Fordismo, pós-fordismo e ciberfordismo: os (des)caminhos da Indústria 4.0

Conteúdo do artigo principal

Ana Paula Paes de Paula
https://orcid.org/0000-0001-8035-472X
Ketlle Duarte Paes
https://orcid.org/0000-0003-4231-0990

Resumo

O objetivo deste artigo é abordar a Indústria 4.0 como o cerne de um novo paradigma de produção – o ciberfordismo – que emergiu no bojo do estágio ultraneoliberal do capitalismo. Primeiramente, apresentamos as características da Indústria 4.0 para evidenciar como ela radicaliza os processos de automação da produção e de inserção da inteligência artificial nos processos decisórios. Em seguida, retomamos os contornos dos paradigmas fordistas e pós-fordistas de produção, demarcando a continuidade entre estes e o ciberfordismo, bem como apontando a desconstrução do compromisso fordista e do Estado de bem-estar em sua transição para os modelos de flexibilização pós-fordistas e neoliberais. Discutimos também as características do paradigma ciberfordista, que maximiza os propósitos do fordismo clássico, uma vez que tende a tornar prescindíveis a mão de obra qualificada e até mesmo os próprios gerentes. Na conclusão, destacamos as contribuições do artigo e recomendações para futuras pesquisas.

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Como Citar
Paula, A. P. P. de, & Paes, K. D. . (2021). Fordismo, pós-fordismo e ciberfordismo: os (des)caminhos da Indústria 4.0. Cadernos EBAPE.BR, 19(4), 1047–1058. https://doi.org/10.1590/1679-395120210011
Seção
Artigos

Referências

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