Às coisas mesmas: contribuições da epistemologia fenomenológica para os estudos de liderança

Conteúdo do artigo principal

Vicente Reis Medeiros
https://orcid.org/0000-0003-2268-6755
Caroline Bastos Capaverde
https://orcid.org/0000-0002-5019-2616
Ana Clarissa Matte Zanardo dos Santos
https://orcid.org/0000-0003-3336-6001
Eder Henriqson
https://orcid.org/0000-0003-1081-6583

Resumo

As teorias de liderança que vêm sendo desenvolvidas desde o início do século passado representam, em sua maioria, premissas positivistas, fortemente marcadas pela separação entre sujeito e objeto, dicotomização, objetivismo, quantificação, reprodução, validação. Com base nisso, argumentamos que o campo carece de abordagens epistemológicas que desafiem o mainstream dos estudos de liderança. Nesse intuito, a fenomenologia pode fundamentar a possibilidade para o entendimento da liderança enquanto um fenômeno no mundo. Em termos teóricos, a fenomenologia é um retorno aos atos por meio dos quais se tem conhecimento dos objetos: por isso a proposta de se voltar às coisas mesmas. Desse modo, o objetivo deste artigo é analisar as contribuições da fenomenologia para os estudos em liderança. Para tanto, de modo a interagir com tais lacunas identificadas no campo de estudos de liderança, exploramos o resgate do mundo-da-vida frente ao objetivismo; à reconciliação entre sujeito e objeto; à atribuição de sentidos; à epoché e à mudança de posicionamento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Detalhes do artigo

Como Citar
Medeiros, V. R., Capaverde, C. B., Santos, A. C. M. Z. dos, & Henriqson, E. (2023). Às coisas mesmas: contribuições da epistemologia fenomenológica para os estudos de liderança. Cadernos EBAPE.BR, 21(6), e2022–0180. https://doi.org/10.1590/1679-395120220180
Seção
Artigos da Chamada de Trabalhos: "Liderança: revisitando e reformulando as grandes questões da teoria e da prática"

Referências

Ales Bello, A. (2006). Introdução à fenomenologia. Bauru, SP: Edusc.

Allen, S. J., Rosch, D. M., Ciulla, J. B., Dugan, J. P., Jackson, B., Johnson … Spiller, C. (2022). Proposals for the future of leadership scholarship: Suggestions in Phronesis. Leadership, 18(4), 563-589. Recuperado de https://doi.org/10.1177/17427150221091363

Alvesson, M. (2019). Waiting for Godot: Eight major problems in the odd field of leadership studies. Leadership, 15(1), 27-43. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715017736707

Alvesson, M. (2020). Upbeat leadership: A recipe for – Or against – “Successful” leadership studies. The Leadership Quarterly, 31(6), 101439. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2020.101439

Alvesson, M., & Einola, K. (2019). Warning for excessive positivity: Authentic leadership and other traps in leadership studies. The Leadership Quarterly, 30(4), 383-395. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2019.04.001

Antonakis, J. (2023). In support of slow science: Robust, open, and multidisciplinary. The Leadership Quarterly, 34(1), 101676. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2023.101676

Antonakis, J., Bendahan, S., Jacquart, P., & Lalive, R. (2010). On making causal claims: A review and recommendations. The Leadership Quarterly, 21(6), 1086-1120. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2010.10.010

Arendt, H. (2020). A condição humana (13a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária.

