Mulheres e carreiras gerenciais: a construção da identidade de líder em um ambiente corporativo masculino
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Este artigo analisa ações de reinvindicação (claiming) de liderança exitosas, assim como fatores que viabilizaram a construção social da identidade de líder nas trajetórias de mulheres inseridas em uma empresa de tecnologia, segmento tradicionalmente masculino. Essas questões são investigadas por meio de um estudo de caso qualitativo de perspectiva longitudinal com corte transversal baseado em entrevistas conduzidas com profissionais mulheres que atuaram na organização considerada – ambiente permeado por importantes aspectos relacionais de gênero – realizadas em duas etapas (em 2006 e 2021). A análise revela que as ações de reinvindicação de liderança bem-sucedidas entre essas mulheres derivaram de sua postura predominantemente agêntica, porém dotada de uma orientação colaborativa e coletiva, um atributo de comunalidade. Foram fatores favoráveis para a concessão da liderança (granting) a elas as competências, o estilo de gestão híbrido e o comportamento adaptativo ao ambiente que demonstraram, bem como o suporte/patrocínio obtido de lideranças da empresa.
Downloads
Métricas
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Cadernos EBAPE.BR compromete-se a contribuir com a proteção dos direitos intelectuais do autor. Nesse sentido:
- Adota a licença Creative Commoms BY (CC-BY) em todos os textos que publica, exceto quando houver indicação de específicos detentores dos direitos autorais e patrimoniais;
- Adota software de verificação de similaridade de conteúdo - plagiarismo (Crossref Similarity Check);
- Adota ações de combate ao plagio e má conduta ética, alinhada às diretrizes do Committee on Publication Ethics (COPE).
Mais detalhes do Código de Ética adotado pelo Cadernos EBAPE.BR podem ser visualizados em Normas Éticas e Código de Conduta.
Referências
Akinola, M., Martin, A. E., & Phillips, K. (2018). To delegate or not to delegate: gender differences in affective associations and behavioral responses to delegation. Academy of Management Journal, 61(4), 1467-1491. Recuperado de https://doi.org/10.5465/amj.2016.0662
Alvesson, M., & Deetz, S. (2001). Teoria crítica e abordagem pós-modernista para estudos organizacionais. In R. S. Clegg, C. Hardy, & W. Nord (Orgs.), Handbook de estudos organizacionais: reflexões e novas direções (v. 1, pp. 132-145). São Paulo, SP: Atlas.
Badura, K., Grijalva, E., Newman, D. A., Yan, T., & Jeon, G. (2018). Gender and leadership emergence: a meta-analysis and explanatory model. Personnel Psychology. 71(3), 335-367. Recuperado de https://doi.org/10.1111/peps.12266
Barreto, M. M. S. (2006). Violência, saúde e trabalho: uma jornada de humilhações. São Paulo, SP: EDUC.
Bear, J. B., Cushenbery, L., London, M., & Sherman, G. D. (2017). Performance feedback, power retention, and the gender gap in leadership. The Leadership Quarterly, 28(6), 721-740. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2017.02.003
Beauvoir, S. (1980). O segundo sexo. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira.
Bourdieu, P. (2020). A dominação masculina. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil.
Bowles, H. R., Thomason, B., & Bear, J. B. (2019). Reconceptualizing what and how women negotiate for carrer advancement. Academy of Management Journal, 62(6), 1645-1671. Recuperado de https://doi.org/10.5465/amj.2017.1497
Brescoll, V. L. (2016). Leading with their hearts? How gender stereotypes of emotion lead to biased evaluations of female leaders. The Leadership Quarterly, 27(3), 415-428. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2016.02.005
Bruschini, M. C. A., & Puppin, A. B. (2004). Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do século XX. Cadernos de Pesquisa, 34(121), 105-138. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0100-15742004000100006
Calás, M. B., & Smircich, L. (2007). Do ponto de vista da mulher: abordagens feministas em estudos organizacionais. In S. R. Clegg, C. Hardy, & W. Nord. (Orgs.), Handbook de estudos organizacionais (Vol. 1, Cap. 10, pp. 273-331). São Paulo, SP: Atlas.
Collins, J., & Singh, V. (2006). Exploring gendered leadership: meanings of successful leadership held by chief executives. In D. MacTavish, & K. Miller (Eds.), Women in leadership and management: a European perspective (pp. 11-31). Cheltenham, UK: Edward Elgar.
Cavazotte, F., & Oliveira, L. B. (2018). Na corda bamba: paradoxos da liderança feminina no mundo corporativo. In A. Carvalho Neto, & F. Versiani (Orgs.), Mulheres profissionais: quem é o sexo frágil? Belo Horizonte, MG: Editora PUC-Minas.
DeRue, D. S., & Ashford, S. J. (2010). Who will lead and who will follow? A social process of leadership identity construction in organizations. The Academy of Management Review, 35(4), 627-647. Recuperado de https://doi.org/10.5465/amr.35.4.zok627
Eagly, A. H. (1987). Sex differences in social behavior: a social-role interpretation. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum.
