Acoplamento e desacoplamento sociais: Pastores como empreendedores

Conteúdo do artigo principal

Victor Silva Corrêa
Gláucia Maria Vasconcellos Vale
Marcelo de Rezende Pinto

Resumo

Pastores neopentecostais responsáveis por igrejas cujo funcionamento aparenta seguir moldes de empreendimentos produtivos parecem ser dotados da capacidade de construir novas relações sociais – associadas ao contexto religioso –, ao mesmo tempo que se afastam parcialmente de laços anteriores, sobretudo familiares e de amizade. Essa capacidade de acoplamento – criação e vinculação a novos laços – e de desacoplamento – distanciamento de relações passadas – foi observada por Granovetter (2009) na investigação de empreendedores imigrantes. O presente artigo extrapola o âmbito de estudos desse autor, em que o fator de deslocamento é étnico-geográfico, para analisar novo fenômeno, de natureza ético-religiosa. Para isso, analisa o caso de 16 pastores da região metropolitana de Belo Horizonte. As evidências demostram a importância do fenômeno de acoplamento/desacoplamento para a construção de novas comunidades religiosas, suscitando reflexões sobre esse tipo de empreendimento, em franca proliferação no Brasil. Ao mesmo tempo, possibilita contribuições à literatura da área, abrindo diferentes vertentes de investigações.  

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Detalhes do artigo

Como Citar
CORRÊA, V. S.; VALE, G. M. V.; PINTO, M. de R. Acoplamento e desacoplamento sociais: Pastores como empreendedores. RAE-Revista de Administração de Empresas, [S. l.], v. 58, n. 2, p. 188–200, 2018. DOI: 10.1590/S0034-759020180207. Disponível em: https://periodicos.fgv.br/rae/article/view/74646. Acesso em: 3 jul. 2024.
Seção
Artigos

Referências

Almeida, R. (2006). A expansão pentecostal: Circulação e flexibilidade. In F. Teixeira & R. Menezes (Orgs.), As religiões no Brasil: Continuidades e rupturas (Cap. 7, pp. 111-122). Petrópolis, RJ: Vozes.

Bisquerra, R., Sarriera, J. C., & Martínez, F. (2004). Introdução à estatística: Enfoque informático com o pacote estatístico SPSS. Porto Alegre, RS: Artmed.

Borges, A. F., Enoque, A. G., Borges, J. F., & Almeida, L. L. S. (2015). Empreendedorismo religiosos: Um estudo sobre empresas que exploram o nicho da religiosidade. RAC-Revista de Administração Contemporânea, 19(5), 565-583. doi:10.1590/1982-7849rac20151626

Burt, R. S. (1980). Models of network structure. Annual Review of Sociology, 6, 79-141. doi:10.1146/annurev.so.06.080180.000455

Burt, R. S. (2000). The network structure of social capital. Research in Organizational Behavior, 22, 345-423. doi:10.1016/S0191-3085(00)22009-1

Ciscon-Evangelista, M. R., & Menandro, P. R. M. (2011). Transito religiosos e construções identitárias: Mobilidade social e evangélicos neopentecostais. Psico-USF, 16(2), 193-202. doi:10.1590/S1413-82712011000200008

Correa, V. S., & Vale, G. M. V. (2014). Redes sociais, perfil empreendedor e trajetórias. RAUSP-Revista de Administração, 49(1), 77-88. doi:10.5700/rausp1132

Creswell, J. W. (2007). Projeto de Pesquisa: Métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre, RS: Artmed.

Dougherty, K. D., Griebel, J., Neubert, M. J., & Park, J. Z. (2013). A religious profile of American entrepreneurs. Journal for the Scientific Study of Religion, 52(2), 401-409. doi:10.1111/jssr.12026

Elliott, J. (2005). Using narrative in social research: Qualitative and quantitative approaches. London, UK: Sage Publications.

Freitas, L. Q. de. (2010). Medidas de centralidade em grafos (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Frigerio, A., & Pinheiro Filho, F. A. (2008). O paradigma da escolha racional: Mercado regulado e pluralismo religioso. Tempo Social, Revista de sociologia da USP, 20(2), 17-39. doi:10.1590/S0103-20702008000200002

Gil, A. C. (1999). Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo, SP: Atlas.

Gracino Júnior, P. (2008). Dos interesses weberianos dos sociólogos da religião: Um olhar perspectivo sobre as interpretações do pentecostalismo no Brasil. Horizonte, 6(12), 69-92.

Granovetter, M. (1973). The strength of weak ties. American Journal of Sociology, 78(6), 1360-1380. doi:10.1086/225469

Granovetter, M. (2005). Business groups and social organization. In N. J. Smelser, & R. Swedberg (Eds.), The handbook of economic sociology (pp. 429-450). New York, USA: Princeton University Press.

Granovetter, M. (2009). The economic sociology of firms and entrepreneurs. In R. Swedberg (Ed.), Entrepreneurship: The social science view (pp. 244-275). New York, USA: Oxford University Press.

Hanneman, R. A., & Riddle, M. (2005). Introduction to social network methods. Riverside, USA: University of California.

Hervieu-Léger, D. (2008). O peregrino e o convertido: A religião em movimento. Petrópolis, RJ: Vozes.

