Policy-making ou recompensas? Nomeações políticas nos governos municipais brasileiros

Conteúdo do artigo principal

André Marenco
https://orcid.org/0000-0002-0848-9352

Resumo

O Brasil possui 5.570 municípios e em cada um deles governos eleitos dispõem de um estoque de cargos em comissão disponíveis para nomeação discricionária. É possível observar variações nas estratégias políticas adotadas para essas indicações? Os principais achados deste trabalho permitidos através do uso de estatística descritiva e inferencial foram (1) identificação de diferentes estratégias de nomeação política entre recompensa (escopo elevado/escolaridade baixa) e policy-making (escopo reduzido/escolaridade alta) (2) robusta relação entre IDH e nomeações políticas com perfil de policy-making inferindo menores custos de coordenação e assimetrias informacionais para principais/eleitores e, (3) variáveis partidárias e de competição eleitoral apresentaram resultados modestos como candidatas a explicar a adoção de estratégias de recompensa, da mesma forma que estratégias de recompensa – maior proporção de CCs e menor escolaridade destes – não afetaram as razões de chance de incumbentes nas eleições municipais seguintes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Marenco, A. (2023). Policy-making ou recompensas? Nomeações políticas nos governos municipais brasileiros. Revista De Administração Pública, 57(1), e2022–0182. https://doi.org/10.1590/0034-761220220182
Seção
Artigos

Referências

Abbers, R., & Oliveira, M. (2015). Nomeações políticas no Ministério do Meio Ambiente (2003-2013): interconexões entre ONGs, partidos e governos. Opinião Pública, 21(2), 336-364. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1807-01912015212336

Albrecht, N. (2021). Reflexões sobre nomeações a cargos públicos no Brasil: a experiência de três secretarias entre 2011 e 2018. Revista Brasileira de Ciência Política, 36, e246012. Recuperado de https://doi.org/10.1590/0103-3352.2021.36.246012

Avellaneda, C., & Gomes, R. (2017). Capacidade gerencial dos prefeitos e o desempenho de municípios brasileiros. Organizações & Sociedade, 24(83), 555-579. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/1984-9240831

Bach, T., Hammerschmid, G., & Löfflerl, L. (2020). More delegation, more political control? Politicization of senior-level appointments in 18 European countries. Public Policy and Administration, 35(1), 3-23. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0952076718776356

Batista, M. (2013). Incentivos da dinâmica política sobre a corrupção: reeleição, competitividade e coalizões nos municípios brasileiros. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 28(82), 87-106. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0102-69092013000200006

Batista, M. (2015). Burocracia local e qualidade da implementação de políticas descentralizadas: uma análise da gestão de recursos federais pelos municípios brasileiros. Revista do Serviço Público, 66(3), 345-370. Recuperado de https://doi.org/10.21874/rsp.v66i3.571

Batista, M., & Lopez, F. (2021). Ministerial typology and political appointments: where and how do presidents politicize the bureaucracy? Brazilian Political Science Review, 15(1), e0004. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1981-3821202100010004

Batista, M., Rocha, V., & Santos, J. (2020). Transparência, corrupção e má gestão: uma análise dos municípios brasileiros. Revista de Administração Pública, 54(5), 1382-1401. Recuperado de https://doi.org/10.1590/0034-761220190290

Bearfield, D. (2009). What is patronage? A critical reexamination. Public Administration Review, 69(1), 64-76. Recuperado de https://doi.org/10.1111/j.1540-6210.2008.01941.x

Borges, A. (2010). Dinâmica político-eleitoral, burocracia e gasto social estadual. Caderno CRH, 23(58), 91-109. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0103-49792010000100007

Brambor, T., & Ceneviva, R. (2012). Reeleição e continuísmo nos municípios brasileiros. Novos Estudos CEBRAP, 93, 9-21. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0101-33002012000200002

