Ética da alteridade como fundamento extramoral para a política em tempos de ódio

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Palavras-chave:

Ética da alteridade, política, hegemonia, Lévinas, tolerância

Resumo

O presente artigo trata da relação entre ética e política. Para isso, aborda a ética na perspectiva da alteridade e a política na perspectiva da busca por hegemonia. Tem por objetivo demonstrar a importância da ética como pressuposto necessário do debate político. Nesse sentido, adota duas premissas fundamentais: (i) nem tudo é política. As concepções que totalizam as relações políticas também reduzem as relações humanas. Abandonar as pessoas exclusivamente ao domínio do político implica uma tirania da política; (ii) a ética que será invocada não diz respeito ao debate acerca dos valores e princípios que deveriam orientar a ação política, nem a concepções de bem ou de mal presentes em doutrinas abrangentes. Trata-se da ética no sentido mais profundo da busca da humanidade, que decorre do encontro com o outro e da responsabilidade que daí resulta, de acordo com uma perspectiva levinasiana. Se a política implica busca por hegemonia, é necessário reconhecer que ela também é lugar de pluralidade. Para que a busca por hegemonia não sufoque a pluralidade nem negue as diferenças, argumenta-se no sentido de se estender a responsabilidade, própria da ética da alteridade, para a política, produzindo, assim, uma política eticamente fundamentada, porém em um sentido extramoral, isto é, sem definir concepções de bem ou eleger valores e princípios.

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Biografia do Autor

José Ricardo Cunha, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Direito, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor Titular da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

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Publicado

2023-03-15

Edição

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Artigos