Dois pesos e duas medidas na sala de aula: análise das redes sociossemânticas de categorização operadas por professores
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Este artigo analisa categorias operadas por burocratas ao classificar tipos de usuários e seus efeitos em distribuição de serviços, observando contextos de alta desigualdade e políticas universais. Para tanto, analisa de que modo professores, como burocratas de nível de rua, implementam a política categorizando diferentes tipos de alunos. Adotamos aqui a lente analítica de esquemas culturais, que considera que indivíduos internalizam associações entre categorias oficiais e sociais (informais). Os dados analisados foram coletados de vinhetas aplicadas com 40 professores da rede municipal de São Paulo. Investigamos o uso de categorias por meio de redes sociossemânticas e semânticas de categorizações e construção de cadeias de encaminhamentos. Os resultados apontam que os professores mobilizam de forma concomitante categorias oficiais e sociais, bem como que a introdução da variável “vulnerabilidade” nos casos abre espaço para introdução de categorias sociais que geram diferentes tipos de tratamento para alunos com comportamentos similares.
Downloads
Detalhes do artigo
A Revista de Administração Pública (RAP) compromete-se a contribuir com a proteção dos direitos intelectuais do autor. Nesse sentido:
- Adota a licença Creative Commoms BY (CC-BY) em todos os textos que publica, exceto quando houver indicação de específicos detentores dos direitos autorais e patrimoniais;
- Adota software de verificação de similaridade de conteúdo - plagiarismo (Crossref Similarity Check);
- Adota ações de combate ao plagio e má conduta ética, alinhada às diretrizes do Committee on Publication Ethics (COPE).
Mais detalhes do Código de Ética adotado pela RAP podem ser visualizados em Normas Éticas e Código de Conduta.
Referências
Basov, N., Breiger, R., & Hellsten, I. (2020). Socio-semantic and other dualities. Poetics, 78, 101433.
Borgatti, S. P., Everett, M. G., & Freeman, L. C. (2002). Ucinet for Windows: Software for social network analysis. Harvard, MA: Analytic Technologies.
Botelho, F., Madeira, R. A., & Rangel, M. A. (2015). Racial discrimination in grading: Evidence from Brazil. American Economic Journal: Applied Economics, 7(4), 37-52.
Brodkin, E. Z. (2012). Reflections on street‐level bureaucracy: past, present, and future. Public Administration Review, 72(6), 940-949.
Costa, M. I. S., & Lotta, G. S. (2021). De "doentes mentais" a "cidadãos": análise histórica da construção das categorias políticas na saúde mental no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 26(suppl 2), 3467-3489.
D’Andrade, R. (2005). Some methods for studying cultural cognitive structures. In N. Quinn (Ed.), Finding culture in talk (pp. 83-104). New York, NY: Palgrave Macmillan.
Dubois, V. (1999). La vie au guichet: Relation administrative et traitement de la misère. (2a ed.). Paris, France: Economica.
Epp, C. R., Maynard-Moody, S., & Haider-Markel, D. P. (2014). Pulled over: How police stops define race and citizenship. Chicago, Illinois: University of Chicago Press.
Evans, T. (2010). Professionals, managers and discretion: Critiquing street-level bureaucracy. The British Journal of Social Work, 41(2), 368-386.
Fassin, D., Bouagga, Y., Coutant, I., Eideliman, J. S., Fernandez, F., Fischer, N., ... Roux, S. (2015). At the Heart of the State. London, UK: Pluto Press.
Finch, J. (1987). The vignette technique in survey research. Sociology, 21(1), 105-114.
Frigotto, M. L., & Riccaboni, M. (2011). A few special cases: scientific creativity and network dynamics in the field of rare diseases. Scientometrics, 89(1), 397-420.
Fuhse, J., Stuhler, O., Riebling, J., & Martin, J. L. (2020). Relating social and symbolic relations in quantitative text analysis. A study of parliamentary discourse in the Weimar Republic. Poetics, 78, 101363.
Ghaziani, A., & Baldassarri, D. (2011). Cultural anchors and the organization of differences: A multi-method analysis of LGBT marches on Washington. American Sociological Review, 76(2), 179-206.
Godart, F. C., & Claes, K. (2017). Semantic Networks and the Market Interface: Lessons from Luxury Watchmaking. In P. Groenewegen, J. E. Ferguson, C. Moser, J. W. Mohr, & S. P. Borgatti (Eds.), Structure, Content and Meaning of Organizational Networks (Research in the Sociology of Organizations, vol. 53, pp. 113-141). Emerald Publishing Limited.
Harrits, G. S. (2019a). Stereotypes in context: How and when do street‐level bureaucrats use class stereotypes? Public Administration Review, 79(1), 93-103.
Harrits, G. S. (2019b). Using vignettes in street-level bureaucracy research. In P. Hupe (Ed.), Research Handbook on Street-Level Bureaucracy. Cheltenham, UK: Edward Elgar Publishing.
