Migração Sul-Sul: um estudo sobre refugiados trabalhando em pequenas e médias empresas brasileiras
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Resumo
O objetivo deste artigo é analisar a integração de refugiados do Sul global no local de trabalho de pequenas e médias empresas da cidade de São Paulo, com base nas relações interpessoais entre trabalhadores refugiados e empregadores e trabalhadores brasileiros. A literatura trata da migração Sul-Sul, refugiados no Brasil e seus estereótipos no ambiente de trabalho. A pesquisa foi qualitativa e o método foi um estudo de caso. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas individuais e observação não participante, com 28 entrevistados: 7 trabalhadores refugiados (2 haitianos, 2 angolanos, 1 congolês, 1 nigeriano e 1 beninês); 7 empregadores brasileiros (4 proprietários e 3 gerentes nos setores de serviços, comércio e indústria); e 14 colegas brasileiros trabalhadores. Os resultados mostram tanto o incentivo gerencial para diferentes formas de comunicação, buscando romper a barreira da linguagem, como racismo explícito. Os empregadores só começaram a se preocupar com a integração dos refugiados quando tinham problemas com o convívio destes com os trabalhadores brasileiros, como o desrespeito à comida Halal dos refugiados muçulmanos e a percepção destes como transmissores de doenças. Trabalhadores e empregadores brasileiros estereotipam refugiados de países africanos como um grupo homogêneo de “negros africanos”, incluindo o Haiti, refletindo falta de conhecimento sobre a diversidade geográfica e cultural dos refugiados. Este desconhecimento influencia fortemente as relações interpessoais e dificulta a integração dos refugiados no local de trabalho. Este artigo contribui para a reflexão sobre a migração Sul-Sul, rara na literatura, mais dedicada à migração Sul-Norte e Norte-Norte.
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