Considerações preliminares sobre as cudinas, travestilidades indígenas mbayá-guaicuru

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12660/rm.v14n23.2022.84375

Palavras-chave:

História Indígena, Travestilidades, Gênero e sexualidade, Memória, Mbayá-guaicuru

Resumo

Essa Nota de Pesquisa foi elaborada enquanto uma análise, não exaustiva, sobre discursos de não-indígenas acerca de travestilidades indígenas entre o povo mbayá-guaicuru e seu subgrupo kadiwéu. As fontes usadas, datadas entre os últimos anos do século XVIII e o decorrer do século XIX, foram lidas criticamente à luz do contexto histórico e social do Brasil na época, no qual um projeto político de construção de um ideal de nação tomou forma. Nessas arguições, buscou-se compreender as influências de tais circunstâncias nos discursos analisados. Foram ainda elencadas fontes do século XX, sendo contrapostas as de séculos anteriores, buscando assim aprofundar o entendimento exposto sobre discursos perpetuados por escritos de não-indígenas acerca dessas travestilidades indígenas estudadas, as cudinas.

Biografia do Autor

Dandriel Henrique Borges, Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em História Política da UERJ, onde foi representante estudantil, integrando a Comissão Acadêmica e o Colegiado Pleno do Programa. Graduado em História, Licenciado e Bacharel, Cum Laude, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2020), onde também foi Monitor de História da América. Integra o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Proprietas, projeto internacional História Social das Propriedades e Direitos de Acesso (Disponível em: www.proprietas.com.br), na qualidade de Pesquisador Júnior. Áreas de interesse incluem: História Indígena; História do Brasil no séc. XIX; Fronteira Oeste; História das Transgeneridades; Gênero e Sexualidade; História e Memória; História Pública.

Referências

ALMEIDA, Maria Regina. Os índios na História do Brasil no século XIX: da invisibilidade ao protagonismo. Revista História Hoje, v. 1, n. 2, p. 21-39, 2012. Disponível em: https://rhhj.anpuh.org/RHHJ/article/view/39. Acesso em: 15 jul. 2021.

ALMEIDA SERRA, Ricardo Franco de. Continuação do parecer sobre o aldeamento dos índios Uaicurús e Guanás. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, v. 13, p. 348-395, 1850.

BARTH, Fredrik. Grupos étnicos e suas fronteiras. In: POUTIGNAR, Philippe; STREIFF-FENART, Jocelyne. Teorias da etnicidade: seguido de grupos étnicos e suas fronteiras de Frederick Barth. São Paulo: Editora Unesp, 2011, p. 185-227.

BOGGIANI, Guido. Os Caduveos. Belo Horizonte: Editora Itatiaia/EdUSP, 1975.

BORGES, Dandriel. Americanidades silenciadas: usos e abusos da categoria “travestilidades” para a compreensão das cudinas do povo indígena mbayá-guaicuru. In: DANTAS, Alexis; LEMOS, Maria Teresa. (Orgs.). América Latina: espaços pluriculturais: cultura, etnicidade, confronto. Rio de Janeiro: Estudos Americanos, 2021a, p. 13-34.

BORGES, Dandriel. Há sangue na terra onde o Sol se põe: Narrativas sobre Two-Spirits. In: ENCONTRO DE ESTUDOS DOS ESTADOS UNIDOS, 6, 2020, Niterói. Anais [...]. Niterói: UFF, 2020. p. 18-38. Disponível em: http://historiadoseua.uff.br/wp-content/uploads/sites/113/2020/03/Anais-VI-Eneua.pdf. Acesso em: 20 nov. 2021.

BORGES, Dandriel. Indígena trans? Da América do Norte à América do Sul, um trajeto inicial de pesquisa. In: MORGADO, Morgan. (Org.). A primavera não-binárie: O protagonismo trans não-binárie no fazer científico (Edição Impressa). Florianópolis: Rocha Gráfica e Editora (Selo Nyota), 2021b, p. 91-102. Disponível em: https://www.nyota.com.br/livros. Acesso em: 20 nov. 2021.

