Debatendo a escravidão negra nos estudos em gestão e organização a partir de perspectivas decoloniais e afrodiaspóricas

Conteúdo do artigo principal

Cíntia Cristina Silva de Araújo
Alexandre Faria
Jair Nascimento Santos
Nidhi Srinivas

Resumo

Esta edição especial, generosamente aceita e publicada pelo Cadernos EBAPE.BR, surge das lutas diárias pela preservação da vida no Brasil e em outras partes do Sul Global e contra a radicalização da invisibilidade das opressões coloniais e raciais em um momento de dupla pandemia, a da COVID-19 e da supremacia branca. Essa coleção de artigos que temos o prazer de compartilhar com você, incorpora nossa resposta decolonizadora e desracializadora a uma normalização da necropolítica, de decidir quem pode viver e quem deve morrer. Essa normalização pode ser vista, por exemplo, na falsa ideia de impunidade de agentes da aplicação da lei, como o policial de Mineápolis que matou George Floyd nos EUA. É importante destacar que o assassinato de George Floyd teria sido apenas mais uma estatística se não fosse a coragem e determinação da adolescente negra de 17 anos que filmou aquela ocorrência ordinária com seu celular. Inspirados pela coragem negra, reunimos oito artigos provocativos e perspicazes que nos ajudarão a refletir sobre as lutas enfrentadas por comunidades marginalizadas e o impacto da perspectiva eurocêntrica na compreensão das práticas de gestão e dinâmicas organizacionais. Esses artigos abordam temas como o papel da Contabilidade no sistema escravagista, formas contemporâneas de escravidão no Brasil e as experiências interseccionais das mulheres negras na exploração trabalhista. Nosso objetivo é desafiar narrativas existentes e, ao iluminar histórias ocultas sobre a escravidão negra por meio de perspectivas decoloniais e afrodiaspóricas, contribuir para decolonização e desracialização dentro e fora do campo da Gestão e dos Estudos Organizacionais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Detalhes do artigo

Como Citar
Araújo, C. C. S. de, Faria, A., Santos, J. N., & Srinivas, N. (2023). Debatendo a escravidão negra nos estudos em gestão e organização a partir de perspectivas decoloniais e afrodiaspóricas. Cadernos EBAPE.BR, 21(3), e2023–0100. https://doi.org/10.1590/1679-395120230100
Seção
Apresentação

Referências

Abdalla, M. M., & Faria, A. (2017). Em defesa da opção decolonial em administração/gestão. Cadernos EBAPE.BR, 15(4), 914-929. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1679-395155249

Araújo, C. C. S., & Carneiro, E., Jr. (2020). A bibliometric analysis of the intellectual structure of studies on slavery in the 21st century. International Journal of Professional Business Review, 5(1), 105-127. Recuperado de https://doi.org/10.26668/businessreview/2020.v5i1.175

Asian Dub Foundation. (2000). Colour Line (Album Community Music). London: UK: Full Frequency Range Recordings.

Bales, K. (2005). Understanding global slavery: a reader. Berkeley, CA: University of California Press.

Barros, A., & Alcadipani, R. (2022). Decolonizing journals in management and organizations? Epistemological colonial encounters and the double translation. Management Learning. Recuperado de https://doi.org/10.1177/13505076221083204

Baptist, E. E. (2016). The half has never been told: slavery and the making of American capitalism. New York, NY: Basic Books.

Bento, C. (2022). O Pacto da branquitude. São Paulo, SP: Companhia das Letras.

Bernardino-Costa, J., & Grosfoguel, R. (2016). Decolonialidade e perspectiva negra. Sociedade e Estado, 31(1), 15-24. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100002

Bernardino-Costa, J., Maldonado-Torres, N., & Grosfoguel, R. (2018). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. São Paulo, SP: Autêntica.

