HFSC e a formação de pesquisadores das humanidades
perspectivas trazidas pela pandemia
DOI:
https://doi.org/10.12660/rm.v14n22.2022.84722Palavras-chave:
Ciências Humanas e Sociais, Pandemia da COVID-19, Science StudiesResumo
A pandemia do novo coronavírus trouxe para primeiro plano discussões sobre as ciências. Com elas, diferentes questões como controvérsias científicas, processos de validação e o caráter consensual e de coprodução das ciências ganharam espaço no debate público e político, evidenciando visões muitas vezes simplistas sobre o entrelaçamento entre ciência e sociedade. Neste sentido, apontamos que as discussões realizadas pelos science studies e pelos campos de História, Filosofia e Sociologia das Ciências (HFSC) enquanto disciplinas plenas podem trazer contribuições significativas para este debate. Isto posto, o objetivo principal desse artigo é analisar de que maneira a crise sanitária de COVID-19 evidenciou a necessidade de ampliar a formação de pesquisadores das áreas de ciências humanas e sociais de forma a abarcar discussões mais profundas sobre as ciências e seus processos de desenvolvimento. Indicamos, ao final, algumas potencialidades do aporte de HFSC nessas formações.
Referências
ÁVILA, G. Ciência, objeto da história. São Paulo: Alameda, 2019.
BENCHIMOL, J.; TEIXEIRA, L. A., Cobras, lagartos & outros bichos: uma história comparada dos institutos Oswaldo Cruz e Butantan. Rio de Janeiro: Fiocruz/Casa de Oswaldo Cruz, UFRJ, 1993.
BERLIVET, L.; LÖWY, I., Hydroxychloroquine controversies: Clinical Trials, Epistemology and the Democratization of Science, Medical Anthropology Quaterly, vol. 34, Issue 4, pp. 525-541, 2020.
CONDÉ, Mauro Lúcio Leitão. O Círculo de Viena e o Empirismo Lógico. Cadernos de Filosofia e Ciências Humanas, p. 98-106, 1995.
DASTON, L., Historicidade e objetividade. Tradução de Derley M. Alves e Francine Iegelski (org. Tiago Santos Almeida), São Paulo: LiberArs, 2017.
FUNCK-BRENTANO, C.; SALEM, J-E. Retracted: Chloroquine or hydroxychloroquine for COVID-19: why might they be hazardous?, The Lancet, May 2020. Disponível em: <https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(20)31174-0/fulltext>. Acesso em: 08/09/2021.
FORATO, Thaís; GUERRA, Andreia; BRAGA, Marco. História das Ciências e Ensino de Ciências: Historiadores das ciências e educadores: frutíferas parcerias para um ensino de ciências reflexivo e crítico, Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 137-141, jul./dez., 2014.
FORATO, Thaís C. M.; PIETROCOLA, Maurício; MARTINS, Roberto A. Historiografia e Natureza da Ciência na sala de aula. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 28, n. 1, p. 27-59, 2011.
GANDOLFI, Haira E.; FIGUEIRÔA, Silvia F. de M. Formação de professores e pesquisa em história das ciências. EDUCA, v. 4, n. 8, p.3-28, maio/ago. 2017.
GAUTRET, P., LAGIER, J. C., PAROLA, P., et al. Hydroxychloroquine and azithromycin as a treatment of COVID-19: results of an open-label non-randomized clinical trial. International journal of antimicrobial agents, vol. 56, Issue 1, July 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.ijantimicag.2020.105949>. Acesso em: 08/09/2021.
GAVROGLU, Kostas. Uma categoria historiográfica útil – a prática científica. In: GAVROGLU, Kostas. O passado das ciências como história. Porto Editora, 2007.
HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos pagu, n. 5, p. 7-41, 1995.
HARDING, Sandra. Objectivity & Diversity – Another Logic of Scientific Research. Chicago: The University of Chicago Press, 2015.
HOYNINGEN-HUENE, P.; SANKEY, H. (Ed.). Incommensurability and related matters. Springer Science & Business Media, 2013.
JASANOFF, S. (Ed.). States of knowledge: the co-production of science and the social order. Routledge, 2004.
