“Eu mesma. Ainda posso falar”: Vozes femininas e cultura política na literatura de Maria Firmina dos Reis

Autores

  • Benigna Ingred Aurelia Bezerril UFRN

DOI:

https://doi.org/10.12660/rm.v13n20.2021.83512

Palavras-chave:

Literatura; Cultura Política; Mulheres

Resumo

O presente artigo propõe discutir a produção literária de Maria Firmina dos Reis enquanto espaço de cultura política feminina. Para isso, serão analisados o romance Úrsula (1859) e o conto A Escrava (1887), especificamente os discursos de três personagens femininas: a senhora abolicionista e a escravizada Joana de A Escrava; e a preta Susana, personagem de Úrsula. A partir da análise de tais personagens e de suas narrativas, é possível perceber um protagonismo de vozes subalternas nas obras de Firmina dos Reis, considerando o contexto no qual ela escreveu: o século XIX. Abolicionismo, denúncias ao sistema escravista e o lugar da mulher são temas que entram em pauta no discurso das personagens femininas da escritora.

Biografia do Autor

Benigna Ingred Aurelia Bezerril, UFRN

Mestranda em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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Publicado

18.07.2021