Hoang, H., & Antoncic, B. (2003). Network-based research in entrepreneurship: A critical review. Journal of Business Venturing, 18(2), 165-187. doi:10.1016/S0883-9026(02)00081-2

Iannaccone, L. (1995). Voodoo economics? Reviewing the rational choice approach to religion. Journal for the Scientific Study of Religion, 34(1), 76-88.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2010). Censo 2010. Recuperado de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: https://censo2010.ibge.gov.br/

Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. (2017). Empresas Ativas no Brasil. Recuperado de Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário: https://www.empresometro.com.br/Home/Estatisticas

Mariano, R. (2003). Efeitos da secularização do Estado, do pluralismo e do mercado religiosos sobre as igrejas pentecostais. CivitasRevista de Ciências Sociais, 3(1), 111-125. doi:10.15448/1984-7289.2003.1.112

Mariano R. (2008). Usos e limites da teoria da escolha racional da religião. Tempo Social, Revista de sociologia da USP, 20(2), 41-66. doi:10.1590/S0103-20702008000200003

Mariano, R. (2013). Antônio Flávio Pierucci: Sociólogo materialista da religião. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 28(81), 7-16. doi:10.1590/S0102-69092013000100001

Meyer, C. B. (2001). A case in case study methodology. Field Methods, 13(4), 329-352. doi:10.1177/1525822X0101300402

Neri, M. C., Carvalhaes, L., & Monte, S. R. S. (2011). Novo mapa das religiões (Relatório de Pesquisa/2011), São Paulo, SP, Centro de Políticas Sociais, Fundação Getulio Vargas. Recuperado de http://www.cps.fgv.br/cps/religiao/

Neves, J. L. (1996). Pesquisa qualitativa: Características, usos e possibilidades. Caderno de Pesquisa em Administração, 1(3), 1-5.

Pacheco, E. T., Silva, S. R. da, & Ribeiro, R. G. (2007). “Eu era do mundo”: transformações do autoconceito na conversão pentecostal. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 23(1), 53-61. doi:10.1590/S0102-37722007000100007

Passos, M., Zorzin, P. L. G., & Rocha, D. (2011). O que (não) dizem os números - Para além das estatísticas sobre o “Novo Mapa das Religiões Brasileiro.” Horizonte, 9(23), 690-714. doi:10.5752/P.2175-5841.2011V9N23P690

Pearce, J. A., Fritz, D. A., & Davis, P. S. (2010). Entrepreneurial orientation and the performance of religion congregations as predicted by rational choice theory. Entrepreneurship Theory and Practice, 34(1), 219-248. doi:10.1111/j.1540-6520.2009.00315.x

Pierucci, A. F. (1999, dezembro 26). Fim da união Estado-Igreja ampliou oferta de religiões. Folha de São Paulo, Caderno Especial. Recuperado de http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fe/fe16.htm

Pierucci, A. F. (2006). Ciências sociais e religião: A religião como ruptura. In F. Teixeira & R. Menezes (Orgs.), As religiões no Brasil: Continuidades e rupturas (Cap. 1, pp. 17-34). Petrópolis, RJ: Vozes.

Pierucci, A. F. (2008). De olho na modernidade religiosa. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, 20(2), 9-16. doi:10.1590/S0103- 20702008000200001

Pocinho, M. (2010). Estatística II: Teoria e exercícios passo-a-passo. Recuperado de http://docentes.ismt.pt/~m_pocinho/Sebenta_ estatistica_II_com_anexos_2010.pdf

Prandi, R. (2008). Converter indivíduos, mudar culturas. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, 20(2), 155-172. doi:10.1590/S0103-20702008000200008

Rabuske, I. J., Santos, P. L., dos, Gonçalves, H. A., & Traub, L. (2012). Evangélicos brasileiros: Quem são, de onde vieram e no que acreditam? Revista Brasileira de História das Religiões, 4(12), 255- 267. doi:10.4025/rbhranpuh.v4i12.30275

Scott, R. P., & Cantarelli, J. (2004). Jovens, religiosidade e aquisição de conhecimentos e habilidades entre camadas populares. Caderno CRH, 17(42), 375-388.

Serafim, M. C., & Alperstedt, G. D. (2012). As organizações religiosas e suas relações: Uma análise a partir da teoria dos stakeholders. Revista de Negócios, 17(2), 21-40. doi:10.7867/1980- 4431.2012v17n2p53-71

Sexton, D. L., & Smilor, R. A. Y. (1997). Entrepreneurship 2000. Chicago, IL: Upstart Publishing.

Siegel, S. (1975). Estatística não paramétrica para as ciências do comportamento. São Paulo, SP: McGraw-Hill do Brasil.

Slotte-kock, S., & Coviello, N. (2010). Entrepreneurship research on network processes: A review and ways forward. Entrepreneurship Theory and Practice, 34(1), 31-57. doi:10.1111/j.1540-6520.2009.00311.x

Stark, R. (1999). Micro foundations of religion: A revised theory. Sociological Theory, 17(3), 264-289. doi:10.1111/0735-2751.00080

Stark, R., Iannaccone, L. R., & Finke, R. (1996). Religion, science, and rationality. The American Economic Review, 86(2), 433-437.

Starr, J. A., & MacMillan, I. C. (1990). Resource cooptation via social contracting: Resource acquisition strategies for new ventures. Strategic Management Journal, 11(4), 79-92.

Teixeira, F. (2008). Apresentação. In D. Hervieu-Léger (Ed.), O peregrino e o convertido: A religião em movimento (pp. 7-13). Petrópolis, RJ: Vozes.

Tomaél, M. I. (2007). Redes sociais, conhecimento e inovação localizada. Informação & Informação, 12(1), 1-24. doi:10.5433/1981- 8920.2007v12n1espp63

Yin, R. K. (2010). Estudo de Caso: Planejamento e métodos. Porto Alegre, RS: Bookman.