Ação afirmativa em programas de pós-graduação no Brasil: padrões de mudança institucional

Conteúdo do artigo principal

Anna Carolina Venturini
https://orcid.org/0000-0001-8370-5476

Resumo

Desde 2002, programas de pós-graduação de universidades públicas brasileiras começaram a adotar ações afirmativas para seus processos de admissão. Este artigo tem como objetivo explicar como a criação de ações afirmativas resultou na mudança nos processos seletivos de candidatos. Este artigo utilizará (a) uma análise dos editais de seleção de programas de pós-graduação acadêmicos de universidades públicas publicados até janeiro de 2018, (b) documentos disponibilizados pelos programas e (c) entrevistas semiestruturadas com os coordenadores dos programas. Na maioria dos programas, a criação de ação afirmativa não resultou em alteração no processo seletivo. Alguns programas consideraram os obstáculos enfrentados pelos grupos vulneráveis no acesso à pós-graduação e alteraram seus procedimentos. Com base na tipologia de mudança institucional de Mahoney e Thelen (2010), a análise aponta que mudanças mais profundas se devem a processos endógenos e incrementais. O principal fator que contribuiu para a modificação dos critérios de admissão é a área do conhecimento dos programas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Venturini, A. C. (2021). Ação afirmativa em programas de pós-graduação no Brasil: padrões de mudança institucional. Revista De Administração Pública, 55(6), 1250–1270. https://doi.org/10.1590/0034-761220200631
Seção
Artigos

Referências

Aberbach, J. D., & Rockman, B. A. (2002). Conducting and Coding Elite Interviews. Political Science & Politics, 35(4), 673-676. Recuperado de https://doi.org/10.1017/S1049096502001142

Arruti, J. M. (2008). Quilombos. In O. A. Pinho, & L. Sansone (Eds.), Raça: novas perspectivas antropológicas (2a ed. rev, pp. 315-350). Salvador, BA: EDUFBA.

Artes, A. (2016). Desigualdades de cor/raça e sexo entre pessoas que frequentam e titulados na pós-graduação brasileira. In A. Artes, S. Unbehaum, & V. Silverio (Eds.), Ações Afirmativas no Brasil: reflexões e desafios para a pós-graduação (pp. 19-59). São Paulo, SP: Editora Cortez.

Associação Brasileira de Antropologia. (1994). Documento do grupo de trabalho sobre comunidades negras rurais. Recuperado de https://acervo.socioambiental.org/acervo/documentos/documento-do-grupo-de-trabalho-sobre-comunidades-negras-rurais

Baumgartner, F., & Jones, B. (1993). Agendas and instability in American politics. Chicago, IL: University of Chicago Press.

Capoccia, G. (2015). Critical junctures and institutional change. In J. Mahoney, & K. Thelen (Eds.), Advances in comparative-historical analysis (pp. 147-179). New York, NY: Cambridge University Press.

Capoccia, G., & Kelemen, D. (2007). The Study of Critical Junctures: theory, narrative, and counterfactuals in historical institutionalism. World Politics, 59(3), 341-369. Recuperado de https://doi.org/10.1017/S0043887100020852

Diniz, J. A. F., Filho, Fioravanti, M. C. S., Mello, L., Fredrigo, F. S., Paula, M. H., Dias, L. O. … Oliveira, D. D. (2016). Cotas étnico-raciais na pós-graduação: a experiência da Universidade Federal de Goiás. In A. Artes, S. Unbehaum, & V. R. Silvério (Eds.), Ações Afirmativas no Brasil: reflexões e desafios para a pós-graduação (pp. 183-212). São Paulo, SP: Cortez Editora.

