Masculinidades hegemônicas como contrarresistência no contexto universitário
Conteúdo do artigo principal
Resumo
O objetivo deste estudo foi analisar as facetas do exercício das masculinidades hegemônicas como meio de contrarresistência de jovens rapazes diante da ascensão de um coletivo feminista no contexto universitário. Para tanto, foi desenvolvido um estudo longitudinal, qualitativo e interpretativista, pautado em múltiplas fontes de dados, como entrevistas, documentos e artefatos organizacionais, que foram analisadas de modo indutivo, com base em codificação aberta, axial e seletiva. Como principais resultados da triangulação dos dados, destacam-se: i) as masculinidades hegemônicas são caracterizadas pela liderança em grupos estudantis, exaltação das masculinidades e classificação das mulheres como subordinadas aos interesses dos rapazes; ii) ocorre a resistência de coletivos feministas, marcada pelo combate a situações de machismo no contexto universitário; iii) há uma contrarresistência masculina, com a intensificação das ações contra as mulheres, por meio de assédio, agressões, vandalismos e composições de músicas sexistas. O artigo contribui para a discussão sobre gênero e resistência, especialmente no contexto organizacional.
Downloads
Métricas
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Cadernos EBAPE.BR compromete-se a contribuir com a proteção dos direitos intelectuais do autor. Nesse sentido:
- Adota a licença Creative Commoms BY (CC-BY) em todos os textos que publica, exceto quando houver indicação de específicos detentores dos direitos autorais e patrimoniais;
- Adota software de verificação de similaridade de conteúdo - plagiarismo (Crossref Similarity Check);
- Adota ações de combate ao plagio e má conduta ética, alinhada às diretrizes do Committee on Publication Ethics (COPE).
Mais detalhes do Código de Ética adotado pelo Cadernos EBAPE.BR podem ser visualizados em Normas Éticas e Código de Conduta.
Referências
Arendt, H., & Kroh, J. (1964). Eichmann em Jerusalém. New York, NK: Viking Press.
Anderson, K. L., & Umberson, D. (2001). Gendering violence: masculinity and power in men’s accounts of domestic violence. Gender & Society, 15(3), 358-380. Recuperado de https://doi.org/10.1177/089124301015003003
Azevedo, L. H. (2016). Gênero, violência e universidade. In C. M. Cardoso (Org.), Universidade, poder e direitos humanos (pp. 117-140). São Paulo, SP: Cultura Acadêmica.
Bandeira, L. M. (2017). Trotes, assédios e violência sexual nos campi universitários no Brasil. Revista Gênero, 17(2), 49-79. Recuperado de https://doi.org/10.22409/rg.v17i2.942
Beasley, C. (2008). Rethinking hegemonic masculinity in a globalizing world. Men and Masculinities, 11(1), 86-103. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1097184X08315102
Bourdieu, P. (1977). Outline of a theory of practice. Cambridge, UK: Cambridge University Press.
Bourdieu, P. (1984). Distinction: a social critique of the judgement of taste. London, UK: Routledge & Kegan Paul.
Bourdieu, P. (1990). The logic of practice. Stanford, CA: Stanford University Press.
Carrigan, T., Connell, B., & Lee, J. (1987). Toward a new sociology of masculinity. In Brod, H. The making of masculinities (Cap. 3, pp. 63-100). London, UK: Routledge.
Coles, T. (2009). Negotiating the field of masculinity: the production and reproduction of multiple dominant masculinities. Men and Masculinities, 12(1), 30-44. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1097184X07309502
Collinson, D., & Hearn, J. (1994). Naming men as men: implications for work, organization and management. Gender, Work & Organization, 1(1), 2-22. Recuperado de https://doi.org/10.1111/j.1468-0432.1994.tb00002.x
Connell, R. W. (1982). Class, patriarchy, and Sartre’s theory of practice. Theory and Society, 11(3), 305-320. Recuperado de https://doi.org/10.1007/BF00211660
Connell, R. W. (1987). Gender and power. Sydney, Australia: Allen and Unwin.
Connell, R. W. (1995). Políticas de masculinidade. Educação e Realidade, 20(2), 185-206. Recuperado de https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71725
Connell, R. W. (2020). Masculinities (2a. ed.). London, UK: Routledge.
