Mulheres e criação pornô-erótica: efeitos da autoria feminina na imprensa de gênero alegre da Belle Époque imoral carioca.

Autores

Palavras-chave:

Pornô-erotismo, Gênero, Modernidade, Imprensa, Rio de Janeiro.

Resumo

A criação pornô-erótica do Rio de Janeiro no início do século XX é o tema deste estudo, especificamente, o aparecimento da “cortesã-cronista” na Sans Dessous e da “prostituta-educadora” no Rio Nu — periódicos pornô-eróticos repletos de marcadores de gênero masculinos. Indaga-se sobre as continuidades e transformações instauradas por essas “potências pornô-eróticas” e os significados da autoria feminina sobre leitoras e leitores, numa ordem discursiva masculina. Tais acontecimentos potencializaram deslocamentos e continuidades nas performances de gênero, tendo impacto no social-histórico aqui destacado. Buscamos acompanhar a criação de uma “sensibilidade erótica moderna” e verificar sua presença e efeitos na constituição da modernidade carioca.

Biografia do Autor

Marina Vieira de Carvalho, Universidade Federal do Acre

É doutora em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com período sanduíche em Université Paris Diderot, fomentado pela CAPES. Possui mestrado em História pelo PPGH / UERJ, fomentado pela CAPES; Pós-Graduação Lato Sensu em História do Brasil pela Universidade Federal Fluminense; Licenciatura e Bacharelado em História pela Universidade Gama Filho. É professora do departamento de História da Universidade Federal do Acre; coordenadora do GT História e Gênero da ANPUH/RJ e coordenadora da linha de pesquisa Vulnerabilidades, do Laboratório de Estudos das Diferenças e Desigualdades Sociais (LEDDES / UERJ). Atualmente desenvolve pesquisas sobre relações entre sexualidade, gênero, classe e raça.

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Publicado

2020-05-01