Distorções comunicativas em relatórios de sustentabilidade: uma análise pautada no pensamento habermasiano
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Relatórios de sustentabilidade constituem meios de expressão do que organizações entendem por sustentabilidade. Visões críticas têm apontado para um possível uso manipulativo das práticas de relato. A presente pesquisa, baseando-se no pensamento de Jürgen Habermas, aplica a noção de distorção comunicativa para analisar relatórios de sustentabilidade de 4 corporações listadas na carteira ISE 2020, perscrutando, para isso, distorções de 4 ordens: verdade, sinceridade, legitimidade e inteligibilidade. Os resultados alertam para o risco de que os relatórios instrumentalizem a ideia de sustentabilidade, nela imprimindo a visão corporativa. Tal modo de proceder, relevando o entendimento mútuo, retira a sustentabilidade do âmbito discursivo (habermasiano), esvaindo-a de sentido.
Downloads
Métricas
Detalhes do artigo
Cadernos EBAPE.BR compromete-se a contribuir com a proteção dos direitos intelectuais do autor. Nesse sentido:
- Adota a licença Creative Commoms BY (CC-BY) em todos os textos que publica, exceto quando houver indicação de específicos detentores dos direitos autorais e patrimoniais;
- Adota software de verificação de similaridade de conteúdo - plagiarismo (Crossref Similarity Check);
- Adota ações de combate ao plagio e má conduta ética, alinhada às diretrizes do Committee on Publication Ethics (COPE).
Mais detalhes do Código de Ética adotado pelo Cadernos EBAPE.BR podem ser visualizados em Normas Éticas e Código de Conduta.
Referências
Alcântara, V. C., & Pereira, J., R. (2017). O locus da gestão social no contexto das inter-relações e tensões entre mundo-da-vida (lebenswelt) e sistema (system). Organizações & Sociedade, 24(82), 412-431.
Alvesson, M., & Deetz, S. (2010). Teoria crítica e abordagens pós-modernas para estudos organizacionais. In S. R. Clegg, C. Hardy, & W. R. Nord (Org.), Handbook de estudos organizacionais. London, UK: Sage Publications.
Antolín-López, R., Delgado-Ceballos, J., & Montiel, I. (2016, novembro). Deconstructing corporate sustainability: a comparison of different stakeholder metrics. Journal of Cleaner Production, 136, 5-17.
Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo, SP: Edições 70.
Boiral, O. (2013) Sustainability reports as simulacra? A counter-account of A and A+ GRI reports. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 26(7), 1036-1071.
Cukier, W., Bauer, R., & Middleton, C. (2003). The discourse of learning technology in Canada: understanding communication distortions and the implications or decision making. In E. H. Wynn, E. Whitley, M. Myers, & J. DeGross (Eds.), Global and organizational discourse about information technology. Boston, MA: Springer.
Cukier, W., Bauer, R., Middleton, C., & Ngwenyama, O. (2009). A critical analysis of media discourse on information technology: preliminary results of a proposed method for critical discourse analyses. Information Systems Journal, 19(2), 175-196.
Cukier, W., Gagnon, S., Roach, E., Elmi, M., Yap, M., & Rodrigues, S. (2016). Trade-offs and disappearing acts: shifting societal discourses of diversity in Canada over three decades. The International Journal of Human Resource Management, 28(7), 1031-1064.
Energias de Portugal. (2020). Relatório de sustentabilidade 2019. Recuperado de https://www.edp.com/pt-pt/sustentabilidade/transparencia-e-reporte#relatorios
Feil, A., & Schreiber, A. D. (2017). Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: desvendando as sobreposições e alcances de seus significados. Cadernos EBAPE.BR, 14(3), 667-681.
Forester, J. (1994). Teoria crítica e análise organizacional. Plural, 1, 131-148.
Forester, J. (2003). On fieldwork in a habermasian way: critical ethnography and the extra-ordinary character of ordinary professional work. In M. Alvesson, & H. Wilmoot (Eds.), Studying management critically. London, UK: Sage Publications.
García-Marzá, D. (2005). Ética empresarial: del diálogo a la confianza. Madrid, España: Trotta.
Global Reporting Initiative. (2016). Foundations. Recuperado de https://www.globalreporting.org/information/about-gri/Pages/default.aspx
Gomes, R. (2009). Análise e interpretação de dados na pesquisa qualitativa. In M. C. S. Minayo (Org.), Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes.
