Pele branca, máscaras negras

o uso da blackface na encenação “Macumba do Morro” em 1931

Autores

  • Lucas Garcia UNESC
  • Gladir Cabral UNESC/Professor

DOI:

https://doi.org/10.12660/rm.v14n22.2022.85978

Palavras-chave:

Racismo Recreativo, Blackface, Branquitude

Resumo

O presente texto reflete sobre o racismo recreativo, tendo em vista a prática da blackface, a partir de um modelo analítico-interpretativo de três textos jornalísticos, presentes na Hemeroteca Digital Brasileira, que noticiaram um quadro teatral intitulado de “Macumba do Morro” no ano de 1931, na cidade do Rio de Janeiro.  Utilizamos, para sustentar nossas considerações e análise, a obra de Adilson Moreira Racismo Recreativo, de modo a questionar algumas consequências do projeto colonial, em especial como a dinâmica da branquitude, impôs a manutenção de privilégios e a restrição de acessos, gerando exclusão, ausências e desigualdades, sem deixar de apontar as manifestações culturais como prática de resistência ao projeto colonial. 

Biografia do Autor

Lucas Garcia, UNESC

Graduando em Letras (Licenciatura - Habilitação em Língua Portuguesa) na Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC); Bacharel em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Cultura e Territorialidades pela mesma instituição. Possui experiência em produção cultural e educação. Investiga a disposição do deslocamento como forma de experiência entre os corpos, literatura oral, leitura e leitura de mundo. Foi parecerista da Secretaria de Cultura do Município do Rio de Janeiro no Edital Rio 450 anos, primeiro Prêmio, brasileiro, com a temática de Territórios Criativos.

Gladir Cabral, UNESC/Professor

Possui graduação em Letras pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (1991), mestrado em Letras (Inglês e Literatura Correspondente) pela Universidade Federal de Santa Catarina (1996) e doutorado em Letras (Inglês e Literatura Correspondente) pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000). Atualmente é professor da Universidade do Extremo Sul Catarinense, no curso de Letras e no Programa de Pós-Graduação em Educação. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Inglesa e Norte-Americana, mas atua também na área de Teoria Literária e no Mestrado em Educação. Desenvolve pesquisa principalmente nos seguintes temas: educação e identidade cultural, literatura, linguagem e escrita de si. Já foi presidente do Conselho Editorial da Unesc (2000-2010). Está ligado ao Imaginative Education Research Group (IERG), com sede em Vancouver, no Canadá, e ligações com pesquisadores de vários países. Participa também do Littera: Correlações entre Cultura, Processamento e Ensino: a Linguagem em Foco, grupo de pesquisa inscrito no Diretório de Grupos do CNPq. Parecerista da revista International Journal of Education Through Art, uma revista interdisciplinar publicada em Bristol (UK) focada na intersecção entre educação e arte. É membro do Comitê Gestor do Pacto Nacional Universitário pela Promoção do Respeito à Diversidade, da Cultura da Paz e dos Direitos Humanos, da Unesc.

Referências

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Outras referências

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Publicado

03.10.2022 — Atualizado em 03.10.2022

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