Mobilidade de baixa emissão no transporte público: uma análise comparada entre Brasil e Alemanha

Resumo

[INTRODUÇÃO] Ao longo dos últimos anos, é possível de se observar um constante crescimento no interesse acadêmico pelo estudo da governança na temática da mobilidade sustentável, principalmente relacionado aos transportes públicos urbanos. Adentrando no contexto do transporte público, existe uma grande preocupação em coletar e analisar as iniciativas que seguem essa tendência, além de desafios e oportunidades para tal tema. Com tendências globais a uma transição rumo a mobilidade sustentável, o Brasil, no entanto, ainda se encontra em uma situação incipiente quanto a tais movimentações (Kneib, 2020). No país, existe uma predominância de ações locais e focalizadas a esse respeito, principalmente movidas por municípios pioneiros que apostam em ações de caráter mais inovador por variados motivos, muitos fazendo parte de planos de ação municipal que visam reduzir as emissões no transporte público municipal. Nesse sentido, esse artigo busca suprir essa lacuna literária e entender quais os principais motivos para tal desarticulação, colocando em primeiro plano a governança sobre a temática. Isso será realizado a partir de uma análise comparativa com um país cujo status de adoção da mobilidade sustentável é inverso ao do Brasil: a Alemanha [METODOLOGIA] O trabalho é estruturado ao redor de uma metodologia qualitativa, envolvendo levantamento bibliográfico, análise documental e entrevistas semiestruturadas. As entrevistas foram realizadas de forma virtual. [RESULTADOS] Os resultados mostram que falta no Brasil uma estratégia sólida de promoção a mobilidade sustentável no transporte público principalmente por duas razões: arranjos federativos e conflitos de interesse. O trabalho ainda contribui apresentando características de integração do transporte alemão, a partir da análise dos dados coletados no campo sobre o país. Em destaque, ficam principalmente as bases norteadoras da transição do setor de transportes e a política do D-ticket, que prevê uma integração ainda maior entre o transporte público na Alemanha. Logo, ficam tais políticas como sugestão para a implementação no Brasil, além do trabalho também explorar outros aspectos que tangem à temática abordada. [CONCLUSÃO] Este estudo analisou a mobilidade sustentável no transporte público do Brasil e da Alemanha, identificando lições aplicáveis. Explorando conceitos históricos e dimensões contemporâneas de transporte sustentável, também examinou a governança e situação atual nos dois países. Enquanto a Alemanha demonstra sólida estrutura regulatória e adota a eletromobilidade como protagonista, o Brasil enfrenta desafios de coordenação e normatização, sem uma política de mobilidade sustentável estabelecida. Entrevistas com especialistas realçam obstáculos como conflitos de interesse e capacidade energética, bem como sugerem soluções como o D-ticket e adaptação da produção. Apesar de limitações devido ao escopo científico, o estudo oferece valiosas contribuições à literatura e orienta futuras pesquisas, especialmente relacionadas ao debate federativo.