Compromissos mútuos nas transações de hortícolas na Serra Fluminense

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Carlos Ivan Mozambani
Hildo Meirelles de Souza Filho
Bruno Varella Miranda

Resumo

O objetivo deste artigo é identificar os fatores que explicam o estabelecimento de compromissos mútuos entre os agricultores familiares e compradores de produtos hortícolas na Região Serrana do Rio de Janeiro. Para tanto, analisa 567 transações referentes a uma amostra de agricultores familiares baseados em sete municípios. A Economia dos Custos de Transação (ECT) é usada como marco teórico. O estudo empírico parte da construção de uma variável que divide as transações em dois grupos. No primeiro grupo, intitulado “com compromisso”, o comprador fornece insumos ou assistência técnica ao produtor. Já no segundo grupo, intitulado “sem compromisso”, inexiste tal comprometimento de conhecimento e recursos. Estatísticas descritivas e um modelo logístico (logit) binário mostram que transações “com compromisso” se caracterizam por um maior nível de especificidade do ativo e um amplo conjunto de rotinas de coordenação. Por sua vez, a construção de confiança emerge como um mecanismo de coordenação fundamental mesmo naquelas transações “sem compromisso”.

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MOZAMBANI, C. I.; SOUZA FILHO, H. M. de; MIRANDA, B. V. Compromissos mútuos nas transações de hortícolas na Serra Fluminense. RAE-Revista de Administração de Empresas, [S. l.], v. 59, n. 3, p. 195–208, 2019. DOI: 10.1590/S0034-759020190305. Disponível em: https://periodicos.fgv.br/rae/article/view/79717. Acesso em: 3 jul. 2024.
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Artigos

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