Connell, R. W., & Messerschmidt, J. W. (2005). Hegemonic masculinity: rethinking the concept. Gender & Society, 19(6), 829-859. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0891243205278639
Connell, R. W., & Messerschmidt, J. W. (2013). Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Revista Estudos Feministas, 21(1), 241-282. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0104-026X2013000100014
Corbin, J. M., & Strauss, A. L. (2015). Basics of qualitative research: techniques and procedures for developing grounded theory. Thousand Oaks, CA: Sage Publishing.
Creswell, J. W. (2009). Research design: qualitative, quantitative, and mixed methods approaches. London, UK: Sage Publishing.
Demetriou, D. Z. (2001). Connell’s concept of hegemonic masculinity: a critique. Theory and Society, 30(3), 337-361. Recuperado de https://doi.org/10.1023/A:1017596718715
Donaldson, M. (1993). What is hegemonic masculinity? Theory and Society, 22(5), 643-657. Recuperado de https://doi.org/10.1007/BF00993540
Engeli, I., & Mazur, A. (2018). Taking implementation seriously in assessing success: the politics of gender equality policy. European Journal of Politics and Gender, 1(1-2), 111-129. Recuperado de https://doi.org/10.1332/251510818X15282097548558
Foucault, M. (1978). The history of sexuality: an introduction. New York, NY: Pantheon.
Friese, S. (2019). Qualitative data analysis with ATLAS TI. London, UK: Sage Publications Limited.
Glaser, B. G. (1994). More grounded theory methodology: a reader. Mill Valley, CA: Sociology Press.
Gramsci, A. (1971). Selections from the prison notebooks. London, UK: Lawrence and Wishart.
Hakim, C. (1987). Research design: strategies and choices in the design of social research (n. 13). London, UK: Allen and Unwin.
Harrington, C. (2021). What is “toxic masculinity” and why does it matter? Men and Masculinities, 24(2), 345-352. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1097184X20943254
Hercus, C. (1999). Identity, emotion, and feminist collective action. Gender & Society, 13(1), 34-55. Recuperado de https://doi.org/10.1177/089124399013001003
Hollander, J. A., & Einwohner, R. L. (2004). Conceptualizing resistance. Sociological Forum, 19(4), 533-554. Recuperado de https://doi.org/10.1007/s11206-004-0694-5
Hyde, A., Drennan, J., Howlett, E., & Brady, D. (2009). Young men’s vulnerability in constituting hegemonic masculinity in sexual relations. American Journal of Men’s Health, 3(3), 238-251. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1557988308319730
Kärreman, D., & Alvesson, M. (2009). Resisting resistance: counter-resistance, consent and compliance in a consultancy firm. Human Relations, 62(8), 1115-1144. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0018726709334880
Kessler, S. J., Ashenden, D. J, Connell, R.W., & Dowsett, G.W. (1982). Ockers and discomaniacs: a discussion of sex, gender and secondary schooling. Sydney, Australia: Inner City Education Center.
Kimmel, M. S. (1998). A produção simultânea de masculinidades hegemônicas e subalternas. Horizontes Antropológicos, 9(1), 103-118. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0104-71831998000200007
Leech, N. L., & Onwuegbuzie, A. J. (2007). An array of qualitative data analysis tools: a call for data analysis triangulation. School Psychology Quarterly, 22(4), 557-584. Recuperado de https://doi.org/10.1037/1045-3830.22.4.557
Lincoln, Y. S., & Guba, E. G. (1985). Naturalistic inquiry. Beverly Hills, CA: Sage.
Linhares, Y., & Laurenti, C. (2018). Uma análise de relatos verbais de alunas sobre situações de assédio sexual no contexto universitário. Perspectivas em Análise do Comportamento, 9(2), 234-247. Recuperado de https://doi.org/10.18761/PAC.2018.n2.08
Martin, P. Y. (2016). The rape prone culture of academic contexts: fraternities and athletics. Gender & Society, 30(1), 30-43. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0891243215612708
Medina, J. (2012). The epistemology of resistance. Oxford, UK: Oxford University Press.