Carrillo, I. (2021). Racialized organizations and color-blind racial ideology in Brazil. Sociology of Race and Ethnicity, 7(1), 56-70. Recuperado de https://doi.org/10.1177/2332649220943223

Caruana, R., Crane, A., Gold, S., & LeBaron, G. (2020). Modern slavery in business: the sad and sorry state of a non-field. Business & Society, 60(2), 251-287. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0007650320930417

Cooke, B. (2003). The denial of slavery in management studies. Journal of Management Studies, 40(8), 1895-1918. Recuperado de https://doi.org/10.1046/j.1467-6486.2003.00405.x

Crane, A. (2013). Modern slavery as a management practice: exploring the conditions and capabilities for human exploitation. Academy of Management Review, 38(1), 49-69. Recuperado de https://doi.org/10.5465/amr.2011.0145

Dar, S., Liu, H., Dy, A. M., & Brewis, D. N. (2021). The business school is racist: Act up! Organization, 28(4), 695-706. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1350508420928521

Davis, A. Y. (2011). Women, race, & class. New York, NY: Vintage Books.

Davis, A. (2016). Mulheres, Raça e Classe. São Paulo, SP: Boitempo.

Dear, L. (2018). The university as branch plant industry. In J. Cupples, & R. Grosfoguel (Eds.), Unsettling Eurocentrism in the Westernized University (pp. 23-41). New York, NY: Routledge.

Dias, L. (2022, maio 17). As mudanças na Lei de Cotas em disputa na Câmara. BBC Brasil. Recuperado de https://www.bbc.com/portuguese/brasil-61474992

Duarte, R. M. (2023). The contributions of Clóvis Moura’s interpretation of slavery in Brazil and the possible dialogues with organization studies. Cadernos EBAPE.BR, 21(3), e2022-0052. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1679-395120220052x

Dussel, E. (2000). Europe, modernity, and eurocentrism. Nepantla: Views from South, 1(3), 465-478. Recuperado de https://muse.jhu.edu/article/23901

Fanon, F. (1963a). A dying colonialism. New York, NY: Grove Press.

Fanon, F. (1963b). The wretched of the Earth. New York, NY: Grove Weidenfeld.

Fanon, F. (1965). Equality, diversity and inclusion: an international journal. New York, NY: Grove Press.

Faustino, D. M. (2021a). The wretched of COVID-19 in Brazil: colonial spectres of an announced crisis. Agrarian South: Journal of Political Economy, 10(1), 173-183. Recuperado de https://doi.org/10.1177/22779760211003531

Faustino, D. M. (2021b) The wretched by COVID-19 and the colonial faces of black genocide in Brasil. In N. Gibson (Ed.), Fanon Today (pp. 490-506). Québec, Canada: Daraja Press.

Gold, S., Trautrims, A., & Trodd, Z. (2015). Modern slavery challenges to supply chain management. Supply Chain Management: An International Journal, 20(5), 485-494. Recuperado de https://doi.org/10.1108/SCM-02-2015-0046

Gomes, F. (2015). Mocambos e quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil. São Paulo, SP: Companhia das Letras.

Gonzalez, L. (2020). Por um feminismo afro-latino-americano. São Paulo, SP: Companhia das Letras.

Gordon, L. (2022). Fear of Black Consciousness. New York, NY: Farrar, Strauss and Giroux.

Habermas, J. (1996). Modernity: an unfinished project. In M. D’Entreves, & S. Benhabib (Eds.), Habermas and the unfinished project of modernity: critical essays on the philosophical discourse of modernity (pp. 38-58). Cambridge, UK: Polity Press.

Hage, G. (2016). État de siège: A dying domesticating colonialism? American Ethnologist, 43(1), 38-49. Recuperado de https://doi.org/10.1111/amet.12261

Hailer, M. (2023, março 10). Trabalho escravo: Salton, Aurora e Garibaldi fecham acordo e pagarão indenização aos trabalhadores resgatados. Revista Fórum. Recuperado de https://revistaforum.com.br/brasil/sul/2023/3/10/trabalho-escravo-salton-aurora-garibaldi-fecham-acordo-pagaro-indenizao-aos-trabalhadores-resgatados-132554.html

Hall, S. (2017). The fateful triangle: race, ethnicity, nation. Cambridge, MA: Harvard University Press.

Horner, R., & Nadvi, K. (2018). Global value chains and the rise of the Global South: unpacking twenty‐first century polycentric trade. Global Networks, 18(2), 207-237. Recuperado de https://doi.org/10.1111/glob.12180

Ibarra-Colado, E. (2006). Organization studies and epistemic coloniality in Latin America: thinking otherness from the margins. Organization, 13(4), 463-488. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1350508406065851

International Labour Organisation. (2012). ILO global estimate of forced labour: results and methodology. Geneva, Switzerland: Autor.

