Paraisópolis pede passagem - O que podemos aprender sobre gestão com a experiência da comunidade no combate à Covid-19

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Adriana Wilner
Aline Lilian dos Santos
Mario Aquino Alves

Resumo

Mais de 13 milhões de favelados esquecidos”. “Omissão vai empilhar muito caixão”. “Governo lento mata o povo”. “O Brasil é nosso”. As frases estão em cartazes espalhados pelo pavilhão da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, que virou o centro das ações de combate à Covid-19 nessa comunidade que, ao lado de Heliópolis, é uma das duas maiores da cidade de São Paulo.

Desse pavilhão, partiram 12 iniciativas contra a pandemia que ganharam espaço na mídia brasileira e internacional, com destaque para a organização voluntária de 652 presidentes de rua, os quais foram designados para monitorar 50 casas cada um. Segundo o Instituto Pólis, a taxa de mortalidade local era de 21,7 por 100 mil habitantes em Paraisópolis até o dia 18 de maio, contra 56,2 na média da cidade de São Paulo e superior a 100 em distritos vulneráveis como Pari e Brás.

Quem está à frente das ações é Gilson Rodrigues, 36 anos, líder comunitário e presidente da união de moradores. Gilson nasceu em Itambé, assim como boa parte dos habitantes da comunidade − 53% da população local veio da mesma região sudoeste da Bahia. Sua mãe, surda-muda, por falta de condições, teve de dar seus 14 filhos, mas a avó materna conseguiu ter Gilson de volta. Aos 5 anos, vivia de casa em casa de parentes, já em Paraisópolis. Depois de trabalhar na feira como carregador e vendedor de temperos, Gilson precisou voltar à Bahia e, ao ganhar um porquinho, não teve dúvidas: engordou e vendeu o bicho para comprar uma passagem de volta a São Paulo. Seu trabalho de liderança começou na montagem do grêmio escolar e, aos 23 anos, passou a presidir a associação de moradores.

Nesta entrevista exclusiva à GV-executivo, Gilson explica que as iniciativas contra a Covid-19 foram baseadas na ideia de que, na falta de ações governamentais, as comunidades devem ser protagonistas para mudar sua própria realidade. E, ao buscar ajuda de empresas e pessoas, precisam se posicionar não como pedintes, mas como estruturas organizadas, potentes e capazes de entregar bons resultados.

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Entrevista