Vivendo com a guerra: uma entrevista com o Sr. A. Fortuna

Autores

  • Ângela Campos School of Humanities University of Sussex

Palavras-chave:

Memória de guerra, História oral, Guerra Colonial Portuguesa

Resumo

Nos últimos anos, a área da teoria da memória de guerra tem-se desenvolvido enormemente, e a história oral tem sido uma das suas ferramentas mais poderosas para aceder a memórias pessoais e colectivas. Esta metodologia tem-se revelado fundamental na recuperação e/ou recolha de experiências de guerra, violência e trauma. Para alguns indivíduos, a guerra encontra-se sempre presente, é uma memória constante, indelével, visível nos seus corpos: quando um ex-combatente se encontra deficientado para toda a vida, tem de viver permanentemente com a guerra, e a sua experiência passada acaba necessariamente por determinar o seu percurso de vida futuro. Este artigo baseia-se no testemunho do Sr. A. Fortuna, um exemplo vivido desta realidade, um dos cerca de 30.000 ex-combatentes (Ribeiro, 1999) da Guerra Colonial Portuguesa (1961-1974) portadores de deficiência, entrevistado para um projecto de investigação de doutoramento sobre as memórias de veteranos deste conflito. Em 1971, o Sr. A. Fortuna, actualmente com 59 anos de idade, perdeu a visão e ambos os braços na Guiné-Bissau, algo que significou posteriormente uma vida inteiramente moldada pela guerra e pela sua deficiência. Tomando como ponto de partida a entrevista com o Sr. A. Fortuna, este artigo reflecte acerca de alguns dos desafios que um historiador oral tem de enfrentar quando entrevista veteranos de guerra deficientados. Pretende apresentar um exemplo de como a história oral pode ajudar a esclarecer um tópico menos visível da história portuguesa contemporânea.

Biografia do Autor

Ângela Campos, School of Humanities University of Sussex

Ângela Campos é DPhil Research Student na School of Humanities University of Sussex

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Publicado

2009-09-11

Edição

Seção

Artigos