Capacidades estatais e mineração: uma análise da agência nacional de regulação

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Fillipe Maciel Euclydes
https://orcid.org/0000-0001-8920-1594
Alex dos Santos Macedo
https://orcid.org/0000-0002-1800-0119
Suélem Viana Macedo
https://orcid.org/0000-0002-1610-1856
Josiel Lopes Valadares
https://orcid.org/0000-0002-2559-9617

Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar a capacidade administrativa da Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável por regular a política mineral brasileira. Para tanto, foram realizadas pesquisas documental e bibliográfica de cunho qualitativa. Coletaram-se e analisaram-se diferentes indicadores organizacionais por meio de consulta a relatórios oficiais de gestão, auditorias de órgãos de controle, bem como relatórios de Comissões Parlamentares. Sob um cenário no qual as capacidades administrativas deveriam ter sido robustecidas (2003- 2020), os resultados demonstraram, de forma contraintuitiva, a contínua debilidade organizacional da autarquia. Evidenciou-se um quadro que conjuga restrição de servidores disponíveis, diminuição no orçamento discricionário, déficit na infraestrutura patrimonial e móvel, além de sistemas tecnológicos defasados. A baixa autonomia na alocação de recursos foi identificada como um dos mecanismos que explicam essas fragilidades. Em conjunto, tais condições – escassez de recursos e autonomia – contribuem para o baixo desempenho na regulação dos processos minerários e nas atividades de fiscalização e controle da mineração, podendo resultar em perda de arrecadação pública, riscos de novos desastres e ampliação da mineração ilegal.

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Como Citar
Euclydes, F. M., Macedo, A. dos S., Macedo, S. V., & Valadares, J. L. (2022). Capacidades estatais e mineração: uma análise da agência nacional de regulação. Revista De Administração Pública, 56(1), 163–175. https://doi.org/10.1590/0034-761220210203
Seção
Fórum: Perspectivas Práticas

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