O processo de construção de valores sociais: revisitando o conceito de valor social do ponto de vista da tradição interacionista simbólica
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Nesta segunda década do século XXI, acumulam-se grandes questões que desafiam a humanidade, de guerras a mudanças climáticas e suas consequências, como desastres naturais, escassez de água e pandemias, o que aprofunda as desigualdades sociais. Tantos problemas que persistem, apesar do progresso tecnológico, econômico e social alcançado nos últimos dois séculos, nos levam a refletir sobre como viemos parar nesse ponto. Afinal, o que tem sentido e importa para os grupos e as sociedades que habitam este planeta? Em direção à problematização desse questionamento, elegemos, de acordo com o pragmatismo americano, a tradição interacionista simbólica e o conceito de valor social, fundamentados na vertente sociológica da psicologia social, para responder como ocorre o processo de construção desse tipo de valor. Neste texto, revisitamos, com base nas três vertentes do interacionismo simbólico (tradicional, contemporânea e estrutural), o conceito definido por Thomas e Znaniecki (1927, 2006) e, por meio dessa integração teórica, propomos uma definição conceitual contemporânea do que seja valor social para prosseguir à formulação de um modelo teórico acerca do processo de construção de valores sociais, abrindo espaço para compreender a dinâmica entre as diferentes estruturas da sociedade (macro) e a agência das pessoas (micro) na significação, na ressignificação e até no abandono desses valores.
Downloads
Métricas
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Cadernos EBAPE.BR compromete-se a contribuir com a proteção dos direitos intelectuais do autor. Nesse sentido:
- Adota a licença Creative Commoms BY (CC-BY) em todos os textos que publica, exceto quando houver indicação de específicos detentores dos direitos autorais e patrimoniais;
- Adota software de verificação de similaridade de conteúdo - plagiarismo (Crossref Similarity Check);
- Adota ações de combate ao plagio e má conduta ética, alinhada às diretrizes do Committee on Publication Ethics (COPE).
Mais detalhes do Código de Ética adotado pelo Cadernos EBAPE.BR podem ser visualizados em Normas Éticas e Código de Conduta.
Referências
Adler, F. (1956). The value concept in sociology. American Journal of Sociology, 62(3), 272-279. Recuperado de https://doi.org/10.1086/222004
Ajitha, S., & Sivakumar, V. J. (2017). Understanding the effect of personal and social value on attitude and usage behavior of luxury cosmetic brands. Journal of Retailing and Consumer Services, 39, 103-113. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.jretconser.2017.07.009
Almeida, P. (2022, novembro 10). Demissões voluntárias no Brasil crescem mais de 30% nos primeiros cinco meses do ano. CNN Brasil. Recuperado de https://www.cnnbrasil.com.br/business/demissoes-voluntarias-no-brasil-crescem-mais-de-30-nos-primeiros-cinco-meses-do-ano/
Álvaro, J. L., & Garrido, A. (2003). Psicologia social: perspectivas psicológicas e sociológicas. Porto Alegre, RS: Artmed Editora.
Awuzie, B. O., & McDermott, P. (2016). The role of contracting strategies in social value implementation. Proceedings of the Institution of Civil Engineers-Management, Procurement and Law, 169(3), 106-114. Recuperado de https://doi.org/10.1680/jmapl.15.00024
Blumer, H. (1969). Symbolic interactionism: Perspective and method. San Diego, CA: University of California Press.
Brenner, P. S., Serpe, R. T., & Stryker, S. (2014). The causal ordering of prominence and salience in identity theory. Social Psychology Quarterly, 77(3), 231-252. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0190272513518337
Brickson, S. L. (2007). Organizational identity orientation: the genesis of the role of the firm and distinct forms of social value. Academy of Management Review, 32(3), 864-888. Recuperado de https://doi.org/10.5465/amr.2007.25275679
Brieger, S. A., Bäro, A., Criaco, G., & Terjesen, S. A. (2021). Entrepreneurs’ age, institutions, and social value creation goals: a multi-country study. Small Business Economics, 57(1), 425-453. Recuperado de https://doi.org/10.1007/s11187-020-00317-z
Bulmer, M. (1984). The Chicago school of sociology: institutionalization, diversity, and the rise of sociological research. Chicago, IL: University of Chicago Press.
