Profissão: Latin Americanist: Richard Morse e a historiografia norte-americana da América Latina.

Autores

  • Maurício Tenório

Resumo

Nos anos 60, a historiografia norte-americana e as ciências sociais atravessaram uma crise intelectual. Se hoje ainda esperamos pela emergência de uma concepção unificada, ainda assim podemos observar certas tendências que rompem com as abordagens vigentes naquela década. Esse artigo trabalha com uma tendência que vem se destacando dentre as abordagens teóricas norte-americanas no tocante à América Latina, e que se concentra nos trabalhos do especialista norte-americano Richard Morse. Ainda que Morse não represente, de forma alguma, o típico latino-americanista, seu trabalho ilustra bem as principais mudanças na historiografia e ciências sociais americanas ocorridas nos últimos vinte anos. Nos anos 60, os estudos norte-americanos sobre a América Latina eram muito influenciados pela tradição empirista na historiografia e pela abordagem a-histórica que então caracterizava as ciências sociais. Essas duas tendências estavam muito enraizadas na concepção estrutural-funcionalista em voga de fins dos anos 50 ao início dos 60. A crise intelectual e política do final da década de 60 provocou, entre outras coisas, a reavaliação da assim chamada ¿tradição liberal¿ de pensamento, trazendo à tona uma nova concepção de tendência mais complexa e aberta às influências teóricas pós-positivistas. Morse, por exemplo, passou de uma análise calcada na teoria da modernização ¿ que por sua vez se baseava na interpretação de Parsons sobre Weber ¿ para uma abordagem que enfocava a tradição política e cultural latino-americana na sua peculiaridade. Este artigo faz uma crítica ao trabalho de Morse mas também reconhece a validade de suas contribuições para a compreensão da América Latina.

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Publicado

1989-06-01

Edição

Seção

Pontos de vista