Desigualdades territoriais no financiamento das políticas de educação e de saúde na Espanha e no Brasil

Conteúdo do artigo principal

Marcia Miranda Soares
https://orcid.org/0000-0001-7569-7066
Encarnación García Murillo
https://orcid.org/0000-0002-1636-4728
Jesús Ruiz-Huerta Carbonell
https://orcid.org/0000-0003-2888-084X

Resumo

O presente artigo compara os modelos e as desigualdades territoriais no financiamento de duas políticas sociais pilares do estado de bem-estar social e com alto grau de descentralização territorial na Espanha e no Brasil: educação e saúde. A análise utiliza bibliografia especializada, legislação nacional e documentos governamentais para descrever as políticas e seus mecanismos de financiamento. Dados fiscais são usados para apresentar os gastos e analisar as desigualdades dos governos subnacionais no financiamento da educação e da saúde nos dois países. A conclusão é que a experiência espanhola apresenta elevado nivelamento de gastos em saúde e educação nas comunidades autônomas do regime comum, com patamares menores de desigualdade que o observado nos estados e municípios brasileiros. O resultado espanhol é decorrente de um processo incremental de aperfeiçoamento do federalismo fiscal, que culminou em um modelo marcado pela priorização e solidariedade territorial no financiamento das políticas sociais. Esse modelo é uma referência para a análise e discussão do caso brasileiro, que configurou seu federalismo fiscal com pouca preocupação em conciliar eficiência e equidade na distribuição dos recursos entre os entes governamentais, mas apresentou avanços importantes em reformas no financiamento da educação e da saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Soares, M. M., Murillo, E. G., & Carbonell, J. R.-H. (2023). Desigualdades territoriais no financiamento das políticas de educação e de saúde na Espanha e no Brasil. Revista De Administração Pública, 57(1), e2022–0168. https://doi.org/10.1590/0034-761220220168
Seção
Artigos

Referências

Baião, A., Cunha, A., & Souza, F. (2017). Papel das transferências intergovernamentais na equalização fiscal dos municípios brasileiros. Revista do Serviço Público, 68(3), 583-610. Recuperado de https://doi.org/10.21874/rsp.v68i3.1406

Banco Mundial. (2022). Datos. Recuperado de https://datos.bancomundial.org/

Barrios-Suvelza, F. X. (2019). Refining the concepts of territorial revenue assignment, substate fiscal self-rule and territorial fiscal balance. International Journal of Public Administration, 42(5), 432-454. Recuperado de https://doi.org/10.1080/01900692.2018.1466899

Boadway, R. (2006). Intergovernmental redistributive transfers: efficiency and equity. In E. Ahmad, & G. Brosio (Eds.), Handbook of fiscal federalism. Cheltenham, UK: Edward Elgar Publishing Limited.

Bremaeker, F. E. J. (2019). As finanças municipais em 2018. Rio de Janeiro, RJ: Observatório de Informações Municipais. Recuperado de http://www.oim.tmunicipal.org.br/abre_documento.cfm?arquivo=_repositorio/_oim/_documentos/8B072418-A792-1914-F7BC076CD6496EDD02102019041636.pdf&i=3151

Dafflon, B., & Vaillancourt, F. (2003). Problems of equalization in federal countries. In R. Blidenbacher, & A. Koller (Eds.), Federalism in a changing world: learning from each other. Montreal, Canada: McGill Queens University Press.

Duarte, A. J. M., Silva, A. M. A., Luz, E. M., & Gerardo, J. C. (2009). Transferências fiscais intergovernamentais no Brasil: avaliação das transferências federais, com ênfase no Sistema Único de Saúde (Série Gestión Pública 69). Santiago do Chile, Chile: Instituto Latinoamericano y del Caribe de Planificación Económica y Social. Recuperado de https://repositorio.cepal.org/handle/11362/7326

Fundo Monetário Internacional. (2021a). World economic outlook, GCP, current prices (Purchasing Power Parity). Recuperado de https://www.imf.org/external/datamapper/PPPGDP@WEO/OEMDC/ADVEC/WEOWORLD?year=2021

Fundo Monetário Internacional. (2021b). World economic outlook, GCP per capita, current prices (PPP). Recuperado de https://www.imf.org/external/datamapper/PPPPC@WEO/OEMDC/ADVEC/WEOWORLD?year=2021

Huntington, S. P. (1994). A terceira onda: a democratização no final do século XX. São Paulo, SP: Ática.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2019). Sistema de contas regionais. Rio de Janeiro, RJ: Autor. Recuperado de https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas-nacionais/9054-contas-regionais-do-brasil.html?=&t=resultados

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. (2022). Finanças públicas. Brasília, DF: Autor. Recuperado de http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx

Instituto Nacional de Estadística. (2019). Contabilidad regional de España – revisión estadística. Madrid, España: Autor. Recuperado de https://www.ine.es/dyngs/INEbase/es/operacion.htm?c=Estadistica_C&cid=1254736167628&menu=resultados&idp=1254735576581#

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (2020). Relatório do 3º ciclo de monitoramento das metas do plano nacional de educação. Brasília, DF: Autor.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (2022). Sinopse estatística de educação básica 2017. Brasília, DF: Autor. Recuperado de http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao

León, S. (2015). La financiación autonómica: claves para comprender un (interminable) debate. Madri, España: Alianza Editorial.