Carter, M. J., & Fuller, C. (2016). Symbols, meaning, and action: the past, present, and future of symbolic interactionism. Current Sociology Review, 64(6) 931-961. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0011392116638396
Cartigny, T., & Lord, W. (2017). Defining social value in the UK construction industry. Proceedings of the institution of civil engineers-management. Procurement and Law, 170(3), 107-114. Recuperado de https://doi.org/10.1680/jmapl.15.00056
Carvalho, V. D. D., Borges, L. D. O., & Rêgo, D. P. D. (2010). Interacionismo simbólico: origens, pressupostos e contribuições aos estudos em psicologia social. Psicologia: Ciência e Profissão, 30, 146-161. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1414-98932010000100011
Fine, G. A. (2005). O triste espólio, o misterioso desaparecimento e o glorioso triunfo do interacionismo simbólico. RAE-Revista de Administração de Empresas, 45(4), 87-105. Recuperado de http://bibliotecadigital.fugv.br/ojs/index.php/rae/article/view/37309/36072
George, G., Howard-Grenville, J., Joshi, A., & Tihanyi, L. (2016). Understanding and tackling societal grand challenges through management research. Academy of Management Journal, 59(6), 1880-1895. Recuperado de https://doi.org/10.5465/amj.2016.4007
Hall, P. M. (2003). Interactionism, social organization, and social processes: looking back and moving ahead. Symbolic Interaction, 26(1), 33-55. Recuperado de https://doi.org/10.1525/si.2003.26.1.33
King, B. G., Felin, T., & Whetten, D. A. (2010). Perspective—Finding the organization in organizational theory: a meta-theory of the organization as a social actor. Organization Science, 21(1), 1-309. Recuperado de https://doi.org/10.1287/orsc.1090.0443
Kluckhohn, C. (1951) Values and value-orientations in the theory of action: an exploration in definition and classification. In T. Parsons, & E. Shils (Eds.), Toward a general theory of action (pp. 388-433). Cambridge, MA: Harvard University Press.
Lashitew, A. A., van Tulder, R., & Muche, L. (2022). Social value creation in institutional voids: a business model perspective. Business & Society, 61(8), 1992-2037. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0007650320982283
Liu, J. (2021, abril 04). A record 4.4 million people quit in September as great resignation shows no signs of stopping. CNBC. Recuperado de www.cnbc.com/2021/11/12/a-record-4point4-million-people-quit-jobs-in-september-great-resignation.html
Mead, G. H. (1962). Mind, self and society: from the standpoint of a social behaviorist. Chicago, IL: University of Chicago Press.
Merolla, D. M., Serpe, R. T., Stryker, S., & Schultz, P. W. (2012). Structural precursors to identity processes: The role of proximate social structures. Social Psychology Quarterly, 75(2), 149-172. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0190272511436352
Narangajavana, Y., Gonzalez-Cruz, T., Garrigos-Simon, F. J., & Cruz-Ros, S. (2016). Measuring social entrepreneurship and social value with leakage. Definition, analysis and policies for the hospitality industry. International Entrepreneurship and Management Journal, 12(3), 911-934. Recuperado de https://doi.org/10.1007/s11365-016-0396-5
Polonsky, M. J., & Grau, S. L. (2008). Evaluating the social value of charitable organizations: a conceptual foundation. Journal of Macromarketing, 28(2), 130-140. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0276146708314585
Rohan, M. J. (2000). A rose by any name? The values construct. Personality and Social Psychology Review, 4(3), 255-277. Recuperado de https://doi.org/10.1207/s15327957pspr0403_4
Rokeach, M. (1967). Value survey. Sunnyvale, CA: Halgren Tests.
Rokeach, M. (1973). The nature of human values. New York, NY: Free Press.
Ros, M. (2001). Psicología social de los valores: una perspectiva historica. In M. Ros, & V. V. Gouveia (Eds.), Psicología social de los valores humanos: desarrollos teóricos, metodológicos y aplicados (pp. 27-51). Madri, España: Biblioteca Nueva.