Durham, E. R. (1998). As universidades públicas e a pesquisa no Brasil (Documento de trabalho, 9/98). São Paulo, SP: Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior da Universidade de São Paulo. Recuperado de http://nupps.usp.br/downloads/docs/dt9809.pdf

Feres, J., Jr., Campos, L. A., Daflon, V. T., & Venturini, A. C. (2018). Ação afirmativa: conceito, história e debates. Rio de Janeiro, RJ: EdUERJ. Recuperado de https://www.eduerj.com/eng/?product=acao-afirmativa-conceito-historia-e-debates

Fiori, A. L., Assênsio, C. B., Andrade, F., Teixeira, J. M., Patriarca, L., & dal Bo, T. L. (2017). O tempo e o vento: notas sobre a arte de burocratizar políticas de cotas na USP. Revista de Antropologia, 60(1), 55-83. Recuperado de https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2017.132101

Goldman, M., & Banaggia, G. (2017). A política da má vontade na implantação das cotas étnico-raciais. Revista de Antropologia, 60(1), 16-34. Recuperado de https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2017.132062

Goldstein, K. (2002). Getting in the Door: Sampling and Completing Elite Interviews. Political Science & Politics, 35(04), 669-672. Recuperado de https://doi.org/10.1017/S1049096502001130

Gurin, P., Dey, E., Hurtado, S., & Gurin, G. (2002). Diversity and Higher Education: Theory and Impact on Educational Outcomes. Harvard Educational Review, 72(3), 330-367. Recuperado de https://doi.org/10.17763/haer.72.3.01151786u134n051

Hacker, J. S., Pierson, P., & Thelen, K. (2015). Drift and conversion: hidden faces of institutional change. In J. Mahoney, & K. Thelen (Eds.), Advances in comparative-historical analysis (pp. 180-208). New York, NY: Cambridge University Press.

Hall, P. A. (1986). Governing the economy: the politics of state intervention in Britain and France. Oxford, UK: Blackwell.

Harvey, W. S. (2011). Strategies for conducting elite interviews. Qualitative Research, 11(4), 431-441. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1468794111404329

Hochschild, J. L. (2005). Conducting Intensive Interviews and Elite Interviews. In M. Lamont, & P. White (Eds.), Workshop on Interdisciplinary Standards for Systematic Qualitative Research (pp. 124-127). Alexandria, VA: National Science Foundation. Recuperado de https://www.nsf.gov/sbe/ses/soc/ISSQR_workshop_rpt.pdf

Jenkins, L. D., & Moses, M. S. (2014). Affirmative Action Matters: Creating opportunities for students around the world. Abingdon, UK: Taylor & Francis.Kapiszewski, D. (2015). Field research in political science: practices and principles. Cambridge, UK: Cambridge University Press.

Katznelson, I. (2003). Periodization and preferences: reflections on purposive action in comparative-historical social science. In J. Mahoney, & D. Rueschemeyer (Eds.), Comparative historical analysis in the social sciences (pp. 270-303). Cambridge, UK: Cambridge University Press.

Kennedy, R. (2015). For discrimination: race, affirmative action, and the law. New York, NY: Vintage Books.

Kurasaki, K. S. (2000). Intercoder Reliability for Validating Conclusions Drawn from Open-Ended Interview Data. Field Methods, 12(3), 179-194. Recuperado de https://doi.org/10.1177/1525822X0001200301

Leech, B. L. (2002). Asking Questions: Techniques for Semistructured Interviews. PS: Political Science and Politics, 35(4), 665-668. Recuperado de https://doi.org/10.1017/S1049096502001129

Lynch, J. (2013). Aligning Sampling Strategies with Analytic Goals. In L. Mosley (Ed.), Interview Research in Political Science (pp. 31-44). London, UK: Cornell University Press.

Mahoney, J. (2000). Path dependence in historical sociology. Theory and Society, 29(4), 507-548. Recuperado de https://doi.org/10.1023/A:1007113830879

Mahoney, J., & Thelen, K. (2010). A theory of gradual institutional change. In J. Mahoney & K. Thelen (Eds.), Explaining Institutional Change (pp. 1-37). Cambridge, UK: Cambridge University Press.

