Mulheres e carreiras gerenciais: a construção da identidade de líder em um ambiente corporativo masculino

Conteúdo do artigo principal

Patrícia Maria Figueredo
https://orcid.org/0000-0002-9566-1818
Flávia Cavazotte
https://orcid.org/0000-0002-5450-3573

Resumo

Este artigo analisa ações de reinvindicação (claiming) de liderança exitosas, assim como fatores que viabilizaram a construção social da identidade de líder nas trajetórias de mulheres inseridas em uma empresa de tecnologia, segmento tradicionalmente masculino. Essas questões são investigadas por meio de um estudo de caso qualitativo de perspectiva longitudinal com corte transversal baseado em entrevistas conduzidas com profissionais mulheres que atuaram na organização considerada – ambiente permeado por importantes aspectos relacionais de gênero – realizadas em duas etapas (em 2006 e 2021). A análise revela que as ações de reinvindicação de liderança bem-sucedidas entre essas mulheres derivaram de sua postura predominantemente agêntica, porém dotada de uma orientação colaborativa e coletiva, um atributo de comunalidade. Foram fatores favoráveis para a concessão da liderança (granting) a elas as competências, o estilo de gestão híbrido e o comportamento adaptativo ao ambiente que demonstraram, bem como o suporte/patrocínio obtido de lideranças da empresa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Detalhes do artigo

Como Citar
Figueredo, P. M., & Cavazotte, F. (2023). Mulheres e carreiras gerenciais: a construção da identidade de líder em um ambiente corporativo masculino. Cadernos EBAPE.BR, 21(4), e2022–0152. https://doi.org/10.1590/1679-395120220152
Seção
Artigos

Referências

Akinola, M., Martin, A. E., & Phillips, K. (2018). To delegate or not to delegate: gender differences in affective associations and behavioral responses to delegation. Academy of Management Journal, 61(4), 1467-1491. Recuperado de https://doi.org/10.5465/amj.2016.0662

Alvesson, M., & Deetz, S. (2001). Teoria crítica e abordagem pós-modernista para estudos organizacionais. In R. S. Clegg, C. Hardy, & W. Nord (Orgs.), Handbook de estudos organizacionais: reflexões e novas direções (v. 1, pp. 132-145). São Paulo, SP: Atlas.

Badura, K., Grijalva, E., Newman, D. A., Yan, T., & Jeon, G. (2018). Gender and leadership emergence: a meta-analysis and explanatory model. Personnel Psychology. 71(3), 335-367. Recuperado de https://doi.org/10.1111/peps.12266

Barreto, M. M. S. (2006). Violência, saúde e trabalho: uma jornada de humilhações. São Paulo, SP: EDUC.

Bear, J. B., Cushenbery, L., London, M., & Sherman, G. D. (2017). Performance feedback, power retention, and the gender gap in leadership. The Leadership Quarterly, 28(6), 721-740. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2017.02.003

Beauvoir, S. (1980). O segundo sexo. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira.

Bourdieu, P. (2020). A dominação masculina. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil.

Bowles, H. R., Thomason, B., & Bear, J. B. (2019). Reconceptualizing what and how women negotiate for carrer advancement. Academy of Management Journal, 62(6), 1645-1671. Recuperado de https://doi.org/10.5465/amj.2017.1497

Brescoll, V. L. (2016). Leading with their hearts? How gender stereotypes of emotion lead to biased evaluations of female leaders. The Leadership Quarterly, 27(3), 415-428. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2016.02.005

Bruschini, M. C. A., & Puppin, A. B. (2004). Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do século XX. Cadernos de Pesquisa, 34(121), 105-138. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0100-15742004000100006

Calás, M. B., & Smircich, L. (2007). Do ponto de vista da mulher: abordagens feministas em estudos organizacionais. In S. R. Clegg, C. Hardy, & W. Nord. (Orgs.), Handbook de estudos organizacionais (Vol. 1, Cap. 10, pp. 273-331). São Paulo, SP: Atlas.

Collins, J., & Singh, V. (2006). Exploring gendered leadership: meanings of successful leadership held by chief executives. In D. MacTavish, & K. Miller (Eds.), Women in leadership and management: a European perspective (pp. 11-31). Cheltenham, UK: Edward Elgar.

Cavazotte, F., & Oliveira, L. B. (2018). Na corda bamba: paradoxos da liderança feminina no mundo corporativo. In A. Carvalho Neto, & F. Versiani (Orgs.), Mulheres profissionais: quem é o sexo frágil? Belo Horizonte, MG: Editora PUC-Minas.

DeRue, D. S., & Ashford, S. J. (2010). Who will lead and who will follow? A social process of leadership identity construction in organizations. The Academy of Management Review, 35(4), 627-647. Recuperado de https://doi.org/10.5465/amr.35.4.zok627

Eagly, A. H. (1987). Sex differences in social behavior: a social-role interpretation. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum.

Eagly, A. H., & Carli, L. L. (2007). Through the labyrinth: the truth about how women become leaders. Boston, MA: Harvard Business School Publishing Corporation.

