Análise sociomaterial do uso de TI em coprodução de serviço público: o caso do Simulador de Direção Veicular

Conteúdo do artigo principal

Dênis Alves Rodrigues
http://orcid.org/0000-0002-8162-7651
Leonardo Queiroz Rossatto
http://orcid.org/0000-0003-4639-8344
Tarcila Peres Santos
http://orcid.org/0000-0001-5954-0798
Fernando Souza Meirelles
http://orcid.org/0000-0002-0631-9800

Resumo

Ferramentas de Tecnologia da Informação (TI) têm sido apropriadas por governos em diferentes caminhos, tais como para melhorar seus processos internos e efetuar atendimentos ao cidadão via web, todavia, novas ferramentas de TI também têm sido utilizadas em coprodução de serviços públicos, como o caso do Simulador de Direção Veicular (SDV), que é usado dentro do processo de habilitação de condutores (CNH). Estas novas relações precisam ser estudadas para explicar a sociomaterialidade, as relações de poder, interesses e limitações que delas decorrem. Para tal, identifica-se que ela é adotada dentro de um contexto governamental e sua execução depende do cidadão (coprodução). Para atingir os objetivos desta pesquisa utiliza-se da análise Sociomaterial e a Análise Crítica do Discurso, e, paralelamente, considera-se as perspectivas institucionais das organizações e as teorias de governo eletrônico. Os resultados explicam o material e social, sua imbricação, limites, ideologias e os interesses dos atores, bem como estes lidam com as regras existentes para atender aos seus interesses e as relações de poder existentes, dentro de uma perspectiva do realismo crítico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
RODRIGUES, D. A.; ROSSATTO, L. Q.; SANTOS, T. P.; MEIRELLES, F. S. Análise sociomaterial do uso de TI em coprodução de serviço público: o caso do Simulador de Direção Veicular. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 25, n. 80, 2020. DOI: 10.12660/cgpc.v25n80.77753. Disponível em: https://periodicos.fgv.br/cgpc/article/view/77753. Acesso em: 6 jul. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Dênis Alves Rodrigues, FGV - EAESP

Doutorando em Administração de Empresas, Linha de TI;

Mestre em Gestão de Políticas Públicas (USP/EACH)

GETIP - Grupo de Estudos em Tecnologias e Inovações na Gestão Pública (EACH-USP)

Fernando Souza Meirelles, FGV-EAESP

Professor Titular FGV-EAESP

Referências

Abrucio, F. L. (2007). Trajetória recente da gestão pública brasileira: Um balanço crítico e a renovação da agenda de reformas. Revista de Administração Pública, 41(n. esp.), 67-86. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122007000700005.

Amboni, N., Caminha, D. O., Andrade, R. O. B., & Fernandes, M. (2017). Abordagem multiparadigmática em estudos organizacionais: Avanços e limitações. Revista de Administração da UFSM, 10(5), 808-827. DOI: 10.5902/19834659 26726.

Araujo, M., Reinhard, N., & Cunha, M. (2018). Serviços de governo eletrônico no Brasil: Uma análise a partir das medidas de acesso e competências de uso da internet. Revista de Administração Pública, 52(4), 676-694. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7612171925.

Barad, K. (2003). Posthumanist performativity: Toward an understanding of how matter comes to matter. Signs: Journal of Women in Culture and Society, 28(3), 801-831. DOI: 10.1086/345321.

Berente, N., & Yoo, Y. (2012). Institutional contradictions and loose coupling: Postimplementation of NASA's enterprise information system. Information Systems Research, vol 23(2) pages 376-396, June. DOI: 10.1287/isre.1110.0373.

Berger, P. L., & Luckmann, T. (1991). The social construction of reality: A treatise in the sociology of knowledge. Penguin Books. London, England.

Bhaskar, R. (1998). General Introduction. In: Arche,M., Bhaska, R., Collie, A., Lawson, T. & Norrie, A. (Eds.), Critical realism: Essential readings. London, UK/New York, USA: Routledge. 784 pp.

Bourdieu, P., & Wacquant, L. J. D. (1992). An invitation to reflexive sociology. Chicago, USA: The University of Chicago Press.

Callon, M. (1986). Some elements of a sociology of translation: Domestication of the scallops and fishmen of St. Brieuc Bay. In J Law (Ed.), Power, action and belief: A new sociology of knowledge. pp. 196-233. London: Routledge and Kegan Paul. https://doi.org/10.1111/j.1467-954X.1984.tb00113.x.

Chemero, A. (2003). An outline of a theory of affordances. Ecological Psychology. Journal Ecological Psychology, 15(2), pp. 181-195. https://doi.org/10.1207/S15326969ECO1502_5.

Cunha, M. A. (2017). Tale of two “SmartCities”. Twenty-Fifth European Conference on Information Systems (ECIS), Guimarães, Portugal.

Cunha, M. A., & Miranda, P. R. M. (2013). O uso de TIC pelos governos: Uma proposta de agenda de pesquisa a partir da produção acadêmica e da prática nacional. Organizações & Sociedade, 66, 543-566. http://dx.doi.org/10.1590/S1984-92302013000300010.Fairclough, N. L. (1985). Critical and descriptive goals in discourse analysis. Journal of pragmatics, 9(6), 739-763. https://doi.org/10.1016/0378-2166(85)90002-5.

