Em defesa da consideração do corpo erógeno nos Estudos Organizacionais

Conteúdo do artigo principal

Marcelo Galletti Ferretti
Luiz Eduardo de Vasconcelos Moreira

Resumo

Este artigo pretende contribuir com o estudo da corporalidade no campo dos Estudos Organizacionais a partir da noção psicanalítica de corpo erógeno. Existem investigações tanto sobre a corporalidade quanto de quadro psicanalítico no âmbito dos Estudos Organizacionais, mas há também uma lacuna a respeito das contribuições psicanalíticas especificamente sobre o corpo para esse campo. Demonstramos essa lacuna a partir de uma retomada da questão da corporalidade nos Estudos Organizacionais desde as origens racionalistas do parentesco entre medicina anatomopatológica e a teoria das organizações. Em seguida, apresentamos a conceituação psicanalítica de corpo erógeno desde uma ruptura com a medicina anatomopatológica. Por fim, retomamos um extenso estudo etnográfico sobre o corpo em bancos de investimento e discutimos como a noção de corpo erógeno pode iluminar os impasses nele presentes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Detalhes do artigo

Como Citar
GALLETTI FERRETTI, M.; DE VASCONCELOS MOREIRA, L. E. . Em defesa da consideração do corpo erógeno nos Estudos Organizacionais. RAE-Revista de Administração de Empresas, [S. l.], v. 62, n. 4, p. e2021–0094, 2022. DOI: 10.1590/S0034-759020220405. Disponível em: https://periodicos.fgv.br/rae/article/view/85780. Acesso em: 4 jul. 2024.
Seção
Fórum

Referências

Arnaud, G. (2004). Psychanalyse et organisations. Paris, France: Armand Colin, 2004.

Breuer, J., & Freud, S. (1974). Estudos sobre a histeria. In Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. II, pp. 37-363). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Obra original publicada em 1895)

Clegg, S. (2014). Managerialism: Born in the USA. The Academy of Management Review, 39(4), 566-576. doi: 10.5465/amr.2014.0129

Cukiert, M., & Priszkulnik, L. (2000). O corpo em psicanálise: Algumas considerações. Psychê, 4(5), 53-63. doi: 10.1590/S0103-56652006000100014

Dale, K. (2001). Anatomising embodiment and organization theory. Basingstoke, UK: Palgrave.

Dashtipour, P., & Vidaillet, B. (2020). Introducing the French psychodynamics of work perspective to critical management education: Why do the work task and the organization of work matter? Academy of Management Learning & Education, 19(2), 131-146. doi: 10.5465/amle.2018.0128

Dejours, C. (2012). Trabalho vivo (2 v.) Brasília, DF: Paralelo 15.

Diamond, M. (1993). The unconscious life of organizations: Interpreting organizational identity. London, UK: Quorum Books.

Faria, J. H., & Meneghetti, F. K. (2007). Sequestro da subjetividade e novas formas de controle psicológico no trabalho: Uma abordagem crítica ao modelo toyotista de produção. In J. H. Faria (Org.), Análise crítica das teorias e práticas organizacionais (pp. 45-67). São Paulo, SP: Atlas.

Fernandes, M. H. (2003). Corpo. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.

Fernandes, M. H. (2007). Transtornos alimentares. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.

Flores-Pereira, M. T. (2010). Corpo, pessoa e organizações. Organizações & Sociedade, 17(54), 417-438. doi: 10.1590/S1984-92302010000300002

Flores-Pereira, M. T., Davel, E., & Almeida, D. D. (2017). Desafios da corporalidade na pesquisa acadêmica. Cadernos EBAPE.BR, 15(2), 194-208. doi: 10.1590/1679-395149064

Fotaki, M., & Pullen, A. (Eds.). (2019). Diversity, affect and embodiment in organizing. Cham, Suíça: Palgrave Macmillan.

Franco, T., Druck, G., & Seligmann-Silva, E. (2010). As novas relações de trabalho, o desgaste mental do trabalhador e os transtornos mentais no trabalho precarizado. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 35(122), 229-248. doi: 10.1590/S0303-76572010000200006

French, R., & Vince, R. (Eds.). (1999). Group relations, management, and organization. Oxford, UK: Oxford University Press.

