Cooperação internacional para o desenvolvimento e financiamento externo para o Brasil: uma macroanálise do período entre 2000 e 2020

Conteúdo do artigo principal

Maria Elisa Huber Pessina
https://orcid.org/0000-0002-7255-2301
André Pires Batista Coelho
https://orcid.org/0000-0001-9889-3991
Élvia Mirian Cavalcanti Fadul
https://orcid.org/0000-0002-7009-4335
Augusto de Oliveira Monteiro
https://orcid.org/0000-0002-4241-5349

Resumo

Este artigo traz como objeto de análise os projetos e programas do setor público no Brasil que receberam financiamentos externos de organismos multilaterais e bilaterais em âmbito federal, estadual e municipal entre 2000 e 2020. Os dados analisados foram coletados no Painel da Comissão de Financiamentos Externos (Painel COFIEX) do Ministério da Economia do Brasil, categorizados e apresentados neste artigo de forma conjuntural, com o objetivo de representar um panorama sobre este objeto para os estudos da Administração Pública no país. Importante instrumento do Sistema de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (SCID), o financiamento internacional para o desenvolvimento obedece às agendas e diretrizes das organizações internacionais, as quais se modificaram ao longo dos anos. Dessa forma, além de explorar as principais fontes credoras, setores e unidades da federação de destino dos financiamentos internacionais para o desenvolvimento destinados ao Brasil, o artigo buscou verificar de que forma as características dos financiamentos internacionais recebidos entre 2000 e 2015 e pós-2015 refletem as agendas e diretrizes da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID) dos respectivos períodos, a saber: os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) (2000-2015) e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) (2015-2030). Como resultado, além de apresentar uma pioneira análise exploratória dos dados, verificou-se uma inflexão dos financiamentos externos recebidos no pós-2015 pelo Brasil na direção da atual agenda e diretrizes da CID. Por fim, o artigo apresenta encaminhamentos para agendas futuras de pesquisa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Pessina, M. E. H., Coelho, A. P. B., Fadul, Élvia M. C., & Monteiro, A. de O. (2022). Cooperação internacional para o desenvolvimento e financiamento externo para o Brasil: uma macroanálise do período entre 2000 e 2020. Revista De Administração Pública, 56(2), 248–274. https://doi.org/10.1590/0034-761220210294
Seção
Artigos

Referências

Aldecoa, F., & Keating, M. (2013). Paradiplomacy in Action: The Foreign Relations of Subnational Governments. London, UK: Routledge.

Alesina, A., & Dollar, D. (2000). Who gives foreign aid to whom and why? Journal of Economic Growth, 5(1), 33-63.

Ayllón, B. (2007). La Cooperación Internacional para el Desarrollo: fundamentos y justificaciones en la perspectiva de la Teoría de las Relaciones Internacionales. Carta Internacional, 2(2), 32-47. Recuperado de https://cartainternacional.abri.org.br/Carta/article/view/416

Banco Central do Brasil. (2021). Séries Históricas: Dívida Externa Bruta do Brasil. Recuperado de https://www3.bcb.gov.br/sgspub/consultarvalores/telaCvsSelecionarSeries.paint

Barbanti, O., Jr. (2005). Desenvolvimento e Relações Internacionais. In T. Campos (Org.), Desenvolvimento, Desigualdades e Relações Internacionais. Belo Horizonte, MG: PUC Minas.

Biermann, F., Kanie, N., & Kim, R. E. (2017, junho). Global governance by goal-setting: the novel approach of the UN Sustainable Development Goals. Current Opinion in Environmental Sustainability, 26-27, 26-31.

Burgos, J. G. S. (2009). Estado de derecho y globalización: el Banco Mundial y las reformas institucionales en América. Bogotá, Colombia: UNIJUS.

Burnside, C., & Dollar, D. (2000). Aid, policies, and growth. American Economic Review, 90(4), 847-868.

Dardot, P., & Laval, C. (2016). A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo, SP: Boitempo.

El Bouhali, C. (2015). The OECD Neoliberal Governance: Policies of International Testing and Their Impact on Global Education Systems. In A. A. Abdi, L. Shultz, & T. Pillay (Eds.), Decolonizing global citizenship education (pp. 119-129). Rotterdam, Netherlands: SensePublishers.

