Masculinidades e feminilidades a bordo: Projeto(s) de gênero na carreira de comissárias e comissários de voo

Conteúdo do artigo principal

Aline Mendonça Fraga
https://orcid.org/0000-0002-4240-464X
Sidinei Rocha de Oliveira (in memoriam)

Resumo

Este artigo retoma as bases interacionistas dos estudos de carreira com o objetivo de analisar a construção de projeto(s) de gênero, com referência a masculinidades e feminilidades, na carreira de comissárias(os) de voo. O percurso metodológico, de orientação qualitativa, ocorreu em cinco etapas principais: pesquisa bibliográfica e documental; imersão geral por 16 meses de observação do campo e registro de diários; imersão específica no campo com a participação em curso de formação para comissárias(os); coleta de biografias de 23 profissionais; e construção e análise temática de narrativas. O conjunto de informações foi analisado por narrativas coletivas em três momentos relacionais: formação, ingresso na companhia aérea e cotidiano da carreira. As discussões apontam para a construção do projeto de carreira como um projeto de gênero; o potencial de metamorfose individual ao enfatizar e corporificar masculinidades e feminilidades e as negociações das trajetórias no campo de possibilidades, dimensão temporal, dinâmica e contextual. As conclusões da pesquisa ampliam o debate de carreiras generificadas e trazem uma contribuição metodológica e teórica original para carreiras de coletividades.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Detalhes do artigo

Como Citar
MENDONÇA FRAGA, A.; ROCHA DE OLIVEIRA (IN MEMORIAM) , S. . Masculinidades e feminilidades a bordo: Projeto(s) de gênero na carreira de comissárias e comissários de voo. RAE-Revista de Administração de Empresas, [S. l.], v. 62, n. 3, p. e2020–0890, 2022. DOI: 10.1590/S0034-759020220309. Disponível em: https://periodicos.fgv.br/rae/article/view/85999. Acesso em: 3 jul. 2024.
Seção
Artigos

Referências

Agência Nacional da Aviação Civil. (2005). Manual do curso comissário de vôo. Recuperado de https://www.anac.gov.br/acesso-a-informacao/biblioteca/manuais-de-cursos-da-anac-1/mca5811.pdf

Arthur, M. B. (1994). The boundaryless career: A new perspective for organizational inquiry. Journal of Organizational Behavior, 15(4), 295-306. doi: 10.1002/job.4030150402

Arthur, M. B. (2008). Examining contemporary careers: A call for interdisciplinary inquiry. Human Relations, 61, 163-186. doi: 10.1177/0018726707087783

Barley, S. R. (1989). Careers, identities, and institutions: The legacy of the Chicago School of Sociology. Handbook of Career Theory, 41, 65. doi: 10.1017/CBO9780511625459.005

Barros, L. E. V., Cappelle, M. C. A., & Guerra, P. (2021). Carreira outsider: Um estudo sobre o processo de rotulação da carreira de músico. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, 20(1), 194-225. doi: 10.21529/RECADM.2021007

Barros, L. E. V., Cappelle, M. C. A., Souza, R. B., & Lobato, C. B. P. (2018). Carreiras outsiders: Uma análise a partir da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Revista Gestão & Planejamento, 19(1), 121-136. doi: 10.21714/2178-8030gep.v19.4670

Barry, K. (2007). Femininity in flight: A history of flight attendants. Durham, USA: Duke University Press.

Bendassolli, P. (2009). Recomposição da relação sujeito-trabalho nos modelos emergentes de carreira. RAE-Revista de Administração de Empresas, 49(4), 387-400. doi: 10.1590/S0034-75902009000400003

Castellitti, C. (2019). Varig, “a Real Brazilian Embassy Outside”: Anthropological reflections on aviation and national imaginaries. The Journal of Transport History, 40(1), 82-105. doi: 10.1177/0022526618822132

Castellitti, C. (2020). Sobre mães, navios e cachaça: Carreira, crise e desilusão numa empresa brasileira representada como “patrimônio da nação”. Mana, 26(3), 1-34. doi: 10.1590/1678-49442020v26n3a201

Ceribeli, H. B., & Silva, E. R. (2017). Interrupção voluntária da carreira em prol da maternidade. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 11(5), 116-139. doi: 10.12712/rpca.v11i5.1056

Connell, R. (1987). Gender and power: Society, the person, and sexual politics. Stanford, USA: Stanford University Press.

Connell, R. (2016). Gênero em termos reais. São Paulo, SP: nVersos.

Connell, R. (2018). Masculinities. Cambridge, UK: Policy Press.

Connell, R., & Messerschmidt, J. W. (2013). Hegemonic masculinity: Rethinking the concept. Revista Estudos Feministas, 21(1), 241-282. doi: 10.1590/S0104-026X2013000100014

Connell, R., & Pearse, R. (2015). Gênero: Uma perspectiva global. São Paulo, SP: nVersos.