Budge, I., & Laver, M. (1986). Office seeking and policy pursuit in coalition theory. Legislative Studies Quarterly, 11(4), 485-506. Recuperado de https://doi.org/10.2307/439930

Campos, F., Castelar, I., & Soares, R. (2018). Fatores associados à corrupção municipal em transferências de recursos da União. Nova Economia, 28(3), 879-911. Recuperado de https://doi.org/10.1590/0103-6351/3050

Cardoso, A., & Marenco, A. (2020). Nomeações políticas nos governos municipais e performance burocrática: avaliando o desempenho. Revista de Administração Pública, 54(3), 360-380. Recuperado de https://doi.org/10.1590/0034-761220190020

Cardoso, A., & Marenco, A. (2019). Qualidade burocrática e performance estatal: desvendando a caixa-preta do município. Administração Pública e Gestão Social, 11(4), 1-21. Recuperado de https://doi.org/10.21118/apgs.v4i11.6318

Carneiro, L. P., & Almeida, M. H. T. (2008). Definindo a arena política local: sistemas partidários municipais na federação brasileira. Dados, 51(2), 403-432. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0011-52582008000200006

Cervi, E. & Borba, F. (2019). Os diretórios partidários municipais e o perfil sociodemográfico dos seus membros. Revista Brasileira de Ciência Política, 28, 65-92. Recuperado de https://doi.org/10.1590/0103-335220192803

Cortazar, J., Lafuente, M., & Sanginés, M. (2014). Serving citizens: a decade of civil service reforms in Latin America (2004-13). Washington, DC: Inter-American Development Bank.

Dahl, R. (1997). Poliarquia: participação e oposição. São Paulo, SP: Edusp.

Denhardt, J., & Denhardt, R. (2007). The new public service: serving, not steering. New York, NY: M. E. Sharpe.

Doherty, K., Lewis, D., & Limbocker, S. (2019). Presidential control and turnover in regulatory personnel. Administration & Society, 51(10), 1606-1630. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0095399719875458

Downs, A. (1967). Inside bureaucracy. Boston, MA: Little.

Eisenstadt, S., & Roninger, L. (1980). Patron-client relations as a model of structuring social exchange. Comparative Studies in Society and History, 22(1), 42-77. Recuperado de https://doi.org/10.1017/S0010417500009154

Falleti, T., & Lynch, J. (2009). Context and causal mechanisms in political analysis. Comparative Political Studies, 42(9), 1143-1166. Recuperado de https://doi.org/10.1177/0010414009331724

Ferraz, D. (2020). Administração (a)política? O retrato e os fatores de seleção do dirigente público. Revista de Administração Pública, 54(5), 1166-1187. Recuperado de https://doi.org/10.1590/0034-761220190417

Fiorina, M. (1981). Congressional control of the bureaucracy: a mismatch of capabilities and incentives. In L. Dodd, & B. Oppenheimer (Eds.), Congress reconsidered (pp. 332-348). Washington, DC: Congressional Quarterly Press.

Geddes, B. (1994). Politician’s dilemma. Building state capacity in Latin America. Berkeley, CA: University of California Press.

Gomes, S., Lacerda, A., & Silva, A. (2020). Critérios técnicos, políticos e dinâmica regional na nomeação de secretários estaduais: um estudo de caso do Rio Grande do Norte. Revista de Sociologia e Política, 28(76), e005. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1678-987320287605

Grangeia, M., Carvalhães, F., & Coelho, R. (2021). Alcance e limites do ativismo do Ministério Público como fiscal da educação. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, 14(1), 289-317. Recuperado de https://doi.org/10.17648/dilemas.v14n1.32661

Grindle, M. (2012). Jobs for the boys: patronage and the state in comparative perspective. Cambridge, MA: Harvard University Prress.

Kitschelt, H., & Wilkinson, S. I. (2007). Patrons, clients, and policies: patterns of democratic accountability and political competition. New York, NY: Cambridge University Press.

