Às coisas mesmas: contribuições da epistemologia fenomenológica para os estudos de liderança
Conteúdo do artigo principal
Resumo
As teorias de liderança que vêm sendo desenvolvidas desde o início do século passado representam, em sua maioria, premissas positivistas, fortemente marcadas pela separação entre sujeito e objeto, dicotomização, objetivismo, quantificação, reprodução, validação. Com base nisso, argumentamos que o campo carece de abordagens epistemológicas que desafiem o mainstream dos estudos de liderança. Nesse intuito, a fenomenologia pode fundamentar a possibilidade para o entendimento da liderança enquanto um fenômeno no mundo. Em termos teóricos, a fenomenologia é um retorno aos atos por meio dos quais se tem conhecimento dos objetos: por isso a proposta de se voltar às coisas mesmas. Desse modo, o objetivo deste artigo é analisar as contribuições da fenomenologia para os estudos em liderança. Para tanto, de modo a interagir com tais lacunas identificadas no campo de estudos de liderança, exploramos o resgate do mundo-da-vida frente ao objetivismo; à reconciliação entre sujeito e objeto; à atribuição de sentidos; à epoché e à mudança de posicionamento.
Downloads
Métricas
Detalhes do artigo
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Cadernos EBAPE.BR compromete-se a contribuir com a proteção dos direitos intelectuais do autor. Nesse sentido:
- Adota a licença Creative Commoms BY (CC-BY) em todos os textos que publica, exceto quando houver indicação de específicos detentores dos direitos autorais e patrimoniais;
- Adota software de verificação de similaridade de conteúdo - plagiarismo (Crossref Similarity Check);
- Adota ações de combate ao plagio e má conduta ética, alinhada às diretrizes do Committee on Publication Ethics (COPE).
Mais detalhes do Código de Ética adotado pelo Cadernos EBAPE.BR podem ser visualizados em Normas Éticas e Código de Conduta.
Referências
Ales Bello, A. (2006). Introdução à fenomenologia. Bauru, SP: Edusc.
Allen, S. J., Rosch, D. M., Ciulla, J. B., Dugan, J. P., Jackson, B., Johnson … Spiller, C. (2022). Proposals for the future of leadership scholarship: Suggestions in Phronesis. Leadership, 18(4), 563-589. Recuperado de https://doi.org/10.1177/17427150221091363
Alvesson, M. (2019). Waiting for Godot: Eight major problems in the odd field of leadership studies. Leadership, 15(1), 27-43. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715017736707
Alvesson, M. (2020). Upbeat leadership: A recipe for – Or against – “Successful” leadership studies. The Leadership Quarterly, 31(6), 101439. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2020.101439
Alvesson, M., & Einola, K. (2019). Warning for excessive positivity: Authentic leadership and other traps in leadership studies. The Leadership Quarterly, 30(4), 383-395. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2019.04.001
Antonakis, J. (2023). In support of slow science: Robust, open, and multidisciplinary. The Leadership Quarterly, 34(1), 101676. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2023.101676
Antonakis, J., Bendahan, S., Jacquart, P., & Lalive, R. (2010). On making causal claims: A review and recommendations. The Leadership Quarterly, 21(6), 1086-1120. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2010.10.010
Arendt, H. (2020). A condição humana (13a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária.
Ashford, S. J., & Sitkin, S. B. (2019). From problems to progress: A dialogue on prevailing issues in leadership research. The Leadership Quarterly, 30(4), 454-460. Recuperado de https://doi.org/10.1016/J.LEAQUA.2019.01.003
Ashworth, P. (1999). "Bracketing" in phenomenology: Renouncing assumptions in hearing about student cheating. International Journal of Qualitative Studies in Education, 12(6), 707-721. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1080/095183999235845
Avolio, B. J., Walumbwa, F. O., & Weber, T. J. (2009). Leadership: Current Theories, Research, and Future Directions. Annual Review of Psychology, 60, 421-449. Recuperado de https://doi.org/10.1146/annurev.psych.60.110707.163621
Banks, G. C., Dionne, S. D., Mast, M. S., & Sayama, H. (2022). Leadership in the digital era: A review of who, what, when, where, and why. The Leadership Quarterly, 33(5). Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2022.101634
Banks, G. C., Gooty, J., Ross, R. L., Williams, C. E., & Harrington, N. T. (2018). Construct redundancy in leader behaviors: A review and agenda for the future. The Leadership Quarterly, 29(1), 236-251. Recuperado de https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2017.12.005
Blom, M., & Alvesson, M. (2015). All-inclusive and all good: The hegemonic ambiguity of leadership. Scandinavian Journal of Management, 31(4), 480-492. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1016/j.scaman.2015.08.001
Boava, D. L. T., & Macedo, F. M. F. (2011). Contribuições da fenomenologia para os estudos organizacionais. Cadernos EBAPE.BR, 9(1), 469-487. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1679-39512011000600003
Burrell, G., & Morgan, G. (1979). Sociological paradigms and organizational analysis. London, UK: Heinemann.