Eagly, A. H., & Carli, L. L. (2007). Through the labyrinth: the truth about how women become leaders. Boston, MA: Harvard Business School Publishing Corporation.
Eagly, A. H., & Heilman, M. E. (2016). Gender and leadership: introduction to the special issue. The Leadership Quarterly, 27(3), 349-353. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2016.04.002
Eagly, A. H., & Karau, S. J. (2002). Role congruity theory of prejudice toward female leaders. Psychological Review, 109(3), 573-598. Recuperado de https://doi.org/10.1037/0033-295X.109.3.573
Eagly, A. H., Wood, W., & Diekman, A. B. (2000). Social role theory of sex differences and similarities: a current appraisal. In T. Eckes, & H. M. Trautner (Eds.), The developmental social psychology of gender (pp. 123-174). Mahwah, NJ: Erlbaum.
Frear, K., Paustian-Underdahl, S. C., Heggestad, E. D., & Walker, L. S. (2018). Gender and career success: a typology and analysis of dual paradigms. Journal of Organizational Behavior, 40(4), 400-416. Recuperado de https://doi.org/10.1002/job.2338
Giessner, S. R., van Knippenberg, D. L., & Sleebos, E. D. (2009). License to fail? How leader group prototypicality moderates the effects of leader performance on perceptions of leadership effectiveness (No. ERS-2008-066-ORG). ERIM Report Series Research in Management. Recuperado de https://repub.eur.nl/pub/13626
Guillén, L., Mayo, M., & Karelaia, N. (2018). Appearing self-confident and getting credit for it: why it may be easier for men than women to gain influence at work. Human Resource Management, 57(4), 839-854. Recuperado de https://doi.org/10.1002/hrm.21857
Hirata, H., & Kergoat, D. (2002). Relações sociais de sexo e psicopatologia do trabalho. In H. Hirata (Org.), Nova divisão sexual do trabalho: um olhar voltado para a empresa e a sociedade (pp. 233-271). São Paulo, SP: Boitempo Editorial.
Hryniewicz, L. G. C., & Vianna, M. A. (2018). Mulheres em posição de liderança: obstáculos e expectativas de gênero em cargos gerenciais. Cadernos EBAPE.BR, 16(3), 331-344. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1679-395174876
Ibarra, H., Carter, N. M., & Silva, C. (2010, setembro). Why men still get more promotions than women. Harvard Business Review. Recuperado de https://hbr.org/2010/09/why-men-still-get-more-promotions-than-women
Kanan, L. A. (2010). Poder e liderança de mulheres nas organizações de trabalho. Organização e Sociedade, 17(53), 243-257. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1984-92302010000200001
Koenig, A. M., Eagly, A. H., Mitchell, A. A., & Ristikari, T. (2011). Are leader stereotypes masculine? A meta-analysis of three research paradigms. Psychological Bulletin, 137(4), 616-642. Recuperado de https://doi.org/10.1037/a0023557
Lombardi, M. R. (2006). Engenheira e gerente; desafios enfrentados por mulheres em posições de comando na área tecnológica. Revista Tecnologia e Sociedade, 2(3), 63-86. Recuperado de https://doi.org/10.3895/rts.v2n3.2485
Lyness, K. S., & Heilman, M. E. (2006). When fit is fundamental: performance evaluations and promotions of upper-level female and male managers. Journal of Applied Psychology, 91(4), 777-785. Recuperado de https://doi.org/10.1037/0021-9010.91.4.777
Meister, A., Sinclair, A., & Jehn, K. A. (2017). Identities under scrutiny: how women leaders navigate feeling misidentified at work. The Leadership Quarterly, 28(5), 672-690. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2017.01.009
Offermann, L. R., Thomas, K. R., Lanzo, L. A., & Smith, L. N. (2020). Achieving leadership and success: a 28-year follow-up of college women leaders. The Leadership Quarterly, 31(4), 101345. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2019.101345
Ortlieb, R., & Sieben, B. (2019). Balls, barbecues and boxing: contesting gender regimes at organizational e4rsocial events. Organization Studies, 40(1), 115-133. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0170840617736941
Shen, W., & Joseph, D. (2021). Gender and leadership: a criterion-focused review and research agenda. Human Resource Management Review, 31(2), 100765. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.hrmr.2020.100765
Schock, A. K., Gruber, F. M., Scherndl, T., & Ortner, T. M. (2019). Tempering agency with communion increases women’s leadership emergence in all women groups: evidence for role congruity theory in a field setting. The Leadership Quartely, 30(2), 189-198. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2018.08.003
Vieira, M. M. F. (2004). Introdução à pesquisa qualitativa em administração: questões teóricas e epistemológicas. In M. M. F. Vieira, & D. M. Zouain (Org.), Pesquisa qualitativa em administração. Rio de Janeiro, RJ: Editora FGV.
World Economic Forum. (2021, março 31). Global Gender Gap Report 2021. Recuperado de https://www.weforum.org/reports/global-gender-gap-report-2021
Zheng, W., Kark, R., & Meister, A. L. (2018). Paradox versus dilemma mindset: a theory of how women leaders navigate the tensions between agency and communion. The Leadership Quarterly, 29(5), 584-596. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2018.04.001