Habermas, J. (2003). Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro, RJ: Tempo Brasileiro.
Habermas, J. (2004). Verdade e justificação: ensaios filosóficos. São Paulo, SP: Loyola.
Habermas, J. (2012a) Teoria do agir comunicativo: racionalidade da ação e racionalização social (Vol. 1). São Paulo, SP: Martins Fontes.
Habermas, J. (2012b) Teoria do agir comunicativo: sobre a crítica da razão funcionalista (Vol. 2). São Paulo, SP: Martins Fontes.
Habermas, J. (2014). Técnica e ciência como “ideologia”. São Paulo, SP: Fundação Editora Unesp.
Habermas, J. (2018). A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo, SP: Fundação Editora Unesp.
Habermas, J. (2020). Facticidade e validade: contribuições para uma teoria discursiva do direito e da democracia. São Paulo, SP: Fundação Editora Unesp.
Hopwood, B., Mellor, M., & O’brien, G. (2005). Sustainable development: mapping different approaches. Sustainable Development, 13(1), 38-52.
Jargão. (2021). Michaelis: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo, SP: Melhoramentos. Recuperado de https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/jargão/
Landrum, N. E. (2017). Stages of corporate sustainability: integrating the strong sustainability worldview. Organization & Environment, 31(4), 287-313.
Light. (2020). Relatório anual 2019. Recuperado de http://ri.light.com.br/sustentabilidade/relatorios/
Livesey, S. M., & Kearins, K. (2002). Transparent and caring corporations? A study of the sustainability reports by the Body Shop and Royal Dutch/ Shell. Organization and Environment, 15(3), 233-258.
Metáfora. (2021). Michaelis: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo, SP: Melhoramentos. Recuperado de https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/metáfora/
Michelsen, G., Adombent, M, Martens, P., & Hauff, M. (2016). Sustainable development: background and context. In H. Heinrichs, P. Martens, G. Michelsen, & A. Wiek (Eds.), Sustainability science: an introduction. Dordrecht, Netherlands: Springer.
Milne, M. J. (2005). Playing with magic lanterns: the New Zealand Business Council for sustainable development and corporate triple bottom line reporting (Accountancy Working Paper Series). Dunedin, New Zealand: University of Otago. Recuperado de https://ourarchive.otago.ac.nz/bitstream/handle/10523/1556/PLAYING_WITH_MMAGI_LANTERNS.pdf?sequence=3&isAllowed=y
Milne, M. J., & Gray, R. (2012). W(h)ither ecology? The triple bottom line, the global reporting initiative, and corporate sustainability reporting. Journal of Business Ethics, 118(1), 13-29.
Milne, M. J., Kearins, K., & Walton, S. (2006). Creating adventures in wonderland: the journey metaphor and environmental sustainability. Organization, 13(6), 801-839.
Natura. (2020). Relatório anual 2019. Recuperado de https://www.natura.com.br/relatorio-anual
Petrobras. (2020). Relatório de sustentabilidade 2019. Recuperado de https://sustentabilidade.petrobras.com.br/
Rego, A., Cunha, M. P., & Polónia, D. (2015). Corporate sustainability: a view from the top. Journal of Business Ethics, 143(1), 133-157.
Schaltegger, S., Hansen, G. E., & Spitzeck, H. (2016). Corporate sustainability management. In H. Heinrichs, P. Martens, G. Michelsen, & A. Wiek (Eds.), Sustainability science: an introduction. Dordrecht, Netherlands: Springer.
Silva, S. S., Reis, R. P., & Amâncio, R. (2014). Conceitos atribuídos à sustentabilidade em organizações de diferentes setores. Revista de Ciências da Administração, 16(40), 90-103.
Tregidga, H., Milne, M. J., & Kearins, K. (2015). Ramping up resistance: corporate sustainable development and academic research. Business & Society, 57(2), 1-43.
Vizeu, F., & Cicmanec, E. R. (2013). A música que encanta, o discurso que aprisiona: a distorção comunicativa em uma loja de departamentos. Cadernos EBAPE.BR, 11(1), 149-164.
Vizeu, F., & Matitz, Q. R. S. (2013). Organizational sacralization and discursive use of corporate mission statements. Brazilian Administration Review, 10(2), 176-194.
Vizeu, F., Meneghetti, F. K., & Seifert, R. E. (2012). Por uma crítica ao conceito de desenvolvimento sustentável. Cadernos EBAPE.BR, 10(3), 569-583.