Distorções comunicativas em relatórios de sustentabilidade: uma análise pautada no pensamento habermasiano

Conteúdo do artigo principal

Ewerton Roberto Inocêncio
https://orcid.org/0000-0001-8624-2956
Ricardo Lebbos Favoreto
https://orcid.org/0000-0002-2878-0681

Resumo

Relatórios de sustentabilidade constituem meios de expressão do que organizações entendem por sustentabilidade. Visões críticas têm apontado para um possível uso manipulativo das práticas de relato. A presente pesquisa, baseando-se no pensamento de Jürgen Habermas, aplica a noção de distorção comunicativa para analisar relatórios de sustentabilidade de 4 corporações listadas na carteira ISE 2020, perscrutando, para isso, distorções de 4 ordens: verdade, sinceridade, legitimidade e inteligibilidade. Os resultados alertam para o risco de que os relatórios instrumentalizem a ideia de sustentabilidade, nela imprimindo a visão corporativa. Tal modo de proceder, relevando o entendimento mútuo, retira a sustentabilidade do âmbito discursivo (habermasiano), esvaindo-a de sentido.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Detalhes do artigo

Como Citar
Inocêncio, E. R., & Favoreto, R. L. (2022). Distorções comunicativas em relatórios de sustentabilidade: uma análise pautada no pensamento habermasiano. Cadernos EBAPE.BR, 20(4), 543–556. https://doi.org/10.1590/1679-395120210171
Seção
Artigos

Referências

Alcântara, V. C., & Pereira, J., R. (2017). O locus da gestão social no contexto das inter-relações e tensões entre mundo-da-vida (lebenswelt) e sistema (system). Organizações & Sociedade, 24(82), 412-431.

Alvesson, M., & Deetz, S. (2010). Teoria crítica e abordagens pós-modernas para estudos organizacionais. In S. R. Clegg, C. Hardy, & W. R. Nord (Org.), Handbook de estudos organizacionais. London, UK: Sage Publications.

Antolín-López, R., Delgado-Ceballos, J., & Montiel, I. (2016, novembro). Deconstructing corporate sustainability: a comparison of different stakeholder metrics. Journal of Cleaner Production, 136, 5-17.

Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo, SP: Edições 70.

Boiral, O. (2013) Sustainability reports as simulacra? A counter-account of A and A+ GRI reports. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 26(7), 1036-1071.

Cukier, W., Bauer, R., & Middleton, C. (2003). The discourse of learning technology in Canada: understanding communication distortions and the implications or decision making. In E. H. Wynn, E. Whitley, M. Myers, & J. DeGross (Eds.), Global and organizational discourse about information technology. Boston, MA: Springer.

Cukier, W., Bauer, R., Middleton, C., & Ngwenyama, O. (2009). A critical analysis of media discourse on information technology: preliminary results of a proposed method for critical discourse analyses. Information Systems Journal, 19(2), 175-196.

Cukier, W., Gagnon, S., Roach, E., Elmi, M., Yap, M., & Rodrigues, S. (2016). Trade-offs and disappearing acts: shifting societal discourses of diversity in Canada over three decades. The International Journal of Human Resource Management, 28(7), 1031-1064.

Energias de Portugal. (2020). Relatório de sustentabilidade 2019. Recuperado de https://www.edp.com/pt-pt/sustentabilidade/transparencia-e-reporte#relatorios

Feil, A., & Schreiber, A. D. (2017). Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: desvendando as sobreposições e alcances de seus significados. Cadernos EBAPE.BR, 14(3), 667-681.

Forester, J. (1994). Teoria crítica e análise organizacional. Plural, 1, 131-148.

Forester, J. (2003). On fieldwork in a habermasian way: critical ethnography and the extra-ordinary character of ordinary professional work. In M. Alvesson, & H. Wilmoot (Eds.), Studying management critically. London, UK: Sage Publications.

García-Marzá, D. (2005). Ética empresarial: del diálogo a la confianza. Madrid, España: Trotta.

Global Reporting Initiative. (2016). Foundations. Recuperado de https://www.globalreporting.org/information/about-gri/Pages/default.aspx

Gomes, R. (2009). Análise e interpretação de dados na pesquisa qualitativa. In M. C. S. Minayo (Org.), Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes.

Habermas, J. (2003). Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro, RJ: Tempo Brasileiro.