Ashford, S. J., & Sitkin, S. B. (2019). From problems to progress: A dialogue on prevailing issues in leadership research. The Leadership Quarterly, 30(4), 454-460. Recuperado de https://doi.org/10.1016/J.LEAQUA.2019.01.003

Ashworth, P. (1999). "Bracketing" in phenomenology: Renouncing assumptions in hearing about student cheating. International Journal of Qualitative Studies in Education, 12(6), 707-721. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1080/095183999235845

Avolio, B. J., Walumbwa, F. O., & Weber, T. J. (2009). Leadership: Current Theories, Research, and Future Directions. Annual Review of Psychology, 60, 421-449. Recuperado de https://doi.org/10.1146/annurev.psych.60.110707.163621

Banks, G. C., Dionne, S. D., Mast, M. S., & Sayama, H. (2022). Leadership in the digital era: A review of who, what, when, where, and why. The Leadership Quarterly, 33(5). Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2022.101634

Banks, G. C., Gooty, J., Ross, R. L., Williams, C. E., & Harrington, N. T. (2018). Construct redundancy in leader behaviors: A review and agenda for the future. The Leadership Quarterly, 29(1), 236-251. Recuperado de https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2017.12.005

Blom, M., & Alvesson, M. (2015). All-inclusive and all good: The hegemonic ambiguity of leadership. Scandinavian Journal of Management, 31(4), 480-492. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1016/j.scaman.2015.08.001

Boava, D. L. T., & Macedo, F. M. F. (2011). Contribuições da fenomenologia para os estudos organizacionais. Cadernos EBAPE.BR, 9(1), 469-487. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1679-39512011000600003

Burrell, G., & Morgan, G. (1979). Sociological paradigms and organizational analysis. London, UK: Heinemann.

Cabral, P. M. F., & Seminotti, N. (2009). A dimensão coletiva da liderança. Cadernos IHU Ideias, 7(120), 3-37. Recuperado de https://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/120cadernosihuideias.pdf

Case, P., French, R., & Simpson, P. (2011). Philosophy of Leadership. In A. Bryman, D. Collinson, K. Grint, B. Jackson, & M. Uhl-Bien (Eds.), The Sage handbook of leadership. London, UK: SAGE.

Ciulla, J. B. (2008). Leadership studies and “the fusion of horizons”. The Leadership Quarterly, 19(4), 393-395. Recuperado de https://doi.org/10.1016/j.leaqua.2008.05.001

Collinson, D. L. (2012). Prozac leadership and the limits of positive thinking. Leadership, 8(2), 87-107. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715011434738

Collinson, D. L. (2019). Critical Leadership Studies: Exploring the Dialectics of Leadership. In R. E. Riggio (Ed.), What’s wrong with leadership? Improving leadership research and practice. New York, NY: Routledge.

Collinson, D. L. (2020). ‘Only Connect!’: Exploring the Critical Dialectical Turn in Leadership Studies. Organization Theory, 1(2), 1-22. Recuperado de https://doi.org/10.1177/2631787720913878

Crevani, L., & Lammi, I. J. (2023). Leadership and Practice Theories: Reconstructing Leadership as a Phenomenon. In D. Schedlitzki, M. Larsson, B. Carroll, M. C. Bligh, & O. Epitropaki (Eds.), The SAGE Handbook of Leadership. London, UK: SAGE.

Day, D. V., & Antonakis, J. (2012). Leadership: Past, present, and future. In J. Antonakis, & D. V. Day (Eds.), The nature of leadership. Thousand Oaks, CA: SAGE.

Djian, A., & Majolino, C. (2021). Phenomenon. In D. De Santis, B. C. Hopkins, & C. Majolino (Eds.), The Routledge Handbook of Phenomenology and Phenomenological Philosophy. New York, NY: Routledge.

Faria, J. H. (2022). Introdução à epistemologia: dimensões do ato epistemológico. Jundiaí, SP: Paco.

Fischer, T., & Sitkin, S. B. (2023). Leadership Styles: A Comprehensive Assessment and Way Forward. Academy of Management Annals, 17(1), 331-372. Recuperado de https://doi.org/10.5465/annals.2020.0340

Ford, J. (2010). Studying Leadership Critically: A Psychosocial Lens on Leadership Identities. Leadership, 6(1), 47-65. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715009354235

Ford, J., Harding, N., & Gilmore, S. (2022). Re/searching leadership: A critique in two agonies and nine fits. Human Relations, 76(6), 809-832. Recuperado de https://doi.org/10.1177/00187267221079167

Gallagher, S. (2022). Phenomenology (2a ed.). London, UK: Palgrave Macmillan.