Mergaert, L., & Lombardo, E. (2014). Resistance to implementing gender mainstreaming in EU research policy. European Integration Online Papers, 18(1), 1-21. Recuperado de http://eiop.or.at/eiop/pdf/2014-005.pdf
Messerschmidt, J. W. (2019). The salience of “hegemonic masculinity”. Men and Masculinities, 22(1), 85-91. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1097184X18805555
Miles, M. B., & A. M. Huberman. (1994). Qualitative data analysis: an expanded sourcebook (2a. ed.). Thousand Oaks, CA: Sage Publishing.
Moller, M. (2007). Exploiting patterns: a critique of hegemonic masculinity. Journal of Gender Studies, 16(3), 263-276. Recuperado de https://doi.org/10.1080/09589230701562970
Mumby, D. K. (2005). Theorizing resistance in organization studies: a dialectical approach. Management Communication Quarterly, 19(1), 19-44. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0893318905276558
Murnen, S. K., & Kohlman, M. H. (2007). Athletic participation, fraternity membership, and sexual aggression among college men: a meta-analytic review. Sex Roles, 57(1-2), 145-157. Recuperado de https://doi.org/10.1007/s11199-007-9225-1
Nogueira, C. G. D. M., & Miranda, M. H. G. D. (2017). A (re)produção das masculinidades hegemônicas. Revista Interritórios, 3(5), 1-21. Recuperado de https://doi.org/10.51359/2525-7668.2017.234444
O’Connor, P. (2000). Resistance amongst faculty women in academe. Higher Education in Europe, 25(2), 213-219. Recuperado de https://doi.org/10.1080/713669252
Patton, M. Q. (2002). Qualitative research and evaluation methods (3a. ed.). Thousand Oakes, CA: Sage Publishing.
Ratele, K. (2015). Working through resistance in engaging boys and men towards gender equality and progressive masculinities. Culture, Health & Sexuality, 17(2), 144-158. Recuperado de https://doi.org/10.1080/13691058.2015.1048527
Rodriguez, S. L. S. (2019). Um breve ensaio sobre a masculinidade hegemônica. Diversidade e Educação, 7(2), 276-291. Recuperado de https://doi.org/10.14295/de.v7i2.9291
Ruspini, E. (2000). Longitudinal research in the social sciences. Social Research Update, 28(20), 1-8. Recuperado de https://sru.soc.surrey.ac.uk/SRU28.html
Scott, J. C. (2008). Weapons of the weak: everyday forms of peasant resistance. New Haven, CT: Yale University Press.
Selbin, E. (2010). Revolution, rebellion, resistance: the power of story. London, UK: Bloomsbury Publishing.
Silva, S. G. D. (2006). A crise da masculinidade: uma crítica à identidade de gênero e à literatura masculinista. Psicologia: Ciência e Profissão, 26(1), 118-131. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1414-98932006000100011
Smith, J., & Johnston, H. (2002). Globalization and resistance. Transnational dimensions of social movements. Lanham, MA: Rowman and Littlefield.
Strauss, A.L., Corbin, J.M. (1990). Basics of qualitative research: grounded theory procedures and techniques. Newbury Park, CA: Sage Publishing.
Sweet, P. L. (2019). The sociology of gaslighting. American Sociological Review, 84(5), 851-875. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0003122419874843
Tildesley, R., Lombardo, E., & Verge, T. (2022). Power struggles in the implementation of gender equality policies: the politics of resistance and counter-resistance in universities. Politics & Gender, 18(4), 879-910. Recuperado de https://doi.org/10.1017/S1743923X21000167
Tucker, L. A., & Govender, K. (2017). “Sticks and stones”: masculinities and conflict spaces. Gender and Education, 29(3), 352-368. Recuperado de https://doi.org/10.1080/09540253.2016.1156059
Verge, T., Ferrer-Fons, M., & González, M. J. (2018). Resistance to mainstreaming gender into the higher education curriculum. European Journal of Women’s Studies, 25(1), 86-101. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1350506816688237
Verge, T., & Lombardo, E. (2021). The contentious politics of policy failure: the case of corporate board gender quotas in Spain. Public Policy and Administration, 36(2), 232-251. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0952076719852407
Vinthagen, S., & Johansson, A. (2013). Everyday resistance: Exploration of a concept and its theories. Resistance studies magazine, 1(1), 1-46.
Wapner, P. K. (1996). Environmental activism and world civic politics. New York, NY: Suny Press.