Há diferenças remuneratórias por gênero na magistratura brasileira?
Conteúdo do artigo principal
Resumo
O propósito deste estudo é testar a hipótese de que há clara diferença entre as remunerações médias percebidas por juízes e juízas de 8 tribunais de justiça brasileiros. Por meio da técnica de matching, realizou-se um pareamento entre juízes e juízas condicionado ao cargo, ao tempo de magistratura, ao mês e ao ano da remuneração, bem como ao tribunal. As diferenças nas médias remuneratórias persistem mesmo após o pareamento, o que pode ser explicado pelos mediadores de gênero, que operam gerando melhores oportunidades para homens em desfavor das mulheres.
Downloads
Detalhes do artigo
A Revista de Administração Pública (RAP) compromete-se a contribuir com a proteção dos direitos intelectuais do autor. Nesse sentido:
- Adota a licença Creative Commoms BY (CC-BY) em todos os textos que publica, exceto quando houver indicação de específicos detentores dos direitos autorais e patrimoniais;
- Adota software de verificação de similaridade de conteúdo - plagiarismo (Crossref Similarity Check);
- Adota ações de combate ao plagio e má conduta ética, alinhada às diretrizes do Committee on Publication Ethics (COPE).
Mais detalhes do Código de Ética adotado pela RAP podem ser visualizados em Normas Éticas e Código de Conduta.
Referências
Almeida, F. (2010). A nobreza togada: as elites jurídicas e a política da justiça no Brasil (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Bahillo, C. G., Saso, C. E., & Muñio, C. M. (2016). Feminización de la judicatura española. Convergencia – Revista de Ciencias Sociales, 23(70), 199-226.
Baltagi, B. (2008). Econometric analysis of panel data. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons.
Bercholc, J. (2015). Mujeres supremas: la cuestión de género en cortes supremas y tribunales constitucionales. Datos comparados sobre la perfomance de las juezas. Revista Científica Codex, 1(1), 211-226.
Bergallo, P. (2007). ¿Un techo de cristal en el poder judicial? la selección de los jueces federales y nacionales en Buenos Aires. In L. Cabal, & C. Motta (Eds.), Más allá del derecho: justicia y género en América Latina. Bogota, Colombia: Siglo del Hombre.
Bergoglio, M. I. (2009). Diversidad y desigualdad en la profesión jurídica: consecuencias sobre el papel del derecho en América Latina. Via Iuris, 6, 12-28.
Blinder, A. S. (1974). Toward an economic theory of income distribution. Cambridge, UK: MIT Press.
Bonelli, M. G. (2011). Profissionalismo, gênero e significados da diferença entre juízes e juízas estaduais e federais. Revista Contemporânea, 1, 103-123.
Bonelli, M. G. (2016). Carreiras jurídicas e vida privada: intersecções entre trabalho e família. Cadernos Pagu, 46, 245-277.
Bonelli, M. G., & Oliveira, F. L. (2020). Mulheres magistradas e a construção de gênero na carreira judicial. Novos Estudos Cebrap, 39(1), 143-163.
Bonet, M. A. R. (2014) Desigualdades de género en el mercado laboral: un problema actual. Islas Baleares, España: Universitat de les Illes Balears.
Cahuc, P., Carcillo, S., & Zylberberg, A. (2014). Labor Economics. Cambridge, UK: MIT Press.
Carvalho, E., & Leitão, N. (2013). O poder dos juízes: Supremo Tribunal Federal e o desenho institucional do Conselho Nacional de Justiça. Revista de Sociologia Política, 21(45), 13-27.
Centro Regional de Derechos Humanos y Justicia de Género. (2007). Informe regional: iguales en méritos, desiguales en oportunidades – acceso de mujeres a los sistemas de administración de justicia. Bogota, Colombia: Autor
Conselho Nacional de Justiça. (2014). Censo do Poder Judiciário. Vide – Vetores Iniciais e Dados Estatísticos. Brasília, DF: Autor.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. (1988). Brasília, DF. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
Croissant, Y., & Millo, G. (2008, julho). Panel data econometrics with R: the plm Package. Journal of Statistical Software, 27(2), 1-43.
Duarte, M., Fernando, P., Gomes, C., & Oliveira, A. (2014) The feminization of the judiciary in Portugal: dilemmas and paradoxes. Utrecht Law Review, 10(1), 29-43.
Djurdjevic, D., & Radyakin, S. (2007). Decomposition of the gender wage gap using matching: an application for Switzerland. Swiss Journal of Economics and Statistics, 143(4), 365-396.
Dushoff, J., Kain, M. P., & Bolker, B. M. (2019). I can see clearly now: reinterpreting statistical significance. Methods in Ecology and Evolution, 10(6), 756-59.
Fragale, R., Filho, Moreira, R. S., & Sciammarella, A. P. (2015). Magistratura e gênero: um olhar sobre as mulheres nas cúpulas do judiciário brasileiro. E-cadernos CES, 24, 57-77.
Frölich, M. (2007). Propensity score matching without conditional independence assumption — with an application to the gender wage gap in the United Kingdom. The Econometrics Journal, 10(2), 359-407.
Gastiazoro, M. E. (2008). La concentración de las mujeres en la administración de justicia. Anuario del CIJS, 11, 705-721.
