A política e a economia do governo Bolsonaro: uma análise sobre a captura do orçamento

Conteúdo do artigo principal

Marcos Fernandes Gonçalves da Silva
https://orcid.org/0000-0003-4350-9918
Marco Antonio Carvalho Teixeira

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar o final do governo Bolsonaro do ponto de vista da capacidade de arbitrar o conflito distributivo e de governar. Para tanto, analisa-se o processo orçamentário 2021/2022. A análise é de economia política e de política. Parte-se do suposto de que o orçamento é a expressão dos conflitos distributivos inerentes à sociedade e de que tais conflitos devem ser arbitrados. Do contrário, haverá perda  de agenda e  descontrole da política fiscal. O artigo descreve como elementos institucionais e estruturais estão por detrás da construção de orçamentos críveis, sustentáveis e efetivos e de seus contrários. Em primeiro lugar, faz-se uma análise de economia política e, por fim, de ciência política. A conclusão é que o processo orçamentário de 2021/2022 é um sintoma da crise de governabilidade, pois há evidências de que não houve arbitragem do conflito distributivo.

Detalhes do artigo

Como Citar
SILVA, M. F. G. da; TEIXEIRA, M. A. C. A política e a economia do governo Bolsonaro: uma análise sobre a captura do orçamento . Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 27, n. 86, p. 1–13, 2022. DOI: 10.12660/cgpc.v27n86.85574. Disponível em: https://periodicos.fgv.br/cgpc/article/view/85574. Acesso em: 2 dez. 2023.
Seção
Brasil Contemporâneo

Referências

Adolph, C., Breunig, C., & Koski, C. J. (2012). The Political Economy of Budget Trade-Offs. Journal of Public Policy, 40(1), 1-26. doi:10.1017/s0143814x18000326 DOI: https://doi.org/10.1017/S0143814X18000326

Abranches, S. (1998). Presidencialismo de coalizão: O dilema institucional brasileiro. Dados - Revista de Ciências Sociais, 31(1),5-38. Recuperado de http://dados.iesp.uerj.br/artigos/?id=348

Alesina, A. (1995). The Political Economy of Budget Deficits. IMF Staff Papers, 42(1)1-31. doi: 10.2307/3867338 DOI: https://doi.org/10.2307/3867338

Avritzer, L. (2018). O pêndulo da democracia no Brasil: Uma análise da crise 2013-2018. Novos estudos CEBRAP, 37(2), doi: 10.25091/S01013300201800020006 DOI: https://doi.org/10.25091/S01013300201800020006

Bonfiglioli, A. & Gancia, G. (2013). Uncertainty, Electoral Incentives and Political Myopia. Economic Journal, 123(568), 373-400. Recuperado de https://www.jstor.org/stable/23470592 DOI: https://doi.org/10.1111/ecoj.12029

Borges, A. (2021). The Illusion of Electoral Stability: From Party System Erosion to Right-Wing Populism in Brazil. Journal of Politics in Latin America, 13(2)166–191, doi: 10.1177/1866802X211005164 DOI: https://doi.org/10.1177/1866802X211005164

Couto, L., Soares, A., & Livramento, B. (2021). Presidencialismo de coalizão: Conceito e aplicação. Revista Brasileira de Ciência Política, (34), 2021, doi: 10.1590/0103-3352.2021.34.241841 DOI: https://doi.org/10.1590/0103-3352.2021.34.241841

Couto, C. & Silva, M. G. S.. (2017). A Economia Política do Conflito Distributivo. Recuperado de https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/cepesp/economia-e-politica-do-conflito-distributivo-20122017

Dahl, R. (2001). Sobre a democracia. Brasília, DF: Editora UnB.

Eslava, M. (2012). The Political Economy of Public Spending and Fiscal Deficits: Lessons for Latin America. Oxford, UK: Oxford University Press. DOI: https://doi.org/10.1093/oxfordhb/9780199747504.013.0019

Folha de S. Paulo (2015, 20 de maio). Bancada de FHC no Congresso sofre retração. Recuperado de https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2005200105.htm.

Graeber, D. & Wengrow, D. (2021). The Dawn of Everything: A New History of Humanity. New York: Farrar, Straus and Giroux.

Stein, E. H., Hallerberg, M., & Scartascini, C., (Eds.) (2009). Who Decides the Budget? A Political Economy Analysis of the Budget Process in Latin America. Washington, D.C: Inter-American Development Bank.

Mendes, M. (2014). Por que o Brasil Cresce Pouco?. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier; Campus.

Olson, M. (2009). The Logic of Collective Action. Cambridge, MA: Harvard University Press. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctvjsf3ts

Scott, J. C.. (2017). Against the Grain: A Deep History of the Earliest States. Connecticut: Yale University Press. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv1bvnfk9

Teixeira, M. A C. (2021a). Em defesa da democracia. GV Executivo, 20(3), doi: 10.12660/gvexec.v20n3.2021.84618 DOI: https://doi.org/10.12660/gvexec.v20n3.2021.84618

Teixeira, M. A. C. (2021b). Emendas parlamentares, orçamento secreto e desequilíbrio da democracia. GV Executivo, 20(4). doi: 10.12660/gvexec.v20n4.2021.85087 DOI: https://doi.org/10.12660/gvexec.v20n4.2021.85087

Tenorio, F. G, & Teixeira, M. A. C. (2021). O conceito de gestão social e a democracia regressiva no Brasil após 2016. Administração Pública e Gestão Social, 13(2), doi: 10.21118/apgs.v13i2.10767 DOI: https://doi.org/10.21118/apgs.v13i2.10767

Urbinati, N. (2006). O que torna a representação democrática? Lua Nova (67), doi: 10.1590/S0102-64452006000200007 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-64452006000200007

Weffort, F. C. (Org.) (2001). Os clássicos da política: Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau, “o Federalista”. São Paulo, SP: Ática.

Wildavsky, A., & Caiden, N. (2003). The New Politics of the Budgetary Process. Longman Classics Series, Londres, Uk: Pearson.