Fairclough, N. (2005). Discourse analysis in organization studies: The case for critical realism. Organization Studies, 26(6), 915-939. DOI: 10.1177/0170840605054610.

Ferreira, L. B., Torrecilha, N., & Machado, S. H. S. (2012). A técnica de observação em estudos de administração. XXXVI Encontro do ANPAD, Rio de Janeiro, RJ.

Filgueiras, F. (2018, janeiro/fevereiro). Indo além do gerencial: A agenda da governança democrática e a mudança silenciada no Brasil. Rev. Adm. Pública, 52(1), 71-88. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7612161430.

Heinze, N., & Hu, Q. (2005). E-government research: A review via the lens of structuration theory. PACIS 2005, Proceedings. Bangkok, Thailand, July 7-10.

Hossain, M. D., Moon, J., Kim, J. K., & Choe, Y. C. (2011). Impacts of organizational assimilation of e-government systems on business value creation: A structuration theory approach. Electronic Commerce Research and Applications, 10, 576-594. Doi:10.1016/j.elerap.2010.12.003.Iasbech, P. A. B., & Lavarda, R. (2018). Strategy and practices: A qualitative study of a Brazilian public healthcare system of telemedicine. International Journal of Public Sector Management, 31(3) pp. 347-371. https://doi.org/10.1108/IJPSM-12-2016-0207.

Johnston, K. A., Jali, N., Kundaeli, F., & Adeniran, T. (2015). ICTS for the broader development of South Africa: An analysis of the literature. Electronic Journal of Information Systems in Developing Countries, 70(3), 1-22. https://doi.org/10.1002/j.1681-4835.2015.tb00503.x.

Kautz, K. K., & Jensen, T. B. (2012). Debating sociomateriality: Entanglements, imbrications, disentangling, and agential cuts. Scandinavian Journal of Information Systems, 24(2), 89-96. Available at: http://aisel.aisnet.org/sjis/vol24/iss2/5.

Latour, B. (2005). Reassembling the social: An introduction to actor-network-theory (Vol. 1). Oxford University Press. Oxford, United Kingdom. https://doi.org/10.1017/CBO9781107415324.004.

Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. (1997). Código de Trânsito Brasileiro. Brasília, DF. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L9503.htm

Leonardi, P. (2011). When flexible routines meet flexible technologies: Affordance, constraint, and the imbrication of human and material agencies. MIS Quarterly, 35(1), 147-167. DOI: 10.2307/23043493.

Leonardi, P. M. (2013). Theoretical foundations for the study of sociomateriality. Information and Organization, 23, 59-76. https://doi.org/10.1016/j.infoandorg.2013.02.002.

Lucas, F. R., Russo, L. E. A., Kawashima, R. S., Figueira, A. C., Larocca, A. P. C., & Kabbach, F. I., Jr. (2013, abril/junho). Uso de simuladores de direção aplicado ao projeto de segurança viária. Bol. Ciênc. Geod., Sec. Comunicações/Trab. Técnicos, 19(2), 341-352.

Machado-da-Silva, C. L., Fonseca, V. S., & Crubellate, J. M. (2010). Estrutura, agência e interpretação: Elementos para uma abordagem recursiva do processo de institucionalização. Rev. Adm. Contemp. [on-line], 14(n. spe.), 77-107.

McPhee, R. D. (2004). Text, agency, and organization in the light of structuration theory. Organization, 11(3), 355-371.

Neto, L. M., Salm, V. M., & Souza, V. B. (2014). A coprodução dos serviços públicos: Modelos e modos de gestão. Revista de Ciências da Administração – RCA, v. 16, nº 39.

Orlikowski, W. J. (1992). The duality of technology: Rethinking the Concept of Technology in Organizations. Organization Science. Vol. 3, No. 3 https://doi.org/10.1287/orsc.3.3.398.

Orlikowski, W. J. (2000). Using technology and constituting structures: A practice lens for studying technology in organizations. Organization Science. Vol. 11, No. 4. https://doi.org/10.1287/orsc.11.4.404.14600.

Orlikowski, W. J. (2007). Sociomaterial practices: Exploring technology at work. Organization Studies, 28(9), 1435-1448. https://doi.org/10.1177/0170840607081138.

Orlikowski, W. J. (2010). The sociomateriality of organisational life: Considering technology in management research. Cambridge Journal of Economics, 34(1), 2010, 125-141. Doi:10.1093/cje/bep058.

Orlikowski, W. J., & Barley, S. R. (2001). Technology and institutions: What can research on information technology and research on organizations learn from each other? MIS Quarterly: Management Information Systems. Vol. 25, No. 2, pp. 145-165. DOI: 10.2307/3250927.

Orlikowski, W. J., & Scott, S. V. (2014). What happens when evaluation goes online?: Exploring apparatuses of valuation in the travel sector. Organization Science, 25(3), 868-891. DOI: 10.1287/orsc.2013.0877.