Gastiazoro, M. E. (2010). Construcción de la identidad profesional y de género en la administración de justicia Argentina. Via Iuris, 9, 11-32.
Gastiazoro, M. E. (2013). Género y trabajo: mujeres en el poder judicial. Córdoba, Argentina: Centro de Estudios Avanzados.
Gastiazoro, M. E. (2016). Inserción de las mujeres en las grandes firmas jurídicas de Argentina. Trabajo y Sociedad, 27, 139-153.
Hlavac, M. (2014, novembro). Oaxaca: Blinder- Oaxaca decomposition in R. SSRN. Recuperado de http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2528391
Hunter, R. (2015). More than just a different face? Judicial diversity and decision-making. Current Legal Problems, 68(1), 119-141.
Iacus, S. M., King, G., & Porro, G. (2012). Causal inference without balance checking: Coarsened exact matching, Political Analysis, 20(1), 1-24.
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. (2020). Boletim Mercado de Trabalho: conjuntura e análise. Brasília, DF: Autor.
Junqueira, E. B. (1998). A mulher juíza e a juíza mulher. In C. Bruschini, & H. B. Holanda (Eds.), Horizontes plurais: novos estudos de gênero no Brasil. São Paulo, SP: Fundação Carlos Chagas.
Kahwage, T., & Severi, F. C. (2019). Para além de números: uma análise dos estudos sobre a feminização da magistratura. Revista de Informação Legislativa, 56(222), 51-73.
Lei complementar nº 35, de 14 de março de 1979. (1979). Dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional. Brasília, DF. Recuperado de http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.htm
Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. (2011). Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Brasília, DF. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
Lopez, F., & Guedes, E. (2019). Três décadas de funcionalismo brasileiro (1986-2017): atlas do Estado brasileiro. Rio de Janeiro, RJ: Ipea.
Malleson, K. (2003). La justificación de la igualdad de género en la magistratura: por qué la diferencia no funciona. Revista Jurídica de Universidad de Palermo, 1(8), 35-56.
Marques, G., Jr. (2014). Espaço, profissão e gênero: mobilidade e carreira entre juízes e juízas no estado de São Paulo. Cadernos Pagu, 43, 265-297.
Meadow, C. M. (2013). A sociologia comparada das advogadas: a feminização da profissão jurídica. Panóptica, 8(25), 67-96.
Meirelles, H. L. (2016). Direito administrativo brasileiro. São Paulo, SP: Malheiros.
Nakamura, L. M., & Vaz, D. V. (2020). Quão heterogêneo é o setor público no Brasil? uma análise das diferenças salariais entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Administração Pública e Gestão Social, 12(4), 1-24.
Ñopo, H. (2008). Matching as a tool to decompose wage gaps. The Review of Economics and Statistics, 90(2), 290-299.
Oaxaca, R. (1973). Male-female wage differentials in urban labor markets. International Economic Review, 14(3), 693-709.
Portaria nº 63, de 17 de agosto de 2017. (2017). Impõe dever de apresentar dados sobre estrutura e pagamento remuneratório de magistrados pelos Tribunais do País ao Conselho Nacional de Justiça para cumprimento da Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) e a Resolução n. 215, de 16 de dezembro de 2015. Brasília, DF. Recuperado de https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2456
R Core Team. (2020). A language and environment for statistical computing. Vienna, Austria: R Foundation for Statistical Computing.
Resolução nº 13, de 21 de março de 2006. (2006). Dispõe sobre a aplicação do teto remuneratório constitucional e do subsídio mensal dos membros da magistratura. Brasília, DF. Recuperado de https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/177
Resolução nº 215, de 16 de dezembro de 2015. (2015). Dispõe, no âmbito do Poder Judiciário, sobre o acesso à informação e a aplicação da Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011. Brasília, DF. Recuperado de https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2236
Rhode, D. L. (2001). The unfinished agenda: women and the legal profession. Chicago, IL: American Bar Association.
Ribera, T. B., Miguel, S. E., & Pérez, C. M. D. (2009). Obstáculos en la promoción de las mujeres: el “techo de cristal”. Congreso de Ingenieria de Organización, 12, 133-142.
Sadek, M. T. (2006). Magistrados: uma imagem em movimento. Rio de Janeiro, RJ: FGV Direito Rio.
Schultz, U. (2003). Women lawyers in Germany: perception and construction of femininity. In U. Schultz, & G. Shaw (Eds.), Women in the world’s legal professions. Oxford, UK: Hart Publishing.
Silva, G. P. (2018). Desenho de pesquisa. Brasília, DF: Enap.
Sommerlad, H., Webley, L., Duff, L., Muzio, D., & Tomlinson, J. (2010). Diversity in the legal profession in England and Wales: a qualitative study of barriers and individual choices. London, UK: University of Westminster.
Vaz, D. V. (2010). Segregação hierárquica de gênero no setor público brasileiro (Boletim Mercado de Trabalho, nº 42). Brasília, DF: Ipea.
Vaz, D. V. (2011). Evolução da participação feminina no setor público brasileiro no período 1992-2008. In M. A. Abreu (Org.), Redistribuição, reconhecimento e representação: diálogos sobre igualdade de gênero. Brasília, DF: Ipea.
Vaz, D. V. (2013). O teto de vidro nas organizações públicas: evidências para o Brasil. Economia e Sociedade, 22(3), 765-790.