Sánchez-Vallejo, M. A. (2021, abril 04). A revolução que faz com que quatro milhões de trabalhadores larguem o emprego a cada mês nos EUA. El País. Recuperado de https://brasil.elpais.com/internacional/2021-11-23/a-revolucao-que-faz-com-que-quatro-milhoes-de-trabalhadores-larguem-o-emprego-a-cada-mes-nos-eua.html
Schwartz, S. H. (1992). Universals in the content and structure of values: theoretical advances and empirical tests in 20 countries. Advances in Experimental Social Psychology, 25, 1-65. Recuperado de https://doi.org/10.1016/s0065-2601(08)60281-6
Schwartz, S. H. (1994). Are there universal aspects in the structure and contents of human values? Journal of Social Issues, 50(4), 19-45. Recuperado de https://doi.org/10.1111/j.1540-4560.1994.tb01196.x
Schwartz, S. H. (2005). Valores humanos básicos: seu contexto e estrutura intercultural. In A Tamayo, & J. B. Porto (Orgs), Valores e comportamento nas organizações (pp. 21-55). Petrópolis, RJ: Vozes.
Schwartz, S. H., Cieciuch, J., Vecchione, M., Davidov, E., Fischer, R., Beierlein, C., … Konty, M. (2012). Refining the theory of basic individual values. Journal of Personality and Social Psychology, 103(4), 663-688. Recuperado de https://doi.org/10.1037/a0029393
Serpe, R. T., & Stryker, S. (2011). The symbolic interactionism perspective and identity theory. In S. J. Schwartz, K. Luyckx, & V. L. Vignoles (Eds.), Handbook of identity theory and research (p. 225-248). New York: Springer Science + Business Media.
Smet, A., Dowling, B., Mugayar-Baldocchi, M., & Schaninger, B. (2021, novembro 10). “Great attrition” or “great attraction”? The choice is yours. McKinsey Quarterly. Recuperado de https://www.mckinsey.com/capabilities/people-and-organizational-performance/our-insights/great-attrition-or-great-attraction-the-choice-is-yours
Stryker, S. (1959). Symbolic interaction as an approach to family research. Marriage and Family Living, 21(2), 111-119. Recuperado de https://doi.org/10.2307/348099
Stryker, S. (1968). Identity salience and role performance: the relevance of symbolic interaction theory for family research. Journal of Marriage and the Family, 30(4), 558. Recuperado de https://doi.org/10.2307/349494
Stryker, S. (1977). Developments in two social psychologies: toward an appreciation of mutual relevance. Sociometry, 40(2), 145-160. Recuperado de https://doi.org/10.2307/3033518
Stryker, S. (1980). Symbolic interactionism: a social structural version. Menlo Park, CA: Benjamin-Cummings/Blackburn.
Stryker, S. (1987). The vitalization of symbolic interactionism. Social Psychology Quarterly, 50(1), 83-94. Recuperado de https://doi.org/10.2307/2786893
Stryker, S. (2008). From mead to a structural symbolic interactionism and beyond. Annual Review of Sociology, 34(1), 15-31. Recuperado de https://doi.org/10.1146/annurev.soc.34.040507.134649
Stryker, S., Serpe, R. T., & Hunt, M. O. (2005). Making good on a promise: the impact of larger social structures on commitments. In S. I. Thye, & E. J. Lawler (Eds.), Advances in group process: social identification in groups (vol. 22, pp. 93-123). Bingley, UK: Emerald Group Publishing Limited.
Thomas, W. I., & Znaniecki, F. (1927). The polish peasant in Europe and America. New York, NY: Alfred A. Knopf.
Thomas, W. I., & Znaniecki, F. (2006). El campesino polaco en Europa y en América. Madrid, España: Centro de Investigaciones Sociológicas.
Torregrosa, R. J. (2004). Social psychology: social or sociological? In A. H. Eagly, M. B. Reuben, & Hamilton, V. L. (Eds.), The social psychology of group identity and social conflict. Washington, DC: American Psychological Association.