Gómez-Galán, M., & Sanahuja, J. A. (1999). El sistema internacional de cooperación internacional del desarrollo. Madri, España: Cideal.

Hooghe, L. (1995). Subnational mobilisation in the European Union. West European Politics, 18(3), 175-198.

Humphreys, D. (1996). Forest politics: the evolution of international cooperation. London, UK: Earthscan.

Iglesia-Caruncho, M. (2005). El impacto económico y social de la cooperación para el desarrollo. Madri, España: Catarata.

Kraychete, E. S. (2005). Banco Mundial e o Desenvolvimento das Microfinanças em Países da Periferia Capitalista (Tese de Doutorado). Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA.

Martens, B. (2005). Why do aid agencies exist? Development Policy Review, 23(6), 643-663.

Milani, C. R. S. (2018). Solidariedade e Interesse:Motivações e Estratégias na Cooperação Internacional para o Desenvolvimento. Curitiba, PR: Editora Appris.

Milani, C. R. S., & Loureiro, J. C. S. (2013). Cooperação internacional e desenvolvimento: análise da atuação de agências internacionais em Duque de Caxias (Rio de Janeiro). Cadernos EBAPE.BR, 11(2), 234-255.

Ministério da Economia. (2019). Glossário painel COFIEX. Recuperado de https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/noticias/2019/02/painelcofiex-apresenta-projetos-com-financiamentoexternos-no-brasil

Ministério da Economia. (2020). Painel COFIEX da Secretaria de Assuntos Econômicos Internacionais. Recuperado de http://painel-cofiex.economia.gov.br/painel-cofiex

Ministério das Relações Exteriores. (2020). Cooperação Financeira. Recuperado de http://antigo.itamaraty.gov.br/pt-BR/politicaexterna/diplomacia-economica-comercial-efinanceira/15551-cooperacao-financeira

Organização das Nações Unidas. (1945). Carta das Nações Unidas. Recuperado de https://unric.org/pt/wp-content/uploads/sites/9/2009/10/Carta-das-Na%C3%A7%C3%B5es-Unidas.pdf

Organização das Nações Unidas. (2015a). Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Recuperado de https://www.undp.org/content/dam/brazil/docs/agenda2030/undp-br-Agenda2030-completo-ptbr-2016.pdf

Organização das Nações Unidas. (2015b). AddisAbaba Action Agenda of the Third International Conference on Financing for Development (Addis Ababa Action Agenda). Recuperado de https://www.un.org/esa/ffd/wp-content/uploads/2015/08/AAAA_Outcome.pdf

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2014). Making Earmarked Funding More Effective: Current Practices and a Way Forward (Report number 1). Recuperado de https://www.oecd.org/dac/aid-architecture/Multilateral%20Report%20N%201_2014.pdf

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2015). Multilateral Aid 2015: Better Partnerships for a Post-2015 World Highlights. Recuperado de https://www.oecd.org/dac/aidarchitecture/OverviewChapter-MEP.pdf

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2019). Development Co-operation Report 2019: A Fairer, Greener, Safer Tomorrow. Recuperado de https://doi.org/10.1787/9a58c83f-en

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2020a). Six decades of ODA: insights and outlook in the COVID-19 crisis, OECD Development Co-operation Profiles. Recuperado de https://doi.org/10.1787/2dcf1367-en

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2020b). Total flows by donor (ODA+OOF+Private). Recuperado de https://stats.oecd.org/viewhtml.aspx?datasetcode=TABLE1&lang=en#

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2021a). Development Co-operation Directorate. Recuperado de http://www.oecd.org/dac

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2021b). Glossário CAD dos principais termos e conceitos. Recuperado de https://www.oecd.org/dac/dac-glossary.htm#Loans

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2021c). DAC List of ODA Recipients Effective for reporting on 2021 flows. Recuperado de https://www.oecd.org/dac/financing-sustainabledevelopment/development-finance-standards/DAC-List-ODA-Recipients-for-reporting-2021-flows.pdf

Pessina, M. E. H. (2013). Eficácia do Desenvolvimento Internacional (verbete). In A. B. L. Ivo, E. S. Kraychete, D. Vitale, C. Mercuri, A. Borges, & S. Senes. (Eds.), Dicionário temático desenvolvimento e questão social: 110 temáticas contemporâneas. São Paulo, SP: Editora AnnaBlume.

