Precisamos falar sobre Taylor: indícios de racismo na administração científica?

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Geruza de Fátima Tomé Sabino
https://orcid.org/0000-0002-2247-0869
Daniel Calbino Pinheiro
https://orcid.org/0000-0001-8260-6126

Resumo

Apesar das críticas decoloniais e afrodiaspóricas no campo dos estudos em gestão e organizações, o ensino nas escolas de administração, de modo geral, ainda apresenta as teorias administrativas de forma acrítica e a-histórica, desconsiderando os resquícios da escravidão negra e da sua lógica nas práticas administrativas. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo geral desenvolver a hipótese de que, ideologicamente, a teoria científica foi concebida em uma base racista de organização do trabalho. Em termos metodológicos, foram realizadas pesquisas documentais nas obras de Frederick Winslow Taylor, contrapondo-as ao contexto histórico marcado por elementos eugênicos que atravessavam a sua visão de mundo, aparentemente silenciados em suas obras. Por conseguinte, concluímos que a teoria taylorista, justificada na semântica de limitações inatas à natureza humana, vai intensificar as formas de exploração dos trabalhadores, sobretudo os negros, refletindo, como suposição, a reprodução do racismo no âmbito da gestão das organizações.

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Como Citar
Sabino, G. de F. T., & Pinheiro, D. C. (2023). Precisamos falar sobre Taylor: indícios de racismo na administração científica?. Cadernos EBAPE.BR, 21(3), e2022–0065. https://doi.org/10.1590/1679-395120220065
Seção
Artigos

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