Gearing, R. E. (2004). Bracketing in Research: A Typology. Qualitative Health Research, 14(10), 1429-1452. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1049732304270394.

Gill, M. J. (2014). The Possibilities of Phenomenology for Organizational Research. Organizational Research Methods, 17(2), 118-137. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1094428113518348

Grint, K., Jones, O. S., & Holt, C. (2016). What is leadership: person, result, position or process, or all or none of these? In J. Storey, J. Hartley, J. L. Denis, P. t’Hart, & D. Ulrich (Eds.), The Routledge Companion to Leadership. Abingdon, UK: Routledge.

Hamill, C. (2010). Bracketing – practical considerations in Husserlian phenomenological research. Nurse researcher, 17(2), 16-24. Recuperado de https://doi.org/10.7748/nr2010.01.17.2.16.c7458

Han, B. C. (2015). Sociedade do cansaço. São Paulo, SP: Editora Vozes Limitada.

Heidegger, M. (2005). Ser e Tempo (Parte 1, 15a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Vozes.

Heifetz, R., Grashow, A., & Linsky, M. (2009). The practice of adaptive leadership: Tools and tactics for changing your organization and the world. Boston, MA: Harvard Business Publishing.

House, R. J., & Aditya, R. N. (1997). The social scientific study of leadership: quo vadis? Journal of Management, 23(3), 409-473. Recuperado de https://doi.org/10.1016/S0149-2063(97)90037-4

Husserl, E. (2008). A crise da humanidade europeia e a filosofia (3a. ed.). Porto Alegre, RS: EDIPUCRS.

Husserl, E. (2014). Investigações lógicas: prolegômenos à lógica pura (Vol. 1). Rio de Janeiro, RJ: Forense.

Husserl, E. (2020). A ideia da fenomenologia: cinco lições. Petrópolis, RJ: Vozes.

Japiassu, H. (1979). Introdução ao pensamento epistemológico (3a. ed.) Rio de Janeiro, RJ: F. Alves.

Kars-Unluoglu, S., Jarvis, C., & Gaggiotti, H. (2022). Unleading during a pandemic: Scrutinising leadership and its impact in a state of exception. Leadership, 18(2), 277-297. Recuperado de https://doi.org/10.1177/17427150211063382

Kellerman, B. (2012). The end of leadership. New York, NY: HarperCollins.

Kockelmans, J. J., & Jager, B. (1967). Edmund Husserl’s phenomenological psychology: A historico-critical study. Pittsburgh, PA: Duquesne University Press.

Kotter, J. P. (2001). What leaders really do. Harvard Business Review, 79(11). Recuperado de https://hbr.org/2001/12/what-leaders-really-do

Küpers, W. M. (2013). Embodied inter-practices of leadership: Phenomenological perspectives on relational and responsive leading and following. Leadership, 9(3), 335-357. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715013485852

Ladkin, D. (2010). Rethinking leadership: A new look at old leadership questions. Cheltenham, UK: Edward Elgar.

Larsen, H. G. (2023). Eight Domains of Phenomenology and Research Methods. New York, NY: Routledge.

Learmonth, M., & Morrell, K. (2021). ‘Leadership’ as a Project: Neoliberalism and the Proliferation of ‘Leaders.’ Organization Theory, 2(4), 1-19. Recuperado de https://doi.org/10.1177/26317877211036708

Lewis, K. V. (2015). Enacting Entrepreneurship and Leadership: A Longitudinal Exploration of Gendered Identity Work. Journal of Small Business Management, 53(3), 662-682. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1111/jsbm.12175

Marion, J. L. (1998). Reduction and givenness. Investigations of Husserl, Heidegger and phenomenology. Evanston, IL: Northwestern University Press.