Kopecky, P., & Mair, P. (2011, junho). Party patronage in contemporary Europe: principles and practices (Working Paper, n. 41). San Domenico di Fiesole, FI: European University Institute.

Kopecky, P., Meyer-Sahling, J., Panizza, F., Scherlis, G., Schuster, C., & Spirova, M. (2016). Party patronage in contemporary democracies: results from an expert survey in twenty-two countries from five regions. European Journal of Political Research, 55(2), 416-431. Recuperado de https://doi.org/10.1111/1475-6765.12135

Kopecky, P., & Scherlis, G. (2008). Party patronage in contemporary Europe. European Review, 16(3), 355-371. Recuperado de https://doi.org/10.1017/S1062798708000306

Lima, I. (2018). O impacto do arranjo institucional brasileiro no controle político sobre a burocracia. Cadernos EBAPE.BR, 16(4), 656-666. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1679-395165820

Lopez, F. (2015). Cargos de confiança no presidencialismo de coalizão brasileiro. Brasília, DF: Ipea.

Lopez, F., & Almeida, A. (2017). Legisladores, captadores e assistencialistas: a representação política no nível local. Revista de Sociologia e Política, 25(62), 157-181. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1678-987317256207

Lopez, F., & Moreira, T. (2022). O carrossel burocrático dos cargos de confiança: análise de sobrevivência dos cargos de direção (DAS) do Executivo Federal brasileiro (1999-2017). Dados, 65(2), e20200157. Recuperado de https://doi.org/10.1590/dados.2022.65.2.263

Lopez, F., & Praça, S. (2015). Critérios e lógicas de nomeação para o alto escalão da burocracia federal brasileira. In F. Lopez (Org.), Cargos de confiança no presidencialismo de coalizão brasileiro. Brasília, DF: Ipea.

Lopez, F., & Silva, T. (2019). Filiações partidárias e nomeações para cargos da burocracia federal (1999-2018). Revista de Administração Pública, 53(4), 711-731. Recuperado de https://doi.org/10.1590/0034-761220180387

McCubbins, M., Noll, R., & Weingast, B. (1989). Structure and process, politics and policy: administrative arrangements and the political control of agencies. Virginia Law Review, 75(2), 431-482. Recuperado de https://doi.org/10.2307/1073179

McCubbins, M., & Schwartz, T. (1984). Congressional oversight overlooked: police patrols versus fire alarms. American Journal of Political Science, 28(1), 165-179. Recuperado de https://doi.org/10.2307/2110792

Manin, B. (1995). Principes du gouvernement représentatif. Paris, France: Calmann-Lévy.

Marconi, N. (2010). Uma radiografia do emprego público no Brasil: análise e sugestões de políticas. In M. Loureiro, F. Abrucio, & R. Pacheco (Orgs.), Burocracia e política no Brasil: desafios para o estado democrático no século XXI. (pp. 219-275). Rio de Janeiro, RJ: Fundação Getulio Vargas.

Marenco, A. (2017). Burocracias profissionais ampliam capacidade estatal para implementar políticas? Governos, burocratas e legislação em municípios brasileiros. Dados, 60(4), 1025-1058. Recuperado de https://doi.org/10.1590/001152582017141

Marenco, A. (2019). Local governments, Brazil. In A. Farazmand (Ed.), Global encyclopedia of public administration, public policy, and governance (pp. 1-6). Basel, Switzerland: Springer International Publishing.

Marenco, A., & Strohschoen, M. (2018). Abrindo a caixa-preta da gestão municipal: variações no perfil de burocracias governamentais locais. In A. Marenco, & M. I. Noll (Orgs.), A política, as políticas e os controles. Como são governadas as cidades brasileiras (pp. 49-64). Porto Alegre, RS: Tomo Editorial.