Freud, S. (1974a). Sobre os critérios para destacar da neurastenia uma síndrome particular intitulada “neurose de angústia”. In Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. III, pp. 107-135). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Obra original publicada em 1895)

Freud, S. (1974b). O ego e o id. In Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. XIX, pp. 23-76). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Obra original publicada em 1923)

Freud, S. (1995). Projeto de uma psicologia (O. F. Gabbi Jr., Trad.). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Obra original publicada em 1895)

Freud, S. (2010). Os instintos e seus destinos. In Sigmund Freud: Obra completa (Vol. 12, pp. 51-81). São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Obra original publicada em 1915)

Gabriel, Y. (1999). Organizations in depth. London, UK: SAGE.

Gärtner, C. (2013). Cognition, knowing and learning in the flesh: Six views on embodied knowing in organization studies. Scandinavian Journal of Management, 29(4), 338-352. doi: 10.1016/j.scaman.2013.07.005

Gaulejac, V. (2007). Gestão como doença social: Ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Aparecida, SP: Ideias & Letras.

Godoi, C. K., Cargnin, F. R. G., & Uchôa, A. G. F. (2017). Manifestações inconscientes na relação líder-liderado: Contribuições da teoria psicanalítica aos estudos organizacionais. Cadernos EBAPE.BR, 15(3), 599-614. doi: 10.1590/1679-395164894

Hassard, J., Holiday, R., & Willmott, H. (2000). Introduction. In J. Hassard, R. Holiday, & H. Willmott (Eds.), Body and organization (pp. 1-14). London, UK: Sage.

Hirschorn, L., & Barnett, C. (Eds). (1993). The psychodynamics of organizations. Philadelphia, USA: Temple University Press.

Hope, A. (2011). The body: A review and a theoretical perspective. In E. L. Jeanes, D. Knights, & P. Y. Martin (Eds.), Handbook of gender, work and organization (pp. 131-146). Chichester, UK: John Wiley & Sons.

Kerfoot, D. (2000). Body work: Estrangement, disembodiment and the organizational “other”. In J. Hassard, R. Holiday, & H. Willmott (Eds.), Body and organization (pp. 230-246). London, UK: Sage.

Klikauer, T. (2013). Managerialism: An ideology. London, UK & New York, USA: Palgrave Macmillan.

Le Breton, D. (2002). Antropología del cuerpo y modernidad. Buenos Aires, Argentina: Ediciones Nueva Visión.

Michel, A. (2011). Transcending socialization: A nine-year ethnography of the body's role in organizational control and knowledge workers transformation. Administrative Science Quarterly, 56, 325-368. doi: 10.1177/0001839212437519

Michel, A. (2014). Participation and self-entrapment: A 12-year ethnography of Wall Street participation practices’ diffusion and evolving consequences. The Sociological Quarterly, 55, 514-536. doi: 10.1111/tsq.12064

Michel, A. (2015). Dualism at work: The social circulation of embodiment theories in use. Signs and Society, 3(S1), S41-S69. doi: 10.1086/679306

Michel, A. (2016). Entrevista por Christian Hampel e Derin Kent. The ASQ Blog. Recuperado de https://asqblog.com/2016/01/27/michel-2011-transcending-socialization-a-nine-year-ethnography-of-the-bodys-role-in-organizational-control-and-knowledge-workers-transformation/

Nasio, J.-D. (2009). Meu corpo e suas imagens. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Editor.

Obholzer, A., & Roberts, V. Z. (1994). The unconscious at work. New York, USA: Routledge.

Paes, K. D., & Dellagnelo, E. H. L. (2015). O sujeito na epistemologia lacaniana e sua implicação para os estudos organizacionais. Cadernos EBAPE.BR, 13(3), 530-546. doi: 10.1590/1679-395115872

Parker, I. (2016). Obsessionality, order, management: Psychoanalysis and capitalism. CUSP: Culture-Subjectivity-Psyche, 1(2), 18-47. doi: 10.1177/0003065116673052

Paula, A. P. P. (2013). Abordagem freudo-frankfurtiana, pesquisa-ação e socioanálise: Uma proposta alternativa para os estudos organizacionais. Cadernos EBAPE.BR, 11(4), 520-542. doi: 10.1590/S1679-39512013000400004

Pfeffer, J. (2018). Dying for a paycheck: Why the American way of business is injurious to people and companies. New York, USA: HarperCollins Publishers.

Souza, E. M., Costa, A. S. M., & Pereira, S. J. (2015). A organização (in)corporada: Ontologia organizacional, poder e corpo em evidência. Cadernos EBAPE.BR, 13(4), 727-742. doi: 10.1590/1679-395118624