Marques, A. C. R. D., Fiori, A. L., Assênsio, C. B., Andrade, F., Teixeira, J. M., Patriarca, L. ... Dal’ Bó, T. L. (2017). A proposta de cotas e ações afirmativas do Programa de PósGraduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo: do tédio à melodia. Cadernos de Campo (São Paulo), 25(25), 46-55. Recuperado de https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v25i25p46-55

Mosley, L. (2013). Interview Research in Political Science. London, UK: Cornell University Press.

Moura, C. (1972). Rebeliões da senzala: quilombos, insurreições, guerrilhas. São Paulo, SP: Conquista.

Nascimento, A. (1980). O quilombismo. Petrópolis, RJ: Vozes.

Nature, E. (2014). Diversity challenge. Nature, 513, 279. Recuperado de https://doi.org/10.1038/513279a

Pereira, A. C. (2017). Preto, gay e do Norte: ações afirmativas na pele. Revista de Antropologia, 60(1), 35-46. Recuperado de https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2017.132065

Pierson, P. (2004). Politics in time: history, institutions, and social analysis. Princeton, NJ: Princeton University Press.

Posselt, J. R. (2014). Toward Inclusive Excellence in Graduate Education: Constructing Merit and Diversity in PhD Admissions. American Journal of Education, 120(4), 481-514. Recuperado de https://doi.org/10.1086/676910

Posselt, J. R. (2016). Inside graduate admissions: merit, diversity, and faculty gatekeeping. Merit, diversity, and faculty gatekeeping. Cambridge, MA: Harvard University Press.

Ribeiro, C. A. C., & Schlegel, R. (2015). Estratificação horizontal da educação superior no Brasil: 1960 a 2010. In M. T. S. Arretche (Ed.), Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos. São Paulo, SP: Editora UNESP.

Rosemberg, F. (2013). Ação afirmativa na pós-graduação: o programa internacional de bolsas da Fundação Ford na Fundação Carlos Chagas (Textos FCC, 36). São Paulo, SP: FCC/SEP.

Sabbagh, D. (2007). Equality and transparency: a strategic perspective on affirmative action in American law. New York, NY: Palgrave Macmillan.

Santos, J. T. (2010). Pós-graduação em Direito e Ações Afirmativas no Brasil: uma experiência induzida. Revista Pós Ciências Sociais, 7(14), 155-172. Recuperado de http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/article/view/570

Senkevics, A. S., & Mello, U. M. (2019). O perfil discente das universidades federais mudou pós-lei de cotas? Cadernos de Pesquisa, 49(172), 184-208. Recuperado de https://doi. org/10.1590/198053145980

Silva, G. M. D. (2006). Ações afirmativas no Brasil e na África do Sul. Tempo Social, 18(2), 131-165. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0103-20702006000200007

Streeck, W., & Thelen, K. A. (2005). Beyond continuity: institutional change in advanced political economies. Oxford, UK: Oxford University Press.

Thelen, K. (2003). How institutions evolve: insights from comparative-historical analysis. In J. Mahoney, & D. Rueschemeyer (Eds.), Comparative historical analysis in the social sciences (pp. 208-240). Cambridge, UK: Cambridge University Press.

Thelen, K. (2004). How institutions evolve: The political economy of skills in Germany, Britain, the United States, and Japan. Cambridge, UK: Cambridge University Press.

Thelen, K. (2009). Institutional change in advanced political economies: First annual lecture of the bjir. British Journal of Industrial Relations, 47(3), 471- 498. Recuperado de https://doi.org/10.1111/j.1467-8543.2009.00746.x

Venturini, A. C. (2017). Formulação e implementação da ação afirmativa para pós-graduação do Museu Nacional. Cadernos de Pesquisa, 47(166), 1292-1313. Recuperado de https://doi.org/10.1590/198053144438

Venturini, A. C. (2019). Ação afirmativa na pós-graduação: os desafios da expansão de uma política de inclusão (Tese de Doutorado). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ. Recuperado de http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/12384

Venturini, A. C., & Feres, J., Jr. (2020). Affirmative action policy in graduate studies: The case of public universities. Cadernos de Pesquisa, 50(177), 882-909. Recuperado de https://doi.org/10.1590/198053147491