Osborne, S., Radnor, Z., & Strokosch, K. (2016). Co-production and the co-creation of value in public services: A suitable case for treatment? Public Management Review, 185, 639-653. https://doi.org/10.1080/14719037.2015.1111927.

Pacheco, U. (2018). Como o sistema de reputação baseado em avaliação mútua é utilizado por participantes provedores da economia compartilhada? (Dissertação de mestrado, FGV EAESP, São Paulo, SP).

Pickering, A. (1995). The mangle of practice: Time, agency, and science. Chicago, USA: University of Chicago Press. https://doi.org/10.7208/chicago/9780226668253.001.0001.

Pollitt, C., & Bouckaert, G. (2011). Public management reform: A comparative analysis – New public management, governance, and the neo-Weberian state. New York, United States.

Pozzebon, M., Cunha, M. A., & Coelho, T. R. (2016). Making sense to decreasing citizen eParticipation through a social representation lens. Information and Organization, 26, 84-99. Doi: 10.1016/j.infoandorg.2016.07.002.

Pozzebon, M., & Diniz, E. H. (2012, July/September). Theorizing ICT and society in the Brazilian context: A multilevel, pluralistic and remixable framework. Brazilian Administration Review – BAR, 9(3, art. 3), 287-307. DOI: 10.1590/S1807-76922012000300004.

Przeybilovicz, E., Cunha, M. A., & Meirelles, F. S. (2018, julho/agosto). O uso da tecnologia da informação e comunicação para caracterizar os municípios: Quem são e o que precisam para desenvolver ações de governo eletrônico e smart city. Revista de Administração Pública, 52(4), 630-649. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7612170582.

Puron-Cid, G. (2013). Interdisciplinary application of structuration theory for e-government: A case study of an IT-enabled budget reform. Government Information Quarterly, 30, S46-S58. DOI: 10.1016/j.giq.2012.07.010.

Rodrigues, D. A., & Lotta, G. S. (2017, maio/agosto). Análise do processo de implementação de reformas em organizações públicas: Os casos do Poupatempo e do Detran-SP. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, 22(72), 214-237. DOI: http://dx.doi.org/10.12660/cgpc.v22n72.63589.

Rodrigues, D. A., & Santos, P. S. (2015). O caso dos simuladores de direção veicular: Dificuldades do arranjo federativo na política de trânsito. VIII Congresso Consad de Gestão Pública, Brasília, DF.

São Paulo. (2018). Diário Oficial do Estado de São Paulo, 128(72), 1. Recuperado de https://www.imprensaoficial.com.br.

Scott, S. V., & Orlikowski, W. J. (2009). Exploring the material grounds of institutional dynamics in social media. Egos 2009, 25th EGOS Colloquium, 1-25. Barcelona.

Scott, W. R. (2013). Institutions and organizations: Ideas, interests, and identities. SAGE Publications, 4, p. 360.Secchi, L. (2009, março/abril). Modelos organizacionais e reformas da administração pública. Rev. Adm. Pública, 43(2), 347-369.

Silva, G. L., Cassundé, N., & Costa, F. S. P. C. (2016, julho). Dimensões de qualidade dos CFCs sob a percepção dos condutores de primeira habilitação. Id On Line Multidisciplinary and Psychology Journal, v. 10 n. 30. DOI: https://doi.org/10.14295/idonline.v10i30.470.

Stake, R. E. (1998). Case Studies. In: Strategies of Qualitative Inquiry. In Denzin, N. K. and Lincoln, Y. S. (Eds.). Sage Publications, California. 445-454.

Stein, M. K., Newell, S., Wagner, E. L., & Galliers, R. D. (2014). Felt quality of sociomaterial relations: Introducing emotions into sociomaterial theorizing. Information and Organization, 24(3), 156-175. https://doi.org/10.1016/j.infoandorg.2014.05.003

Thompson, M. P. A. (2004). ICT, power, and developmental discourse: A critical analyses. The Electronic Journal of Information Systems in Developing Countries, 20, 1-26. https://doi.org/10.1002/j.1681-4835.2004.tb00131.x.

Thornton, P., & Ocasio, W. (2008). Institutional logics. In R. Greenwood, C. Oliver, R. Suddaby, & K. Sahlin (Eds.),The SAGE handbook of organizational institutionalism. London, 99 – 129. UK: SAGE Publication Ltd. DOI: 10.4135/9781849200387.n4.

Vaz, J. C. (2017, janeiro/abril). Transformações tecnológicas e perspectivas para a gestão democrática das políticas culturais. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, 22(71), 83-102. DOI: http://dx.doi.org/10.12660/cgpc.v22n71.63284.

Voorberg, W. H., Bekkers, V. J. J. M., & Tummers, L. G. (2015). A systematic review of co-creation and co-production: Embarking on the social innovation journey. Public Management Review, 17(9), 1333-1357. https://doi.org/10.1080/14719037.2014.930505.

Wodak, R. (2004). Do que trata a ACD: Um resumo de sua história, conceitos importantes e seus desenvolvimentos. Linguagem em (Dis)curso – LemD, 4(n. esp.), 223-243.