DeLuca, G., & Rocha-de-Oliveira, S. (2016). Inked careers: Tattooing professional paths. BAR-Brazilian Administration Review, 13(4), art.3, 1-18. doi: 10.1590/1807-7692bar2016160081

DeLuca, G., Rocha-de-Oliveira, S., & Chiesa, C. D. (2016). Project and metamorphosis: Gilberto Velho’s contributions to career studies. Revista de Administração Contemporânea, 20(4), 458-476. doi: 10.1590/1982-7849rac2016140080

Duffy, K., Hancock, P., & Tyler, M. (2017). Still Red Hot? Postfeminism and gender subjectivity in the airline industry. Gender, Work & Organization, 24(3), 260-273. doi: 10.1177/1097184X15584912

Duncanson, C. (2015). Hegemonic masculinity and the possibility of change in gender relations. Men and Masculinities, 18(2), 231-248. doi: 10.1177/1097184X15584912

Ferree, M. M. (2018). Theories don’t grow on trees: Contextualizing gender knowledge. In J. W. Messerschmidt, P. Y. Martin, M. A. Messner, & R. Connell (eds), Gender reckonings: New social theory and research. (pp. 13-34) New York, USA: New York University Press.

Fraga, A. M., Gemelli, C. E., & Rocha-de-Oliveira, S. (2019). Cenário das publicações científicas em carreira e gênero. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 13(3), 158-178. doi: 10.12712/rpca.v13i3.2

Fraga, A. M., & Rocha-de-Oliveira, S. (2020). Mobilidades no labirinto: Tensionando as fronteiras nas carreiras de mulheres. Cadernos EBAPE.BR, 18, 757-769. doi: 10.1590/1679-395120190141

Good, L., & Cooper, R. (2016). ‘But it's your job to be friendly’: Employees coping with and contesting sexual harassment from customers in the service sector. Gender, Work & Organization, 23(5), 447-469. doi: 10.1111/gwao.12117

Grangeiro, R. R., Barreto, A. J. T. P., & Silva, J. S. (2018). Análise de artigos científicos sobre carreira em administração. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 12(1), 47-60. doi: 10.12712/rpca.v12i1.1089

Gunz, H., & Mayrhofer, W. (2018). Rethinking career studies. Facilitating conversation across boundaries with the social chronology framework. Cambridge, UK: University Press.

Gunz, H., Mayrhofer, W., & Tolbert, P. (2011). Career as a social and political phenomenon in the globalized economy. Organization Studies, 32(12), 1613-1620. doi: 10.1177/0170840611421239

Häyrén, A. (2016). Construction of masculinity: Constructions of context – relational process in everyday work. In A. Häyrén & H. W. Henriksson (Eds.), Critical perspectives on masculinities and relationalities: In relation to what? (pp. 56-66). Cham, Switzerland: Springer

Hale, H. C. (2008). The development of British military masculinities through symbolic resources. Culture & Psychology, 14(3), 305-332. doi: 10.1177/1354067X08092636

Hall, D. T. (1996). Protean careers of the 21st century. Academy of Management Perspectives, 10(4), 8-16. Recuperado de https://www.jstor.org/stable/4165349

Hirshfield, L. E. (2015). “I just did everything physically possible to get in there”: How men and women chemists enact masculinity differently. Social Currents, 2(4), 324-340. doi: 10.1177/2329496515603727

Hochschild, A. R. (2003). The commercialization of intimate life: Notes from home and work. Oakland, USA: Univ. of California Press.

Hryniewicz, L. G. C., & Vianna, M. A. (2018). Mulheres em posição de liderança: Obstáculos e expectativas de gênero em cargos gerenciais. Cadernos EBAPE.BR, 16(3), 331-344. doi: 10.1590/1679-395174876

Hughes, E. C. (1937). Institutional office and the person. American Journal of Sociology, 43(3), 404-413. Recuperado de https://www.jstor.org/stable/2768627

Hughes, E. C. (1958). Men and their work. London, UK: The Free Press of Glencoe.

Hughes, E. C. (2003). Careers. In D. Harper & H. M. Lawson (Eds.), The cultural study of work (pp. 130-138). Blue Ridge Summit, USA: Rowman & Littlefield Publishers, Inc.

Instituto Brasileiro de Aviação. (2018). Anuário brasileiro de recursos humanos para a aviação civil. Recuperado de http://ahr-brazilianreport.com/arquivos/Anuario-Brasileiro-de-Recursos-Humanos-para-Aviacao-Civil-compressed.pdf

Maanen, J. Van. (1978). People processing: Strategies of organizational socialization. Organizational Dynamics, 7(1), 19-36. doi: 10.1016/0090-2616(78)90032-3

Maanen, J. Van. (2015). The present of things past: Ethnography and career studies. Human Relations, 68(1), 35-53. doi: 10.1177/0018726714552287

Mainiero, L. A., & Gibson, D. E. (2018). The kaleidoscope career model revisited: How midcareer men and women diverge on authenticity, balance, and challenge. Journal of Career Development, 45(4), 361-377. doi: 10.1177/0894845317698223

Mainiero, L. A., & Sullivan, S. E. (2005). Kaleidoscope careers: An alternate explanation for the “opt-out” revolution. Academy of Management Perspectives, 19(1), 106-123. doi: 10.5465/ame.2005.15841962

Mayrhofer, W., Meyer, M., & Steyrer, J. (2007). Contextual issues in the study of careers. In H. P. Gunz & M. Peiperl (eds), Handbook of career studies (pp. 215-240). London, UK: Sage Publications.