Jaime, P., Barreto, P., & Oliveira, C. (2018). Lest we forget! Presentation of the Special Issue “Racial dimensions in the corporate world”. Organizações & Sociedade, 25(87), 542-550. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1984-9250870

Jammulamadaka, N., & Faria, A. (2023). Decolonizing inclusion in performing academia: Trans‐inclusion as phronetic border thinking/doing praxis. Gender, Work & Organization, 30(2), 431-456. Recuperado de https://doi.org/10.1111/gwao.12955

Kara, S. (2017). Modern slavery: A global perspective. New York, NY: Columbia University.

Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo, SP: Companhia das Letras.

Lacerda, N. (2022, março 16). Mulheres pretas ocupam 11% das vagas no setor de tecnologia, | Geral. Brasil de Fato. Recuperado de https://www.brasildefato.com.br/2022/03/16/mulheres-pretas-ocupam-11-das-vagas-no-setor-de-tecnologia-mostra-relatorio

Landman, T., & Silverman, B. W. (2019). Globalization and modern slavery. Politics and Governance, 7(4), 275-290. Recuperado de https://doi.org/10.17645/pag.v7i4.2233

Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. (2012). Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Brasília, DF. Recuperado de https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2012/lei-12711-29-agosto-2012-774113-normaatualizada-pl.html

Lorde, A. (2012). Sister outsider: essays and speeches. Berkeley, CA: Crossing Press.

Maldonado-Torres, N. (2007). On the coloniality of being: Contributions to the development of a concept. Cultural Studies, 21(2-3), 240-270. Recuperado de https://doi.org/10.1080/09502380601162548

Mayorga-Gallo, S. (2019). The white-centering logic of diversity ideology. American Behavioral Scientist, 63(13), 1789-1809. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0002764219842619

Mbembe, A., & Shread, C. (2021). The universal right to breathe. Critical Inquiry, 47(S2), S58-S62. Recuperado de https://doi.org/10.1086/711437

Melo, J. O. (2022, abril 03). Estados republicanos dos EUA aprovam leis que censuram o ensino. Consultor Jurídico. Recuperado de https://www.conjur.com.br/2022-abr-03/estados-republicanos-eua-aprovam-leis-censuram-ensino

Marable, M. (2015). How capitalism underdeveloped Black America: problems in race, political economy, and society. Chicago, IL: Haymarket Books.

Mignolo, W. D. (2011). The darker side of western modernity: global futures, decolonial options. Durham, NC: Duke University Press.

Mignolo, W. D., & Ennis, M. (2001). Coloniality at large: the western hemisphere in the colonial horizon of modernity. CR: The New Centennial Review, 1(2), 19-54. Recuperado de https://www.jstor.org/stable/41949278

Mignolo, W. D., & Walsh, C. E. (2018). On decoloniality: concepts, analytics, praxis. Durham, NC: Duke University Press.

Moura, C. (2020). Rebeliões da Senzala (6a ed.). São Paulo, SP: Anita Garibaldi.

Moura, C. (2021). O negro: de bom escravo a mau cidadão? São Paulo, SP: Dandara Editora.

New, S. J. (2015). Modern slavery and the supply chain: the limits of corporate social responsibility? Supply Chain Management: An International Journal, 20(6), 697-707. Recuperado de https://doi.org/10.1108/SCM-06-2015-0201

Nkomo, S. M. (1992). The emperor has no clothes: rewriting “race in organizations”. Academy of Management Review, 17(3), 487-513. Recuperado de https://psycnet.apa.org/doi/10.2307/258720

Nkomo, S. M. (2020). Intersecting viruses: A clarion call for a new direction in diversity theorizing. Equality, Diversity and Inclusion: An International Journal, 39(7), 811-821. Recuperado de https://doi.org/10.1108/EDI-07-2020-0192

Ortega, M. (2017). Decolonial woes and practices of un-knowing. Journal of Speculative Philosophy, 31(3), 504-516. Recuperado de https://doi.org/10.5325/jspecphil.31.3.0504

Phung, K., & Crane, A. (2018). The business of modern slavery: Management and organizational perspectives. In J. B. Clark & S. Poucki (Eds.), The SAGE handbook of human trafficking and modern day slavery (pp. 177-197). Thousand Oaks, CA: Sage.