Merleau-Ponty, M. (2018). Fenomenologia da percepção (5a ed.). São Paulo, SP: WMF Martins Fontes.

Moustakas, C. (1994). Phenomenological research methods. Thousand Oaks, CA: Sage.

O’Neill, C. (2019). Unwanted appearances and self-objectification: The phenomenology of alterity for women in leadership. Leadership, 15(3), 296-318. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715018816561

Painter, M., Pérezts, M., & Deslandes, G. (2021). Understanding the human in stakeholder theory: a phenomenological approach to affect-based learning. Management Learning, 52(2), 203-223. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1350507620978860

Perreau, L. (2021). Life-world. In D. De Santis, B. C. Hopkins, & C. Majolino (Eds.), The Routledge Handbook of Phenomenology and Phenomenological Philosophy. New York, NY: Routledge.

Pfeffer, J. (2015). Leadership BS: Fixing workplaces and careers one truth at a time. New York, NY: Harper Collins.

Pietersma, H. (2000). Phenomenological epistemology. New York, NY: Oxford University Press.

Puaschunder, J. M. (2023). Leadership and change implications of freedom in the age of artificial intelligence. In S. K. Dhiman (Ed.), The Routledge Companion to Leadership and Change. New York, NY: Routledge.

Smith, J. A., Flowers, P., & Larkin, M. (2009). Interpretative phenomenological analysis: Theory, method and research. London, UK: Sage.

Sokolowski, R. (2012). Introdução à fenomenologia (3a ed.). São Paulo, SP: Edições Loyola.

Sorenson, G., Goethals, G. R., & Haber, P. (2011). The Enduring and Elusive Quest for a General Theory of Leadership: Initial Efforts and New Horizons. In A. Bryman, D. Collinson, K. Grint, B. Jackson, & M. Uhl-Bien (Eds.), The Sage handbook of leadership. Washington, DC: Sage.

Spoelstra, S. (2019). The paradigm of the charismatic leader. Leadership, 15(6), 744-749. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715019853946

Spoelstra, S., Butler, N., & Delaney, H. (2016). Never let an academic crisis go to waste: Leadership Studies in the wake of journal retractions. Leadership, 12(4), 383-397. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1742715016658215

Spoelstra, S., Butler, N., & Delaney, H. (2020). Measures of Faith: Science and Belief in Leadership Studies. Journal of Management Inquiry, 30(3), 300-311. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1056492620901793

Tal, D., & Gordon, A. (2016). Leadership of the present, current theories of multiple involvements: a bibliometric analysis. Scientometrics, 107, 259-269. Recuperado de https://doi.org/10.1007/s11192-016-1880-y

Tal, D., & Gordon, A. (2020). Leadership as an Autonomous Research Field: A Bibliometric Analysis. Society, 57, 489-495. Recuperado de https://doi.org/10.1007/s12115-020-00522-2

van Knippenberg, D., & Sitkin, S. B. (2013). A critical assessment of charismatic-transformational leadership research: Back to the drawing board? The Academy of Management Annals, 7(1), 1-60. Recuperado de https://doi.org/10.1080/19416520.2013.759433

van Manen, M. (2017). Phenomenology in Its Original Sense. Qualitative Health Research, 27(6), 810-825. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1049732317699381

Wilson, S. (2017). Questioning Progress and Innocence: An Inconvenient Analysis of the Field of Leadership Studies. Academy of Management Proceedings, 2015(1). Recuperado de https://doi.org/10.5465/ambpp.2015.11813abstract

Zahavi, D. (2015). A fenomenologia de Husserl. Rio de Janeiro, RJ: Via Verita.

Zahavi, D. (2019). Fenomenologia para iniciantes. Rio de Janeiro, RJ: Via Veritas.

Zilles, U. (1994). Teoria do conhecimento. Porto Alegre, RS: EDIPUCRS.