Mendonça, J. R. C. (2002). Interacionismo simbólico: Uma sugestão metodológica para a pesquisa em administração. Revista Eletrônica de Administração, 8(2), 1-23. Recuperado de https://seer.ufrgs.br/index.php/read/article/view/46249/28826

Messerschmidt, J. W., Martin, P. Y., & Messner, M. A. (2018). Hegemonic, nonhegemonic, and “new” masculinities. In J. W. Messerschmidt, P. Y. Martin, M. A. Messner, & R. Connell (eds), Gender reckonings: New social theory and research (pp. 35-56). New York, USA: New York University Press.

Moreira, M. G., & Silva, A. H. (2018). A influência do conflito trabalho-família e o comprometimento com a carreira na percepção de sucesso na carreira de mulheres docentes. Revista Alcance, 25(2), 177-193. doi: alcance.v25n2(Mai/Ago).p177-193

Pagnussatto, L., & Lucas, M. G. (2017). Âncoras de carreira de mulheres da Geração Y. Revista de Carreiras e Pessoas, 7(3), 27-42. doi: 10.20503/recape.v7i3.33517

Parker, P., Khapova, S. N., & Arthur, M. B. (2009). The intelligent career framework as a basis for interdisciplinary inquiry. Journal of Vocational Behavior, 75(3), 291-302. doi: 10.1016/j.jvb.2009.04.001

Riessman, C. K. (2005) Narrative analysis. In N. Kelly, C. Horrocks, K. Milnes, B. Roberts, & D. Robinson (Eds.), Narrative, memory and everyday life. Huddersfield, UK: University of Huddersfield.

Riessman, C. K. (2013). Analysis of personal narratives. In A. E. Fortune, W. J. Reid, R. L. Miller, Jr. (Eds.), Qualitative research in social work. (pp. 168-191) New York, USA: Columbia University Press.

Sangster, J., & Smith, J. (2016). Beards and bloomers: Flight attendants, grievances and embodied labour in the Canadian airline industry, 1960s–1980s. Gender, Work & Organization, 23(2), 183-199. doi: 10.1111/gwao.12120

Santin, M., & Kelly, B. (2017). The managed heart revisited: Exploring the effect of institutional norms on the emotional labor of flight attendants post 9/11. Journal of Contemporary Ethnography, 46(5), 519-543. doi: 10.1177/0891241615619991

Santos, I. C. O. D., Lima, T. C. B. D., Paiva, L. E. B., Marques, D. S., & Guimarães, E. T. (2021). Socialização profissional sob a ótica de cirurgiãs: Desafios e realização na carreira profissional. Revista de Administração Contemporânea, 25(4), 1-20. doi: 10.1590/1982-7849rac2021180303.por

Schein, E. H. (1978). Career dynamics: Matching individual and organizational needs (Vol. 6834). Boston, USA: Addison-Wesley.

Schippers, M. (2007). Recovering the feminine other: Masculinity, femininity, and gender hegemony. Theory and Society, 36(1), 85-102. doi: 10.1007/S11186-007-9022-4

Silva, F. R. D., Uziel, A. P., & Rotenberg, L. (2014). Mulher, tempo e trabalho: O cotidiano de mulheres comissárias de voo. Psicologia & Sociedade, 26, 472-482. doi: 10.1590/S0102-71822014000200023

Simpson, R. (2005). Men in non‐traditional occupations: Career entry, career orientation and experience of role strain. Gender, Work & Organization, 12(4), 363-380. doi: 10.1111/j.1468-0432.2005.00278.x

Tiemeyer, P. (2013). Plane queer: Labor, sexuality, and AIDS in the history of male flight attendants. Oakland, USA: Univ. of California Press.

Velho, G. (2003). Projeto e metamorfose: Antropologia das sociedades complexas (3a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Ed.

Vieira, A., Monteiro, P. R. R., Carrieri, A. P., Guerra, V. A., & Brant, L. C. (2019). Um estudo das relações entre gênero e âncoras de carreira. Cadernos EBAPE.BR, 17(3), 577-589. doi: 10.1590/1679-395172911

Vos, A. De, Heijden, B. Van der, & Akkermans, J. (2020). Sustainable careers: Towards a conceptual model. Journal of Vocational Behavior, 117.1-13. doi: 10.1016/j.jvb.2018.06.011

West, C., & Zimmerman, D. H. (1987). Doing gender. Gender & Society, 1(2), 125-151. Recuperado de https://www.jstor.org/stable/189945

Whitelegg, D. (2007). Working the skies: The fast-paced, disorienting world of the flight attendant. New York, USA: New York University Press.