Habermas, J. (2004). Verdade e justificação: ensaios filosóficos. São Paulo, SP: Loyola.

Habermas, J. (2012a) Teoria do agir comunicativo: racionalidade da ação e racionalização social (Vol. 1). São Paulo, SP: Martins Fontes.

Habermas, J. (2012b) Teoria do agir comunicativo: sobre a crítica da razão funcionalista (Vol. 2). São Paulo, SP: Martins Fontes.

Habermas, J. (2014). Técnica e ciência como “ideologia”. São Paulo, SP: Fundação Editora Unesp.

Habermas, J. (2018). A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo, SP: Fundação Editora Unesp.

Habermas, J. (2020). Facticidade e validade: contribuições para uma teoria discursiva do direito e da democracia. São Paulo, SP: Fundação Editora Unesp.

Hopwood, B., Mellor, M., & O’brien, G. (2005). Sustainable development: mapping different approaches. Sustainable Development, 13(1), 38-52.

Jargão. (2021). Michaelis: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo, SP: Melhoramentos. Recuperado de https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/jargão/

Landrum, N. E. (2017). Stages of corporate sustainability: integrating the strong sustainability worldview. Organization & Environment, 31(4), 287-313.

Light. (2020). Relatório anual 2019. Recuperado de http://ri.light.com.br/sustentabilidade/relatorios/

Livesey, S. M., & Kearins, K. (2002). Transparent and caring corporations? A study of the sustainability reports by the Body Shop and Royal Dutch/ Shell. Organization and Environment, 15(3), 233-258.

Metáfora. (2021). Michaelis: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo, SP: Melhoramentos. Recuperado de https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/metáfora/

Michelsen, G., Adombent, M, Martens, P., & Hauff, M. (2016). Sustainable development: background and context. In H. Heinrichs, P. Martens, G. Michelsen, & A. Wiek (Eds.), Sustainability science: an introduction. Dordrecht, Netherlands: Springer.

Milne, M. J. (2005). Playing with magic lanterns: the New Zealand Business Council for sustainable development and corporate triple bottom line reporting (Accountancy Working Paper Series). Dunedin, New Zealand: University of Otago. Recuperado de https://ourarchive.otago.ac.nz/bitstream/handle/10523/1556/PLAYING_WITH_MMAGI_LANTERNS.pdf?sequence=3&isAllowed=y

Milne, M. J., & Gray, R. (2012). W(h)ither ecology? The triple bottom line, the global reporting initiative, and corporate sustainability reporting. Journal of Business Ethics, 118(1), 13-29.

Milne, M. J., Kearins, K., & Walton, S. (2006). Creating adventures in wonderland: the journey metaphor and environmental sustainability. Organization, 13(6), 801-839.

Natura. (2020). Relatório anual 2019. Recuperado de https://www.natura.com.br/relatorio-anual

Petrobras. (2020). Relatório de sustentabilidade 2019. Recuperado de https://sustentabilidade.petrobras.com.br/

Rego, A., Cunha, M. P., & Polónia, D. (2015). Corporate sustainability: a view from the top. Journal of Business Ethics, 143(1), 133-157.

Schaltegger, S., Hansen, G. E., & Spitzeck, H. (2016). Corporate sustainability management. In H. Heinrichs, P. Martens, G. Michelsen, & A. Wiek (Eds.), Sustainability science: an introduction. Dordrecht, Netherlands: Springer.

Silva, S. S., Reis, R. P., & Amâncio, R. (2014). Conceitos atribuídos à sustentabilidade em organizações de diferentes setores. Revista de Ciências da Administração, 16(40), 90-103.

Tregidga, H., Milne, M. J., & Kearins, K. (2015). Ramping up resistance: corporate sustainable development and academic research. Business & Society, 57(2), 1-43.

Vizeu, F., & Cicmanec, E. R. (2013). A música que encanta, o discurso que aprisiona: a distorção comunicativa em uma loja de departamentos. Cadernos EBAPE.BR, 11(1), 149-164.

Vizeu, F., & Matitz, Q. R. S. (2013). Organizational sacralization and discursive use of corporate mission statements. Brazilian Administration Review, 10(2), 176-194.

Vizeu, F., Meneghetti, F. K., & Seifert, R. E. (2012). Por uma crítica ao conceito de desenvolvimento sustentável. Cadernos EBAPE.BR, 10(3), 569-583.