BORGES, Dandriel; SEIXLACK, Alessandra; ACRUCHE, Hevelly. Two-spirits vs. “homem branco”: corpos e identidades em disputa. In: LAGE, Giselle; OSTROWER, Isabel. (Org.). Cultura, poder e vivências pedagógicas: II Jornada de humanidades em debate. Divinópolis: Meus Ritmos Editora, 2020, p. 36-54. Disponível em: https://www.academia.edu/43917291/Two_spirits_vs_homem_branco_corpos_e_identidades_em_disputa_Two_spirits_vs_white_man_bodies_and_identities_in_dispute. Acesso em: 20 nov. 2021.

BUTLER, Judith. Os atos performativos e a constituição do gênero, um ensaio sobre fenomenologia e teoria feminista. Caderno de leituras, n. 78, p. 2-16, 2018. Disponível em: https://chaodafeira.com/wp-content/uploads/2018/06/caderno_de_leituras_n.78-final.pdf. Acesso em: 15 jul. 2021.

COLINI, Giuseppe. Anexos. In: BOGGIANI, Guido. Os Caduveos. Belo Horizonte: Editora Itatiaia/EdUSP, 1975.

GUIMARÃES, Manoel. Nação e Civilização nos Trópicos: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história nacional. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 1, p. 5-27, 1988. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1935. Acesso em: 15 jul. 2021.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2003.

KODAMA, Kaori. A etnografia como um novo campo de saber na fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, v.168, n.437, p. 155-181, 2007. Disponível em: https://ihgb.org.br/revista-eletronica/artigos-437/item/108091-a-etnografia-como-um-novo-campo-de-saber-na-fundacao-do-instituto-historico-e-geografico-brasileiro.html. Acesso em: 15 jul. 2021.

KODAMA, Kaori. Os estudos etnográficos no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1840-1860): história, viagens e questão indígena. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 5, n. 2, p. 253-272, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bgoeldi/a/RyxnVMZSmVWZnq466Y4D7xJ/?lang=pt. Acesso em: 15 jul. 2021.

LE GOFF, Jacques. História e memória. São Paulo: Editora Unicamp, 2013.

MARTIUS, Carl Friedrich Philipp von. O estado de direito entre os autochtones do Brazil. Revista do Instituto Histórico e Geographico de São Paulo, v. 11, p. 20-82, 1906.

PARAISO, Maria. Construindo o Estado da exclusão: os índios brasileiros e a Constituição de 1824. Revista CLIO, Recife, v. 28, n. 2, p. 1-17, 2010. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaclio/article/view/24259. Acesso em: 15 jul. 2021.

PERES, Wiliam. Subjetividade das travestis brasileiras: da vulnerabilidade da estigmatização à construção da cidadania. 2005. 202f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva). Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: https://www.bdtd.uerj.br:8443/handle/1/4713. Acesso em: 15 jul. 2021.

POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2278/1417. Acesso em: 15 jul. 2021.

PRADO, Francisco. Índios cavaleiros ou da nação guaycuru. Revista do Instituto Histórico e Geographico do Brazil, Rio de Janeiro, v. 1, p. 25-57, 1839.

RIBEIRO, Darcy. Kadiwéu: ensaios etnológicos sobre o saber, o azar e a beleza. São Paulo: Global, 2019.

RIBEIRO, Darcy. Confissões. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

RIBEIRO, Darcy. Darcy Ribeiro e as mulheres. [Entrevista concedida a] Maria Teresa Jaguaribe. O Pasquim, Rio de Janeiro, n. 866, 1986a.

RIBEIRO, Darcy (Ed.) Suma etnológica brasileira, volume 3: Arte índia. Petrópolis: Vozes, 1986b.

RIBEIRO, Darcy. Repressão: essa ninguém transa. Lampião da Esquina, Rio de Janeiro, n. 8, jul./ago., 1979.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. São Paulo: Editora Unicamp, 2007.

SCHWARCZ, Lilia. As Barbas do Imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

TAUNAY, Alfred. Entre os nossos indios : Chanés, Terenas, Kinikinaus, Guanás, Laianas, Guatós, Guaycurús, Caingangs. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1931.

Downloads

Publicado

03.05.2023