Harrits, G. S., & Møller, M. Ø. (2011). Categories and categorization: towards a comprehensive sociological framework. Distinktion: Scandinavian journal of social theory, 12(2), 229-247.
Harrits, G. S., & Møller, M. Ø. (2013). Constructing at-risk target groups. Critical Policy Studies, 7(2), 155-176.
Hunzaker, M. F., & Valentino, L. (2019). Mapping cultural schemas: From theory to method. American Sociological Review, 84(5), 950-981.
Lareau, A. (2003). Unequal childhoods: Class, race, and family life. Berkeley, California: University of California Press.
Lewandowsky, S., Ecker, U. K. H., Seifert, C. M., Schwarz, N., & Cook, J. (2012). Misinformation and Its Correction: Continued Influence and Successful Debiasing. Psychological Science in the Public Interest, 13(3), 106-131.
Lipsky, M. (2010). Street-level bureaucracy: Dilemmas of the individual in public service. New York, NY: Russell Sage Foundation.
Lotta, G. S. (2015). Burocracia e implementação de políticas de saúde: os agentes comunitários na Estratégia Saúde da Família. Rio de Janeiro, RJ: Editora Fiocruz.
Lotta, G. S. (2019). A política pública como ela é: contribuições dos estudos sobre implementação para a análise de políticas públicas. In G. S. Lotta (Org.), Teoria e análises sobre implementação de políticas públicas no Brasil. Brasília, DF: Enap.
Lotta, G. S., & Pires, R. (2019). Street-level bureaucracy research and social inequality. In P. Hupe (Ed.), Research Handbook on Street-Level Bureaucracy. Cheltenham, UK: Edward Elgar Publishing.
Maynard-Moody, S., & Musheno, M. (2003). Cops, teachers, counselors: Stories from the front lines of public service. Ann Arbor, Michigan: University of Michigan Press.
Maynard-Moody, S., & Musheno, M. (2015). Playing the rules: Discretion in social and policy context. In P. Hupe, M. Hill, & A. Buffat (Eds.), Understanding street-level bureaucracy (pp. 169-86). Bristol, UK: University of Bristol.
Mohr, J. W. (1994). Soldiers, mothers, tramps and others: Discourse roles in the 1907 New York City charity directory. Poetics, 22(4), 327-357.
Møller, M. Ø. (2009). Solidarity and categorization: Solidarity perceptions and categorization practices among Danish social workers (Doctoral Dissertation). Aalborg University, Aalborg, Denmark.
Møller, M. Ø., & Stensöta, H. O. (2019). Welfare state regimes and caseworkers’ problem explanation. Administration & Society, 51(9), 1425-1454.
Nunes, S., & Lomônaco, J. F. B. (2010). O aluno cego: preconceitos e potencialidades. Psicologia Escolar e Educacional, 14(1), 55-64.
Oliveira, M. M., & Carvalho, C. P. (2019). Enfrentando o fracasso escolar no nível local: a atuação discricionária de professores e diretores escolares na implementação de uma política educacional. In R. R. C. Pires (Org.), Implementando desigualdades: reprodução de desigualdades na implementação de políticas públicas. Brasília, DF: Ipea.
Oorschot, W. (2008). Solidarity towards immigrants in European welfare states. International Journal of Social Welfare, 17(1), 3-14.
Pires, R. R. C. (2019). Implementando desigualdades: reprodução de desigualdades na implementação de políticas públicas. Brasília, DF: Ipea.
Prottas, J. M. (1979). People processing: The street-level bureaucrat in public service bureaucracies. Lanham, MD: Lexington Books.
Roth, C., & Cointet, J. P. (2010). Social and semantic coevolution in knowledge networks. Social Networks, 32(1), 16-29.
Rothstein, B. (1998). Just institutions matter: The moral and political logic of the universal welfare state. Cambridge, UK: Cambridge university press.
Rothstein, B. O., & Teorell, J. A. (2008). What is quality of government? A theory of impartial government institutions. Governance, 21(2), 165- 190.
Schneider, A. L., & Ingram, H. M. (2005). Deserving and entitled: Social constructions and public policy. Albany, NY: SUNY Press.
Schudson, M. (1989). How culture works. Theory and Society, 18(2), 153-180.
Soss, J., Fording, R. C., & Schram, S. F. (2011). Disciplining the poor: Neoliberal paternalism and the persistent power of race. Chicago, Illinois: University of Chicago Press.
Stone, D. (2002). Policy paradox and political reason. New York, NY: Harper Collins.
Strauss, C., & Quinn, N. (1997). A cognitive theory of cultural meaning. Cambridge, UK: Cambridge University Press.
Zacka, B. (2017). When the state meets the street: Public service and moral agency. Cambridge, MA: Harvard University Press.