Cabral, P. M. F., & Seminotti, N. (2009). A dimensão coletiva da liderança. Cadernos IHU Ideias, 7(120), 3-37. Recuperado de https://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/120cadernosihuideias.pdf
Case, P., French, R., & Simpson, P. (2011). Philosophy of Leadership. In A. Bryman, D. Collinson, K. Grint, B. Jackson, & M. Uhl-Bien (Eds.), The Sage handbook of leadership. London, UK: SAGE.
Ciulla, J. B. (2008). Leadership studies and “the fusion of horizons”. The Leadership Quarterly, 19(4), 393-395. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2008.05.001
Collinson, D. L. (2012). Prozac leadership and the limits of positive thinking. Leadership, 8(2), 87-107. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715011434738
Collinson, D. L. (2019). Critical Leadership Studies: Exploring the Dialectics of Leadership. In R. E. Riggio (Ed.), What’s wrong with leadership? Improving leadership research and practice. New York, NY: Routledge.
Collinson, D. L. (2020). ‘Only Connect!’: Exploring the Critical Dialectical Turn in Leadership Studies. Organization Theory, 1(2), 1-22. Recuperado de https://doi.org/10.1177/2631787720913878
Crevani, L., & Lammi, I. J. (2023). Leadership and Practice Theories: Reconstructing Leadership as a Phenomenon. In D. Schedlitzki, M. Larsson, B. Carroll, M. C. Bligh, & O. Epitropaki (Eds.), The SAGE Handbook of Leadership. London, UK: SAGE.
Day, D. V., & Antonakis, J. (2012). Leadership: Past, present, and future. In J. Antonakis, & D. V. Day (Eds.), The nature of leadership. Thousand Oaks, CA: SAGE.
Djian, A., & Majolino, C. (2021). Phenomenon. In D. De Santis, B. C. Hopkins, & C. Majolino (Eds.), The Routledge Handbook of Phenomenology and Phenomenological Philosophy. New York, NY: Routledge.
Faria, J. H. (2022). Introdução à epistemologia: dimensões do ato epistemológico. Jundiaí, SP: Paco.
Fischer, T., & Sitkin, S. B. (2023). Leadership Styles: A Comprehensive Assessment and Way Forward. Academy of Management Annals, 17(1), 331-372. Recuperado de https://doi.org/10.5465/annals.2020.0340
Ford, J. (2010). Studying Leadership Critically: A Psychosocial Lens on Leadership Identities. Leadership, 6(1), 47-65. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715009354235
Ford, J., Harding, N., & Gilmore, S. (2022). Re/searching leadership: A critique in two agonies and nine fits. Human Relations, 76(6), 809-832. Recuperado de https://doi.org/10.1177/00187267221079167
Gallagher, S. (2022). Phenomenology (2a ed.). London, UK: Palgrave Macmillan.
Gearing, R. E. (2004). Bracketing in Research: A Typology. Qualitative Health Research, 14(10), 1429-1452. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1049732304270394.
Gill, M. J. (2014). The Possibilities of Phenomenology for Organizational Research. Organizational Research Methods, 17(2), 118-137. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1094428113518348
Grint, K., Jones, O. S., & Holt, C. (2016). What is leadership: person, result, position or process, or all or none of these? In J. Storey, J. Hartley, J. L. Denis, P. t’Hart, & D. Ulrich (Eds.), The Routledge Companion to Leadership. Abingdon, UK: Routledge.
Hamill, C. (2010). Bracketing – practical considerations in Husserlian phenomenological research. Nurse researcher, 17(2), 16-24. Recuperado de https://doi.org/10.7748/nr2010.01.17.2.16.c7458
Han, B. C. (2015). Sociedade do cansaço. São Paulo, SP: Editora Vozes Limitada.
Heidegger, M. (2005). Ser e Tempo (Parte 1, 15a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Vozes.
Heifetz, R., Grashow, A., & Linsky, M. (2009). The practice of adaptive leadership: Tools and tactics for changing your organization and the world. Boston, MA: Harvard Business Publishing.
House, R. J., & Aditya, R. N. (1997). The social scientific study of leadership: quo vadis? Journal of Management, 23(3), 409-473. Recuperado de https://doi.org/10.1016/S0149-2063(97)90037-4
Husserl, E. (2008). A crise da humanidade europeia e a filosofia (3a. ed.). Porto Alegre, RS: EDIPUCRS.
Husserl, E. (2014). Investigações lógicas: prolegômenos à lógica pura (Vol. 1). Rio de Janeiro, RJ: Forense.
Husserl, E. (2020). A ideia da fenomenologia: cinco lições. Petrópolis, RJ: Vozes.
Japiassu, H. (1979). Introdução ao pensamento epistemológico (3a. ed.) Rio de Janeiro, RJ: F. Alves.
Kars-Unluoglu, S., Jarvis, C., & Gaggiotti, H. (2022). Unleading during a pandemic: Scrutinising leadership and its impact in a state of exception. Leadership, 18(2), 277-297. Recuperado de https://doi.org/10.1177/17427150211063382
Kellerman, B. (2012). The end of leadership. New York, NY: HarperCollins.