KUHN, T., A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva, 2013.
LAMONTAGNE, P.,; AGORITSAS, T.; SIEMIENUIK, R.; ROCHWERG, B,; et al. A living WHO guideline on drugs to prevent covid-19. BMJ, 372, n. 526, march 2021.
LATOUR, B. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. 2. ed. São Paulo: Unesp, 2000.
LATOUR, B.; WOOLGAR, S. Laboratory Life: The construction of scientific facts. Princeton: Princeton University Press, 1986.
LIVINGSTONE, David N. Putting science in its place. Chicago: The University of Chicago Press, 2003.
LONGINO, Helen E. Can There Be A Feminist Science?. Feminism and science, p. 45-57, 1990.
MACHIELS, J. D., BLEEKER-ROVERS, C. P., HEINE, Rob ter, RAHAMAT-LANGENDOEN, J., et. al. Reply to Gautret et. al: hydroxychloroquine sulfate and azithromycin for COVID-19: what is the evidence and what are the risks? International journal of antimicrobial agents, vol. 56, Issue 1, 2020.
MARKO, Gabriela; PATACA, Ermelinda M. Concepções de ciência e educação: contribuições da história da ciência para a formação de professores, Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 45, 2019.
MARTINS, A. F. P. História e Filosofia da Ciência no Ensino: há muitas pedras neste caminho... Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 24, n. 1, p. 112-131, 2007.
MARTINS, A. F. P. Natureza da Ciência no ensino de ciências: uma proposta baseada em “temas” e “questões”. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 32, n. 3, p. 703–737, 2015.
MARTINS, R., A maçã de Newton: história, lendas e tolices. In: SILVA, Cibelle Celestino (org.), Estudos de história e filosofia das ciências: subsídios para a aplicação no ensino, São Paulo: Editora Livraria da Física, 2006.
MOULINES, Carlos U. O desenvolvimento moderno da filosofia da ciência (1890-2000). São Paulo: Associação Filosófica Scientiae Studia, 2020.
MOURA, Cristiano B.; GUERRA, Andreia. História Cultural da Ciência: Um Caminho Possível para a Discussão sobre as Práticas Científicas no Ensino de Ciências?. RBPEC, v. 16, n. 3, p. 725–748, 2016a.
MOURA, Cristiano B.; NASCIMENTO, Matheus Monteiro; LIMA, Nathan Willig. Epistemic and Political Confrontations Around the Public Policies to Fight COVID-19 Pandemic. Science & Education, v. 30, n. 3, p. 501-525, 2021.
NYHART, Lynn K. Historiography of the History of Science. In: LIGHTMAN, B. A Companion to the History of Science - Wiley Blackwell Companions to World History. John Wiley & Sons, cap. 1, 2016.
ORESKES, N. Why trust science?. Princeton and Oxford: Princeton UniversityPress, 2019.
ORESKES, N.; CONWAY, E. M., Merchants of Doubt: how a handful of scientists obscured the truth on issues from tobacco smoke to global warming, New York: Bloomsbury Press, 2010.
PRESTES, M. B.; CALDEIRA, Ana M. de A., Introdução. A importância da história da ciência na educação científica, Filosofia e História da Biologia, v. 4, p. 1-16, 2009.
PIMENTEL, J. La Revolucíon Científica. In: Artola, M. (dir.) Historia de Europa: Tomo II. Madrid: Espasa Calpe, p. 163–238, 2007.
PIMENTEL, J. ¿Qué es la historia cultural de la ciencia?. ARBOR Ciência, Pensamento y Cultura, n. 743, p. 417-424, maio-junho 2010.
SHAPIN, S.; SHAFFER, S. Leviathan and the Air-Pump. Princeton: Princeton University Press, 1985.
TEIXEIRA, L. A., A trajetória do Instituto Butantan: pesquisa e produção de imunobiológicos para a saúde pública, Revista Brasileira de Inovação, Campinas, v. 15, p. 165-174, jan./jul., 2016.
Publicado
Versões
- 03.10.2022 (2)
- 03.10.2022 (1)
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Douglas da Costa Cardinot, Sabina Alexandre Luz
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