Marenco, A., Strohschoen, M., & Joner, W. (2017). Capacidade estatal, burocracia e tributação nos municípios brasileiros. Revista de Sociologia e Política, 25(64), 3-21. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1678-987317256401

Marin, P. (2016). Sistemas de gestão para resultados no setor público: intersecções entre política, governança e desempenho nas prefeituras de Rio de Janeiro e São Paulo (Tese de Doutorado). Fundação Getulio Vargas, São Paulo, SP.

Mayhew, D. (1974). Congress: the electoral connection. New Haven, CT: Yale University Press.

Meyer-Sahling, J. H., & Veen, T. (2012). Governing the post-communist state: government alternation and senior civil service politicization in Central and Eastern Europe. East European Politics, 28(1), 4-22. Recuperado de https://doi.org/10.1080/13523279.2011.635651

Moe, T. (1989). The politics of bureaucratic structure. In J. Chubb, & P. Peterson (Eds.), Can the government govern? Washington, DC: The Brookings Institution.

Muller, W., & Strom, K. (1999). Policy, office or votes? How political parties in Western Europe make hard decisions. Cambridge, MA: Cambridge University Press.

Neumann, S. (1956). Modern political parties: approaches to comparative politics. Chicago, IL: University of Chicago Press.

Niskanen, W. (1971). Bureaucracy and representative government. Chicago, IL: Aldine.

Olivieri, C., Martinelli, B., Massucatto, P., & Silva, C. (2018). Gestão municipal e corrupção na implementação de programas educacionais federais. Revista de Administração Pública, 52(1), 169-179. Recuperado de https://doi.org/10.1590/0034-7612171081

Palotti, P., & Cavalcante, P. (2018). Does one size fit all? An analysis of portfolio allocation in the Brazilian multiparty presidential system. Opinião Pública, 24(2), 427-455. Recuperado de https://doi.org/10.1590/1807-01912018242427

Peixoto, V., & Goulart, N. (2014). Evolução da competição eleitoral municipal no Brasil (1996 a 2012). Teoria & Pesquisa, 23(2), 41-63. Recuperado de https://doi.org/10.4322/tp.2014.012

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. (2010). Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. Recuperado de https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/conceitos/o-que-e-o-idhm.html

Przeworski, A., Stokes, S., & Manin, B. (1999). Democracy, accountability, and representation. Cambridge, MA: Cambridge University Press.

Rouban, L. (2001). Politicization of the civil service. In G. Peters, & J. Pierre (Eds.), Handbook of public administration (pp. 380-391). Thousand Oaks, CA: Sage

Santos, L. (2009). Burocracia profissional e a livre nomeação para cargos de confiança no Brasil e nos EUA. Revista do Serviço Público, 60(1), 5-28. Recuperado de https://doi.org/10.21874/rsp.v60i1.8

Scott, J. (1969). Corruption, machine politics, and political change. American Political Science Review, 63(4), 1142-1158. Recuperado de https://doi.org/10.2307/1955076

Shefter, M. (1977). Party and patronage: Germany, England, and Italy. Politics & Society, 7(4), 403-451. Recuperado de https://doi.org/10.1177/003232927700700402

Silberman, B. (1993). Cages of reason: the rise of the rational state in France, Japan, the United States, and Great Britain. Chicago, IL: University of Chicago Press.

Tullock, G. (1965). The politics of bureaucracy. Washington, DC: Public Affairs Press.

Weber, M. (1984). Economia y Sociedad. México, DC: Fondo de Cultura Económica.

Weingast, B. (1984). The congressional-bureaucratic system: a principal agent perspective. Public Choice, 44(1), 147-191. Recuperado de https://doi.org/10.1007/BF00124821

Weingrod, A. (1968). Patrons, patronage, and political parties. Comparative Studies in Society and History, 10(4), 377-400. Recuperado de https://doi.org/10.1017/S0010417500005004

Wilson, W. (1955). Study of public administration. Washington, DC: Public Affairs Press.