Eagly, A. H., & Heilman, M. E. (2016). Gender and leadership: introduction to the special issue. The Leadership Quarterly, 27(3), 349-353. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2016.04.002

Eagly, A. H., & Karau, S. J. (2002). Role congruity theory of prejudice toward female leaders. Psychological Review, 109(3), 573-598. Recuperado de https://doi.org/10.1037/0033-295X.109.3.573

Eagly, A. H., Wood, W., & Diekman, A. B. (2000). Social role theory of sex differences and similarities: a current appraisal. In T. Eckes, & H. M. Trautner (Eds.), The developmental social psychology of gender (pp. 123-174). Mahwah, NJ: Erlbaum.

Frear, K., Paustian-Underdahl, S. C., Heggestad, E. D., & Walker, L. S. (2018). Gender and career success: a typology and analysis of dual paradigms. Journal of Organizational Behavior, 40(4), 400-416. Recuperado de https://doi.org/10.1002/job.2338

Giessner, S. R., van Knippenberg, D. L., & Sleebos, E. D. (2009). License to fail? How leader group prototypicality moderates the effects of leader performance on perceptions of leadership effectiveness (No. ERS-2008-066-ORG). ERIM Report Series Research in Management. Recuperado de https://repub.eur.nl/pub/13626

Guillén, L., Mayo, M., & Karelaia, N. (2018). Appearing self-confident and getting credit for it: why it may be easier for men than women to gain influence at work. Human Resource Management, 57(4), 839-854. Recuperado de https://doi.org/10.1002/hrm.21857

Hirata, H., & Kergoat, D. (2002). Relações sociais de sexo e psicopatologia do trabalho. In H. Hirata (Org.), Nova divisão sexual do trabalho: um olhar voltado para a empresa e a sociedade (pp. 233-271). São Paulo, SP: Boitempo Editorial.

Hryniewicz, L. G. C., & Vianna, M. A. (2018). Mulheres em posição de liderança: obstáculos e expectativas de gênero em cargos gerenciais. Cadernos EBAPE.BR, 16(3), 331-344. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1679-395174876

Ibarra, H., Carter, N. M., & Silva, C. (2010, setembro). Why men still get more promotions than women. Harvard Business Review. Recuperado de https://hbr.org/2010/09/why-men-still-get-more-promotions-than-women

Kanan, L. A. (2010). Poder e liderança de mulheres nas organizações de trabalho. Organização e Sociedade, 17(53), 243-257. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1984-92302010000200001

Koenig, A. M., Eagly, A. H., Mitchell, A. A., & Ristikari, T. (2011). Are leader stereotypes masculine? A meta-analysis of three research paradigms. Psychological Bulletin, 137(4), 616-642. Recuperado de https://doi.org/10.1037/a0023557

Lombardi, M. R. (2006). Engenheira e gerente; desafios enfrentados por mulheres em posições de comando na área tecnológica. Revista Tecnologia e Sociedade, 2(3), 63-86. Recuperado de https://doi.org/10.3895/rts.v2n3.2485

Lyness, K. S., & Heilman, M. E. (2006). When fit is fundamental: performance evaluations and promotions of upper-level female and male managers. Journal of Applied Psychology, 91(4), 777-785. Recuperado de https://doi.org/10.1037/0021-9010.91.4.777

Meister, A., Sinclair, A., & Jehn, K. A. (2017). Identities under scrutiny: how women leaders navigate feeling misidentified at work. The Leadership Quarterly, 28(5), 672-690. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2017.01.009

Offermann, L. R., Thomas, K. R., Lanzo, L. A., & Smith, L. N. (2020). Achieving leadership and success: a 28-year follow-up of college women leaders. The Leadership Quarterly, 31(4), 101345. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2019.101345

Ortlieb, R., & Sieben, B. (2019). Balls, barbecues and boxing: contesting gender regimes at organizational e4rsocial events. Organization Studies, 40(1), 115-133. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0170840617736941

Shen, W., & Joseph, D. (2021). Gender and leadership: a criterion-focused review and research agenda. Human Resource Management Review, 31(2), 100765. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.hrmr.2020.100765

Schock, A. K., Gruber, F. M., Scherndl, T., & Ortner, T. M. (2019). Tempering agency with communion increases women’s leadership emergence in all women groups: evidence for role congruity theory in a field setting. The Leadership Quartely, 30(2), 189-198. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2018.08.003

Vieira, M. M. F. (2004). Introdução à pesquisa qualitativa em administração: questões teóricas e epistemológicas. In M. M. F. Vieira, & D. M. Zouain (Org.), Pesquisa qualitativa em administração. Rio de Janeiro, RJ: Editora FGV.

World Economic Forum. (2021, março 31). Global Gender Gap Report 2021. Recuperado de https://www.weforum.org/reports/global-gender-gap-report-2021

Zheng, W., Kark, R., & Meister, A. L. (2018). Paradox versus dilemma mindset: a theory of how women leaders navigate the tensions between agency and communion. The Leadership Quarterly, 29(5), 584-596. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2018.04.001