Kockelmans, J. J., & Jager, B. (1967). Edmund Husserl’s phenomenological psychology: A historico-critical study. Pittsburgh, PA: Duquesne University Press.
Kotter, J. P. (2001). What leaders really do. Harvard Business Review, 79(11). Recuperado de https://hbr.org/2001/12/what-leaders-really-do
Küpers, W. M. (2013). Embodied inter-practices of leadership: Phenomenological perspectives on relational and responsive leading and following. Leadership, 9(3), 335-357. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715013485852
Ladkin, D. (2010). Rethinking leadership: A new look at old leadership questions. Cheltenham, UK: Edward Elgar.
Larsen, H. G. (2023). Eight Domains of Phenomenology and Research Methods. New York, NY: Routledge.
Learmonth, M., & Morrell, K. (2021). ‘Leadership’ as a Project: Neoliberalism and the Proliferation of ‘Leaders.’ Organization Theory, 2(4), 1-19. Recuperado de https://doi.org/10.1177/26317877211036708
Lewis, K. V. (2015). Enacting Entrepreneurship and Leadership: A Longitudinal Exploration of Gendered Identity Work. Journal of Small Business Management, 53(3), 662-682. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1111/jsbm.12175
Marion, J. L. (1998). Reduction and givenness. Investigations of Husserl, Heidegger and phenomenology. Evanston, IL: Northwestern University Press.
Merleau-Ponty, M. (2018). Fenomenologia da percepção (5a ed.). São Paulo, SP: WMF Martins Fontes.
Moustakas, C. (1994). Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage.
O’Neill, C. (2019). Unwanted appearances and self-objectification: The phenomenology of alterity for women in leadership. Leadership, 15(3), 296-318. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715018816561
Painter, M., Pérezts, M., & Deslandes, G. (2021). Understanding the human in stakeholder theory: a phenomenological approach to affect-based learning. Management Learning, 52(2), 203-223. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1350507620978860
Perreau, L. (2021). Life-world. In D. De Santis, B. C. Hopkins, & C. Majolino (Eds.), The Routledge Handbook of Phenomenology and Phenomenological Philosophy. New York, NY: Routledge.
Pfeffer, J. (2015). Leadership BS: Fixing workplaces and careers one truth at a time. New York, NY: Harper Collins.
Pietersma, H. (2000). Phenomenological epistemology. New York, NY: Oxford University Press.
Puaschunder, J. M. (2023). Leadership and change implications of freedom in the age of artificial intelligence. In S. K. Dhiman (Ed.), The Routledge Companion to Leadership and Change. New York, NY: Routledge.
Smith, J. A., Flowers, P., & Larkin, M. (2009). Interpretative phenomenological analysis: Theory, method and research. London, UK: Sage.
Sokolowski, R. (2012). Introdução à fenomenologia (3a ed.). São Paulo, SP: Edições Loyola.
Sorenson, G., Goethals, G. R., & Haber, P. (2011). The Enduring and Elusive Quest for a General Theory of Leadership: Initial Efforts and New Horizons. In A. Bryman, D. Collinson, K. Grint, B. Jackson, & M. Uhl-Bien (Eds.), The Sage handbook of leadership. Washington, DC: Sage.
Spoelstra, S. (2019). The paradigm of the charismatic leader. Leadership, 15(6), 744-749. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715019853946
Spoelstra, S., Butler, N., & Delaney, H. (2016). Never let an academic crisis go to waste: Leadership Studies in the wake of journal retractions. Leadership, 12(4), 383-397. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715016658215
Spoelstra, S., Butler, N., & Delaney, H. (2020). Measures of Faith: Science and Belief in Leadership Studies. Journal of Management Inquiry, 30(3), 300-311. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1056492620901793
Tal, D., & Gordon, A. (2016). Leadership of the present, current theories of multiple involvements: a bibliometric analysis. Scientometrics, 107, 259-269. Recuperado de https://doi.org/10.1007/s11192-016-1880-y
Tal, D., & Gordon, A. (2020). Leadership as an Autonomous Research Field: A Bibliometric Analysis. Society, 57, 489-495. Recuperado de https://doi.org/10.1007/s12115-020-00522-2
van Knippenberg, D., & Sitkin, S. B. (2013). A critical assessment of charismatic-transformational leadership research: Back to the drawing board? The Academy of Management Annals, 7(1), 1-60. Recuperado de https://doi.org/10.1080/19416520.2013.759433
van Manen, M. (2017). Phenomenology in Its Original Sense. Qualitative Health Research, 27(6), 810-825. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1049732317699381
Wilson, S. (2017). Questioning Progress and Innocence: An Inconvenient Analysis of the Field of Leadership Studies. Academy of Management Proceedings, 2015(1). Recuperado de https://doi.org/10.5465/ambpp.2015.11813abstract
Zahavi, D. (2015). A fenomenologia de Husserl. Rio de Janeiro, RJ: Via Verita.
Zahavi, D. (2019). Fenomenologia para iniciantes. Rio de Janeiro, RJ: Via Veritas.
Zilles, U. (1994). Teoria do conhecimento. Porto Alegre, RS: EDIPUCRS.