Litvack, J., Ahmad, J., & Bird, R. (1998). Rethinking decentralization in developing countries. Sector Studies Series. Washington, DC: The World Bank.

Mendes, M., Miranda, R. B., & Cosio, F. B. (2008). Transferências intergovernamentais no Brasil: diagnóstico e proposta de reforma (Texto para Discussão, 40). Brasília, DF: Consultoria Legislativa do Senado Federal.

Menicucci, T. M. G. (2014). História da reforma sanitária brasileira e do Sistema Único de Saúde: mudanças, continuidades e a agenda atual. História, Ciências, Saúde, 21(1), 77-92. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0104-59702014000100004

Ministério da Educação. (2021). Dados analíticos. Brasília, DF: Autor. Recuperado de https://www.fnde.gov.br/index.php/fnde_sistemas/siope/relatorios/arquivos-dados-analiticos

Ministério da Saúde. (2022a). Indicadores estaduais. Brasília, DF: Autor. Recuperado de http://siops-asp.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?SIOPS/SerHist/ESTADO/indicuf.def

Ministério da Saúde. (2022b). Indicadores municipais. Brasília, DF: Autor Recuperado de http://siops-asp.datasus.gov.br/cgi/siops/serhist/MUNICIPIO/indicadores.HTM

Ministerio de Educación y Formación Profesional. (2020). Las cifras de la educación en España. Curso 2018-2019. Madrid, España: Autor. Recuperado de https://www.educacionyfp.gob.es/servicios-al-ciudadano/estadisticas/indicadores/cifras-educacion-espana/2018-2019.html

Ministerio de Educación y Formación Profesional. (2022). Estudiantes. Madrid, España: Autor. Recuperado de https://www.educacionyfp.gob.es/contenidos/estudiantes/portada.html

Ministerio de Sanidad. (2020). Sistema de cuentas de salud – serie histórica 2003-2018. Madrid, España: Autor. Recuperado de https://www.mscbs.gob.es/estadEstudios/estadisticas/sisInfSanSNS/pdf/SCSdatosEstadisticos.pdf

Ministerio de Sanidad. (2021). Estadística de gasto sanitario público 2019: principales resultados. Madrid, España: Autor. Recuperado de https://www.mscbs.gob.es/estadEstudios/estadisticas/docs/EGSP2008/egspPrincipalesResultados.pdf

Musgrave, R. A. (1983). Who should tax, where, and what. In C. Mclure (Ed.), Tax assignment in federal countries. Canberra, Australia: Australian National University.

Oates, W. (1972). Fiscal federalism. New York, NY: Harcourt Brace Jovanovich.

Obinger, H. Leibfried, S., & Castles, F. G. (Ed.). (2005). Federalism and the welfare state: new world and European experiences. Cambridge, UK Cambridge University Press.

Onrubia, J., & Ruiz-Huerta, J. (2019). Estado y haciendas territoriales: la salida del laberinto. In M. Garde, J. Gascón, & T. Macanas (Eds.), Hacienda pública y gobernanza fiscal en España: desafíos 2020. Madrid, España: Instituto de Estudios Fiscales.

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2019). Health at a glance 2019: OECD Indicators. Paris, France: Author. Recuperado de https://www.oecd-ilibrary.org/social-issues-migration-health/health-at-a-glance-2019_4dd50c09-en. https://www.oecd-ilibrary.org/social-issues-migration-health/health-at-a-glance-2019_4dd50c09-en

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2021). Fiscal federalism 2022: making decentralization work. Paris, France: Autor. Recuperado de https://doi.org/10.1787/201c75b6-en

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. (2022). Fiscal decentralisation database. Paris, France: Autor. Recuperado de https://www.oecd.org/tax/federalism/fiscal-decentralisation-database.htm#C_Title

Pierson, P. (1995). Fragmented welfare states: federal institutions and the development of social policies. Governance: an International Journal of Policy and Administration, 8(4), 449-478. Recuperado de https://doi.org/10.1111/j.1468-0491.1995.tb00223.x

Receita Federal. (2020). Carga tributária no Brasil 2019: análise por tributos e bases de incidência. Brasília, DF: Autor. Recuperado de https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/receitadata/estudos-e-tributarios-e-aduaneiros/estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-no-brasil/ctb-2019-v2-publicacao.pdf/view

Rezende, F. (2010). Federalismo fiscal: em busca de um novo modelo. In R. Oliveira, & W. Santana (Eds.), Educação e federalismo no Brasil: combater as desigualdades, garantir a diversidade (pp. 71-88). Brasília, DF: Unesco.

Rodden, J. (2005). Federalismo e descentralização em perspectiva comparada: sobre significados e medidas. Revista de Sociologia e Política, 24, 9-27. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0104-44782005000100003

Secretaria do Tesouro Nacional. (2020). Estatísticas fiscais do Governo Geral. Brasília, DF: Autor. Recuperado de https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/estatisticas-fiscais-do-governo-geral/2020/22

Tanzi, V. (2008). The future of fiscal federalism. European Journal of Political Economy, 24(3), 705-712. Recuperado https://doi.org/10.1016/j.ejpoleco.2008.03.001

Tiebout, C. (1956). A pure theory of local expenditures. The Journal of Political Economy, 64(5), 416-424. Recuperado de https://doi.org/10.1086/257839

United Nations Development Programme. (2020). Human development index trends, 1990-2018. Recuperado de http://hdr.undp.org/en/composite/trends