O agro é masculino: discriminação profissional de mulheres no agronegócio

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Cássia da Silva Castro Arantes
https://orcid.org/0000-0002-0519-7469
Ana Heloísa da Costa Lemos
https://orcid.org/0000-0001-6222-6628
Gabriel da Silva Medina
https://orcid.org/0000-0002-5815-6812
José Elenilson Cruz
https://orcid.org/0000-0002-9901-3340

Resumo

Vários estudos demonstram a existência de desigualdade de gênero no mercado de trabalho. A constatação dessas assimetrias motivou o presente estudo a identificar de que forma vem ocorrendo o processo de inserção profissional de egressos de Ciências Agrárias e Tecnologia em Agronegócio formados em instituições de ensino públicas de Goiás e se, nesse processo, há desigualdades relacionadas a gênero. Para alcançar o objetivo, foi realizado um levantamento que resultou em 593 questionários respondidos por egressos(as) dos cursos mencionados, no período de agosto de 2021 a janeiro de 2022. Os dados obtidos foram analisados por meio de estatística descritiva e regressão logística. Os principais resultados indicam as seguintes desigualdades de gênero na inserção profissional dos egressos: mulheres são maioria entre os desempregados; enfrentam maior dificuldade para encontrar trabalho na área de formação; a ascensão profissional feminina não tem ocorrido na mesma proporção comparativamente à masculina; mulheres recebem salários inferiores, ainda que exerçam as mesmas funções. As conclusões da pesquisa apontam a existência de desigualdade de gênero no contexto do trabalho no agronegócio e evidenciam a precária inserção profissional das mulheres neste setor.

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Como Citar
Arantes, C. da S. C., Lemos, A. H. da C., Medina, G. da S., & Cruz, J. E. (2024). O agro é masculino: discriminação profissional de mulheres no agronegócio. Cadernos EBAPE.BR, 22(2), e2023–0067. https://doi.org/10.1590/1679-395120230067
Seção
Artigos

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