Pessina, M. E. H. (2017). O não governamental na Cooperação Internacional para o Desenvolvimento após 1990: entre as circunstâncias e as peculiaridades do caso alemão. Salvador, BA: Edufba.

Pessina, M. E. H., & Kraychete, E. S. (2020, dezembro). A Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID) pós-2015: agendas para as Organizações da Sociedade Civil brasileiras. Recuperado de http://www.pad.org.br/wp-content/uploads/2020/12/Estudo-cooperac%CC%A7a%CC%83o-rev.-final.pdf

Pessina, M. E. H., & Silva, L. P. (2020). Interseções do campo da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID) e da Administração no Brasil. In Anais do 44º Encontro Nacional da

Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, São Paulo, SP.

Pessina, M. E. H., Simões, P. E. M., Kraychete, E. S., & Silva, S. E. V. D. (2000). Discurso Gerencialista nas Organizações não Governamentais (ONGS) e Ideário Neoliberal Pós-1990: Análise a partir da Cooperação Internacional não Governamental para o Desenvolvimento. Gestão & Planejamento-G&P, 21, 279-297.

Phillips, L., & Ilcan, S. (2004). Capacity-building: the neoliberal governance of development. Canadian Journal of Development Studies, 25(3), 393-409.

Portal do Governo de São Paulo. (2014, novembro 11). Governador Alckmin assina contrato de US$ 300 milhões para obras rodoviárias. Recuperado de https://www.saopaulo.sp.gov.br/sala-de-imprensa/release/governador-alckmin-assina-contrato-de-us-300-milhoes-para-obras-rodoviarias-1/

Quivy, R., & Campenhoudt, L.V. (1988). Manual de investigação em ciências sociais. Lisboa, Portugal: Gradiva.

Rauch, T. (2009). Entwicklungspolitik: Theorien, Strategien, Instrumente. Braunschweig, Germany: Westermann.

Rodrigues, G. M. A. (2011). Marco jurídico para a cooperação internacional descentralizada. São Paulo, SP: Frente Nacional de Prefeitos.

Rodrik, D. (1997). Why Is There Multilateral Lending? In Proceedings of the 1995 Annual Conference on Development Economics, Washington, DC.

Ruhil, R. (2017, dezembro). Millennium development goals to sustainable development goals: challenges in the health sector. International Studies, 52(1-4), 118-135.

Santana, W. G. P. (2013). Desenvolvimento, gestão e cooperação internacional: um estudo do projeto de desenvolvimento comunitário da bacia do Rio Gavião no sudoeste da Bahia. Cadernos EBAPE.BR, 11(2), 207-233.

Santos, C. G., & Carrion, R. S. M. (2011). Sobre a governança da cooperação internacional para o desenvolvimento: atores, propósitos e perspectivas. Revista de Administração Pública, 45(6), 1847-1868.

Setzer, J. (2017). How subnational governments are rescaling environmental governance: the case of the Brazilian state of São Paulo. Journal of Environmental Policy & Planning, 19(5), 503-519.

Simões, P. E. M. (2014). Entre a alma missionária e o espírito mercador: uma análise da cooperação não governamental holandesa no Brasil. Curitiba, PR: Editora Appris.

Tendler, J. (1997). Good government in the tropics. Baltimore, MD: Johns Hopkins University Press.

Tesouro Nacional. (2021). Manual de Instrução de Pleitos da Secretaria do Tesouro Nacional. Recuperado de https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-para-instrucao-depleitos-mip/2021/26-5

Tortola, P. D. (2016). Clarifying multilevel governance. European Journal of Political Research, 56(2), 234-250.

United Nations Development Programme. (2017). Localizing the Implementation of the SDGs. Recuperado de https://www.undp.org/content/undp/en/home/news-centre/speeches/2017/localizing-the-implementation-of-the-sustainabledevelopment-goa.html

Weber, H. (2017). Politics of ‘leaving no one behind’: contesting the 2030 sustainable development goals agenda. Globalizations, 14(3), 1-16.