Pieterse, J. N. (2011). Global rebalancing: crisis and the East-South turn. Development and Change, 42(1), 22-48. Recuperado de https://doi.org/10.1111/j.1467-7660.2010.01686.x

Quijano, A. (1993). América Latina en la coyuntura mundial. Problemas Del Desarrollo, 24(95), 43-59. Recuperado de https://doi.org/10.22201/iiec.20078951e.1993.95.32381

Quijano, A. (2000). Coloniality of power and eurocentrism in Latin America. International Sociology, 15(2), 215-232. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0268580900015002005

Roediger, D. R., & Esch, E. D. (2012). The production of difference: race and the management of labor in US history. Oxford, UK: Oxford University Press.

Rosa, A. R. (2014). Relações raciais e estudos organizacionais no Brasil. RAC - Revista de Administração Contemporânea, 18(3), 240-260. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1982-7849rac20141085

Rosenthal, C. (2016). Slavery’s scientific management: Masters and managers. In S. Beckert, & S. Rockman (Eds.), Slavery’s capitalists: towards a new history of American economic development (pp. 62-86). Philadelphia, PA: University of Pennsylvania Press.

Smith, C. (2016). Afro-paradise: blackness, violence, and performance in Brazil. Chicago, IL: University of Illinois Press.

Souza, J. (2023, abril 29). Advogado de mulher expulsa de voo vê racismo estrutural e diz que ela está muito abalada. G1. Recuperado de https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2023/04/29/advogado-de-mulher-expulsa-de-voo-ve-racismo-estrutural-e-diz-que-ela-esta-muito-abalada.ghtml

Stovall, D. (2020). On knowing: Willingness, fugitivity and abolition in precarious times. Journal of Language and Literacy Education, 16(1), 1-7. Recuperado de http://jolle.coe.uga.edu/wp-content/uploads/2020/05/Stovall_JoLLE2020.pdf

Stringer, C., & Michailova, S. (2018). Why modern slavery thrives in multinational corporations’ global value chains. Multinational Business Review, 26(3), 194-206. Recuperado de https://doi.org/10.1108/MBR-04-2018-0032

Suwandi, I., & Foster, J. B. (2022). COVID-19 and imperial value: Commodity chains, global monopolies, and catastrophe capitalism. International Critical Thought, 12(3), 426-447. Recuperado de https://doi.org/10.1080/21598282.2022.2093772

Telles, E. (2014). Pigmentocracies: ethnicity, race, and color in Latin America. Chapel Hill, NC: University of North Carolina Press.

Takaki, R. T. (2000). Iron cages: race and culture in 19th-century America. Oxford, UK: Oxford University Press.

Trautrims, A., Schleper, M. C., Cakir, M. S., & Gold, S. (2020). Survival at the expense of the weakest? Managing modern slavery risks in supply chains during COVID-19. Journal of Risk Research, 23(7-8), 1067-1072. Recuperado de https://doi.org/10.1080/13669877.2020.1772347

TV Bahia, & G1 BA. (2022, maio 2). Ex-patroa diz que não pagava salário de doméstica resgatada de trabalho análogo à escravidão porque a considerava da família. G1. Recuperado de https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2022/05/02/ex-patroa-diz-que-nao-pagava-salario-de-domestica-resgatada-de-trabalho-analogo-a-escravidao-porque-a-considerava-da-familia.ghtml

United Nations. (2015). Transforming our world: the 2030 agenda for sustainable development. Recuperado de https://sdgs.un.org/2030agenda

Vilela, P. R. (2022, abril 27). Mulheres negras são 65% das trabalhadoras domésticas no país. Agência Brasil. Recuperado de https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2022-04/mulheres-negras-sao-65-das-trabalhadoras-domesticas-no-pais

Voss, H., Davis, M., Sumner, M., Waite, L., Ras, I. A., Singhal, D. I. V. Y. A., … Jog, D. (2019). International supply chains: compliance and engagement with the Modern Slavery Act. Journal of the British Academy, 7(S1), 61-76. Recuperado de https://doi.org/10.5871/jba/007s1.061

Wynter, S. (2003). Unsettling the coloniality of being/power/truth/freedom: Towards the human, after man, its overrepresentation - An argument. CR: The New Centennial Review, 3(3), 257-337. Recuperado de https://doi.org/10.1353/ncr.2004.0015