos gestores sobre esses profissionais e as ações de inclusão adotadas por eles. Os resultados indicam que as percepções dos gestores têm como base estereótipos, mas que estes acabam se alterando à medida que convivem com profissionais com TEA. Com relação às ações para inclusão, foram identificados a importância da cultura de inclusão, o acompanhamento do profissional com TEA pelos intermediadores em todas as etapas da carreira e a atenção dos envolvidos com a saúde deles. Os resultados fornecem achados úteis para organizações que promovem a diversidade, além de mostrar que as ações para a inclusão de pessoas com TEA ainda se mostram incipientes em nosso país.
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